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Rejeição ao trabalho flexível aumenta pedidos de demissão, diz pesquisa

Empresas não têm dado a devida atenção ao regime de trabalho híbrido, afirma diretor da Mercer - Drazen_/iStock
Empresas não têm dado a devida atenção ao regime de trabalho híbrido, afirma diretor da Mercer Imagem: Drazen_/iStock

Do UOL, em São Paulo

09/11/2022 14h00Atualizada em 09/11/2022 14h03

Uma pesquisa feita pela empresa de gestão de ativos Mercer revela que a falta de acordo entre funcionários e patrões sobre o trabalho remoto é um dos principais motivos para os pedidos de demissão voluntária (turnover, em inglês).

O estudo feito anualmente mostra que 31% dos respondentes citaram a falta de acordo com suas lideranças sobre o trabalho flexível desejado entre os principais motivos para a saída voluntária da empresa (confira o top 10 abaixo).

Ao todo, 862 empresas dos setores do agronegócio, tecnologia, bens de consumo, energia, varejo e farmacêuticas participaram da pesquisa.

Corporações se preocupam pouco com o trabalho híbrido. De acordo com a Mercer, 59% das corporações não realizaram qualquer tipo de levantamento para coletar a preferência dos empregados sobre o modelo de retomada. Apenas 23% delas fizeram pesquisas para entender o impacto do retorno presencial na saúde mental e no bem-estar dos empregados.

"As pessoas estão deixando as empresas porque buscam mais flexibilidade do tempo. Isso tem a ver com saúde mental e maior controle da sua vida. Mas são poucas as lideranças que têm ativamente escutado seus funcionários", diz Antonio Salvador, diretor executivo da Mercer.

Na avaliação dele, as organizações só têm a perder talentos por ignorarem o trabalho flexível como uma realidade que veio para ficar com a pandemia de covid-19.

Por que os funcionários estão se demitindo no Brasil?

Veja abaixo os motivos mais citados pelos entrevistados:

  • Salário atual ou conseguir um aumento maior em outra empresa (77%);

  • Motivos pessoais (55%);

  • Sair para uma função diferente no mesmo setor (40%);

  • Esgotamento e/ou exaustão (36%);

  • Falta de acordo/desacordo com o trabalho flexível desejado com a política de trabalho/horário de trabalho (31%);

  • Sair para um setor diferente (28%);

  • Melhores benefícios em outra empresa (25%);

  • Aposentadoria (23%);

  • Insatisfação ou discordância com a cultura e/ou as políticas da empresa (18%);

  • Realocações (16%).

Os pedidos de demissão têm batido recorde no país. Levantamento da LCA Consultores mostra que 632.798 brasileiros pediram demissão voluntariamente em agosto deste ano —número recorde desde o início da série histórica, em 2004.

Em meio a essa onda de demissões voluntárias, as empresas têm procurado bonificar seus empregados e até mesmo para atrair novos trabalhadores. Quarenta e sete por cento das companhias afirmam que pagam salários mais altos do que o mercado.

Esse reconhecimento também por meio de implementação de bônus de retenção (38%) ou de prêmios (33%).

Além dos benefícios financeiros, o estudo da Mercer deixa claro que 64% das corporações têm adotado maior flexibilidade na rotina do trabalho como forma de reter sua equipe ou de conquistar novos funcionários.

Intenção de contratar no ano que vem. Em 2023, metade das empresas planeja aumentar o número de contratados. Já 45% não vão mexer no quadro de funcionários, enquanto 5% pretendem reduzir a quantidade de colaboradores.

A executiva da Mercer Carolina Zillig, uma das responsáveis pela realização da pesquisa, declara que as organizações se recuperam aos poucos dos efeitos econômicos causados pela pandemia. Segundo ela, a intenção de contratações deve aumentar em 2024.