'Perdi R$ 15 mil no golpe do leilão do carro, mas recuperei o dinheiro'
O porteiro Rafael de Araujo de Oliveira caiu em um golpe do falso leilão e perdeu R$ 15 mil na compra de um carro. Após cinco anos de disputas, ele conseguiu na Justiça a garantia de recuperar o prejuízo.
O que aconteceu
- Ele comprou um automóvel em um leilão virtual, mas descobriu que o site era falso.
- O site fraudulento Albino Retomados, que até hoje está no ar, é uma cópia quase idêntica ao site oficial Leilões Albino.
- Meses depois, entrou em um contato com um advogado, que não deu entrada no processo. Ele só soube disso um ano depois, quando uma advogada confirmou a suspeita dele e assumiu o caso.
- Ninguém foi preso, mas uma mulher foi condenada a pagar indenização ao porteiro.
Em dezembro de 2017, Rafael de Araujo de Oliveira, 43, começou a pesquisar carros em sites de leilão dentro de São Paulo, onde vive. Sem desconfiar, Oliveira viu no site fraudulento um Uno 2014, modelo que estava de acordo com o esperado, e fez uma oferta de R$ 14,5 mil pelo carro. Foi o único lance do leilão.
Assim que o pregão encerrou, uma suposta funcionária ligou para Oliveira para dizer que ele havia sido o vencedor e deveria pagar o valor até o fim do dia, senão perderia o veículo.
Ele ainda desembolsou mais R$ 580 para pagar uma multa do carro. Fez duas transferências com os valores, só que as suspeitas já começaram quando a suposta funcionária passou a demorar para responder às suas perguntas, que começou a suspeitar de um golpe.
A suspeita se confirmou quando ele foi ao endereço informado, o galpão da Leilões Albino, a verdadeira empresa de leilões. No local, uma funcionária disse ao porteiro que ele havia caído em um golpe e que situações como aquela eram frequentes.
Eu fiquei sem chão. Passei por apuros, fiquei com dívida no cartão e no banco.
Rafael de Araujo de Oliveira, porteiro vítima de golpe
Igual, mas diferente
O site da Albino Retomados parece legítimo: usa o logotipo da Leilões Albino, apresenta fotos de veículos, disponibiliza editais e até informa ser homologado pelo TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
Seguindo o dinheiro
Semanas após se recuperar do baque, Oliveira pediu ajuda a um advogado para reaver o dinheiro perdido. Mas, um ano depois, já em 2018, ele ainda não havia recebido atualizações do representante.
Ao consultar a advogada e conciliadora judicial Márcia Raicher, que mora no prédio onde Oliveira trabalha, ele descobriu que o advogado não havia ingressado com a ação.
O primeiro passo da investigação foi identificar a pessoa que recebeu os dois depósitos. Depois de algumas pesquisas, a nova advogada descobriu o nome e o endereço da golpista, que vive em São Bernardo do Campo (SP).
Raicher entrou com ação de indenização por danos morais e materiais em setembro de 2020. Segundo a advogada, a fraudadora alegou ter aberto a conta bancária a pedido de seu então companheiro para receber um pagamento. Ela também negou ter participação direta no crime.
De acordo com a defesa da golpista, ela teria sido vítima de uma quadrilha por ter sido usada como laranja — pessoa que fornece dados pessoais e bancários para terceiros. A alegação foi descartada pela Justiça.
O que decidiu a Justiça
Em março de 2022, a 4ª Vara Cível do Foro de São Bernardo do Campo condenou a golpista. Ela foi condenada a indenizar Oliveira em R$ 32.337,02 (corrigido pela inflação).
- Ambas as partes fizeram um acordo judicial para o pagamento do valor total de R$ 32.337,02 (corrigido pela inflação).
- O porteiro deve receber a indenização de R$ 26.542,12 e a advogada, R$ 5.794,90 referentes a honorários.
- O pagamento foi dividido em 20 parcelas: a primeira e a segunda de R$ 7.250 cada uma (totalizam o valor do carro), depositadas em 20 de julho e 20 de agosto de 2022.
- Outras 17 parcelas de R$ 1.000 e a última, de R$ 836,91, devem ser depositadas até 20 de fevereiro de 2024.
- O processo foi arquivado após o juiz homologar o acordo.
Caso a condenada atrase o pagamento, ela terá que pagar multa de 30% sob o valor de cada parcela, com juros de mora de 1%.
Eu nem imaginava que conseguiria reverter essa situação. Vi muita gente cair nesse tipo de golpe que não conseguiu se erguer.
Rafael de Araujo de Oliveira
Como evitar esse tipo de golpe
O advogado Alberto Fux, da Fux e Associados Advocacia Empresarial, e a diretora de operações do leilão Superbid Exchange, Marina Honda, dão dicas para não cair no golpe do falso leilão de carros na internet.
- Leilões são feitos por leiloeiros (pessoa física) e não por empresas.
- Os leiloeiros devem estar matriculados na Junta Comercial dos seus respectivos estados.
- O site de um leilão sempre termina em ".com.br" (isso indica a matrícula do endereço no Brasil), bem como a página de uma Junta Comercial tem a terminação em "gov.br".
- Um leilão verdadeiro não pede pré-cadastro para o interessado visitar o veículo no pátio.
- O pagamento do carro é feito exclusivamente no nome do leiloeiro e nunca de terceiros.
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