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Homem que ganha R$ 665 mil/ano para 'ler jornal' processa empresa por tédio

Diretor financeiro da rede ferroviária Irish Rail, em Dublin, Irlanda, denunciou a empresa - Divulgação/Irish Rail
Diretor financeiro da rede ferroviária Irish Rail, em Dublin, Irlanda, denunciou a empresa Imagem: Divulgação/Irish Rail

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

03/12/2022 04h00

Um diretor financeiro da rede ferroviária Irish Rail, em Dublin, na Irlanda, está processando a empresa porque, segundo ele, suas funções foram reduzidas depois que ele divulgou dados confidenciais da companhia, há nove anos. A falta de atribuições seria uma punição e, diante do cenário de tédio e de, na prática, não ter trabalhos atribuídos a ele, o irlandês resolveu entrar na Justiça.

Dermot Alastair Mills ganha o salário anual de R$ 665 mil (121 mil euros), mas sua jornada de trabalho consiste apenas em "ler jornais, comer sanduíches e fazer longas caminhadas", segundo o jornal "Irish Times".

Mills prestou depoimento em uma audiência em 2014, denunciando irregularidades — algo que lhe garante proteção diante da lei local —, e alega que foi punido por expor questões contábeis da operadora ferroviária.

A Irish Rail disse em audiência na terça (29) que Mills entregou informações confidenciais, mas nega que tenha havido qualquer punição contra ele.

Função original envolvia muito dinheiro: O representante de Mills, consultor de relações industriais e ex-chefe de RH da Irish Rail, John Keenan, disse que seu cliente era responsável por orçamentos no valor de mais de 200 mil euros, entre os anos de 2006 e 2007.

Após as denúncias, Mills diz ter sido "impedido" de assumir a responsabilidade e também perdeu a função de elaborar o relatório estatutário ao governo.

"Comecei com o que parecia ser uma missão razoável em 2013 e 2014. Lentamente foi se reduzindo a nada", disse Mills.

Ele disse que foi "isolado" em seu local de trabalho. "Ou trabalho em casa ou vou para o escritório - dois dias em casa, três dias no escritório", disse.

"Se eu for ao escritório, entro às 10h. Compro dois jornais, o "Times" e o "Independent", e um sanduíche. Entro no meu cubículo, ligo o computador, vejo os e-mails. Não há e-mails associados ao trabalho, nem mensagens, nem comunicações, nem comunicações de colegas. Eu sento, leio os jornais e como meu sanduíche. Então, se houver um email que exija uma resposta, eu respondo. Se houver trabalho associado a isso, eu faço esse trabalho", contou sobre a sua rotina.

Mills disse também que foi excluído das reuniões da empresa e das oportunidades de treinamento.