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Nova regra no iFood deve dar opção a cliente e cortar custo de restaurante

Leonidas Santana/Getty Images
Imagem: Leonidas Santana/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

09/02/2023 17h11

Pedir comida pelo delivery pode ficar mais barato. O acordo firmado na quarta-feira (8) pelo Cade com o iFood deve ampliar a concorrência e cortar custos dos restaurantes. Para o consumidor, deve aumentar o número de apps de entrega. O acordo proíbe contratos de exclusividade do app com grandes redes de restaurantes.

A novidade vai além da restrição aos contratos de exclusividade. O iFood também terá que permitir acesso a seus códigos de pedidos, pagamentos e catálogos de produtos disponíveis na plataforma.

A medida permite integrar o iFood com os softwares de gestão dos restaurantes. Com isso, ficará mais fácil gerenciar os pedidos que chegam via delivery, o que deve reduzir os custos operacionais dos restaurantes.

Hoje os restaurantes têm dificuldade para acompanhar pedidos no delivery. As informações e os códigos dos aplicativos de entrega não são padronizados, o que dificulta a operação, segundo a Abrasel. A entidade estima que essa dificuldade gere um custo extra de cerca de 15% para os restaurantes.

O acesso aos códigos do iFood vai acelerar o desenvolvimento de uma linguagem única para o setor. A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) trabalha na criação do Open Delivery, uma linguagem única para os softwares dos aplicativos de delivery se comunicarem com os restaurantes de forma mais ágil. Isso facilitaria a organização de dados dos clientes e da fila de pedidos.

Setor espera mais empresas de delivery e taxas menores

As novas regras devem incentivar empresas a investirem no delivery no Brasil. Segundo Cristina Souza, CEO da Gouvea Foodservice Consultoria, esse é um mercado que pode ser interessante até para empresas de outros segmentos, como tecnologia, varejo e finanças. Ela lembra que o Magazine Luiza por exemplo comprou o aplicativo de entrega AiQFome em 2020.

O setor espera redução nas taxas cobradas pelos aplicativos. A avaliação é que as novas incentivam a concorrência entre aplicativos de delivery, pressionando para baixo as taxas cobradas dos restaurantes. A Abrasel diz que o iFood cobra taxas de até 30% dos estabelecimentos.

Os pequenos restaurantes também devem ser beneficiados. Com os acordos de exclusividade, as grandes redes ganham mais destaque no app do iFood, o que prejudica os pequenos, diz a Abrasel. Sem esses acordos, a expectativa é de que haja mais espaço para os pequenos.

Consumidor deve ter mais de um app

O consumidor deve passar a ter mais de um aplicativo de entrega no celular. Na avaliação de Cristina, o consumidor brasileiro gosta de experimentar novos serviços, e deve buscar conhecer outros aplicativos.

As promoções nos apps de delivery devem ficar mais frequentes, como forma de atrair esse consumidor, diz Cristina. No entanto, ela afirma que hoje essas promoções em geral são bancadas pelo restaurante, e que o mercado precisará ter um modelo mais equilibrado para bancá-las.

Apps de delivery pararam de operar no Brasil nos últimos anos

A decisão veio após processo iniciado em 2020 no Cade. A investigação foi uma resposta a um pedido do aplicativo Rappi e que envolveu também outras empresas do setor. O argumento do Rappi era de que o modelo de exclusividade do iFood dificulta a concorrência.

Nos últimos anos, empresas encerraram seus serviços de delivery no Brasil. O Uber Eats deixou de operar no país em março do ano passado. Em janeiro deste ano, a 99 também encerrou seu serviço de entrega de comida. As medidas impostas pelo Cade valem pelo período de quatro anos.