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Americanas podem fazer demissão em massa durante a recuperação judicial?

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Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

31/01/2023 18h04

As Americanas têm 44 mil funcionários. A empresa entrou em recuperação judicial no dia 19 de janeiro após a revelação de um rombo de R$ 20 bilhões em seus balanços financeiros.

A empresa pode demitir durante a recuperação judicial?

  • Com a recuperação judicial, a empresa deve enxugar sua operação, o que passa por fechamento de lojas e demissões.
  • A lei não impede que a empresa em recuperação judicial demita funcionários.
  • Quando a demissão ocorre depois que a empresa já entrou em recuperação judicial, a verba rescisória não entra na dívida a ser negociada no plano de recuperação e precisa ser paga no prazo normal, de dez dias.
  • Se a empresa não pagar as verbas rescisórias no prazo, o funcionário deve procurar a Justiça.

Em quais situações a dívida trabalhista entra no plano de recuperação judicial?

  • Apenas dívidas referentes ao período anterior ao pedido de recuperação entram no plano.
  • Portanto, se o funcionário demitido após o pedido de recuperação tiver férias ou salários atrasados, que se referem ao período anterior, esses valores entram no plano, afirma o advogado Guilherme Marcondes Machado, especializado em RJ.
  • Os valores devidos aos funcionários demitidos antes da RJ podem entrar integralmente no plano de recuperação judicial.
  • Isso significa que eles podem sofrer um desconto no valor a receber, além de demorar mais para receber.

Como é feito o pagamento de dívidas trabalhistas que entram no plano de recuperação judicial?

  • A lei determina que as dívidas trabalhistas da empresa em recuperação judicial devem ser pagas no prazo de 12 meses contados a partir da homologação do plano de recuperação, afirma a advogada Marcelly Farias, do Kincaid Mendes Vianna Advogados.
  • Esse prazo pode ser prorrogado por mais dois anos. Se houver prorrogação, há algumas regras. O funcionário não pode receber menos, por exemplo.

Batalha com credores acelerou o processo

É comum empresas que pretendem entrar em recuperação judicial fazerem demissões antes do pedido, para que a dívida trabalhista seja incluída no plano. Assim a empresa ganha mais fôlego para pagar esses valores.

Mas as Americanas precisaram correr com o processo devido a uma batalha judicial com os bancos credores. Com isso, o pedido de foi feito menos de dez dias depois que o rombo de R$ 20 bilhões veio à tona.

A empresa pode fazer demissões em massa?

  • Empresas em recuperação judicial não têm nenhuma restrição para realizar demissões em massa.
  • Desde a reforma trabalhista de 2017, demissões em massa não precisam de autorização prévia de sindicatos ou de acordo coletivo.
  • Em decisão do ano passado, o STF (Superior Tribunal Federal) determinou que as empresas negociem com os sindicatos antes de grandes desligamentos.
  • No entanto, pela decisão, o sindicato não tem poder para impedir a dispensa coletiva.

O Supremo deu a entender que há a necessidade de comunicação ao sindicato, mas a negociação não precisa ser bem sucedida.
Jorge Matsumoto, sócio trabalhista do Bichara Advogados

Sindicatos pediram bloqueio de R$ 1,53 bilhão

  • Sindicatos do setor ainda não registraram demissões nas Americanas após o pedido de recuperação judicial. Eles dizem também que não ocorreram conversas com a empresa sobre possíveis demissões em massa.
  • Entidades de classe pediram à Justiça o bloqueio de R$ 1,53 bilhão dos acionistas de referência da varejista.
  • O objetivo é ter uma garantia "contra a ameaça de descumprimento dos direitos e dos processos trabalhistas".