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Em resposta ao presidente do BC, Lula ameaça mudar meta de inflação

Do UOL, em Brasília

06/04/2023 13h34

O presidente Lula (PT) quebrou a trégua de críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ameaçou mudar a meta da inflação, caso o BC não baixe a taxa básica de juros.

O que Lula disse:

Lula voltou a criticar as altas taxas de juros, atualmente em 13,75%, e afirmou que "não há mágica na economia". Ele disse que "não vai ficar brigando" com Campos Neto, "porque ele tem dois anos de mandato", mas admitiu que a meta de inflação pode ser discutida.

A diminuição da Selic tem sido uma das prioridades do governo. Lula tem criticado o presidente do BC abertamente e dito que atrapalha o crescimento do país. O presidente tinha dado uma trégua nas últimas semanas. Mas, hoje, a jornalistas, usou termos como "incompreensível" para definir o atual índice.

O presidente não quis anunciar as indicações para as novas diretorias, mas afirmou que vai escolher "pessoas de acordo com os interesses do governo e pessoas da mais alta responsabilidade porque nós não vamos brincar com a economia".

Lula questionou falas de Campos Neto abertamente. Ele disse ter "ouvido na imprensa" que o presidente do BC "disse que para atingir a meta de 3% de inflação os juros precisavam estar a 20%".

Não sei se foi verdade. Se ele disse isso, é, no mínimo, uma coisa não razoável de ser dita. Porque, se a meta está errada, muda-se a meta. O que não é compreensível é imaginar que um empresário vá tomar dinheiro emprestado a essa taxa de juros."
Lula, em café da manhã com jornalistas

"Eu já fui presidente, já discuti com BC, já estabeleci meta de inflação nesse país, já cumpri a meta. Quando cheguei ao governo, a inflação era de 12% e nosso governo levou a inflação para dentro da meta de 4,5%", declarou.

Se você estabelece uma meta que não vai cumprir, é como quando você estabelece uma meta para sua vida e sabe que não vai cumprir. Você está mentindo para você mesmo. Então não estabeleça meta."
Lula, a jornalistas

Ele não citou a responsabilidade dos ministros do governo —Fazenda e Planejamento, que fazem parte do CMN (Conselho Monetário Nacional) e definem a meta— e disse que esse era um "problema do Banco Central e do Senado, que aprovou o presidente da instituição".

Lula disse ainda que na volta da viagem a China vai discutir os juros altos. "Essa taxa de juros é incompreensível para o desenvolvimento do país", reclamou.

Vamos ter que encontrar um jeito de que o Banco Central comece a reduzir a taxa de juros. Não é compreensível porque não temos inflação de demanda, não existe inflação de demanda no país."
Lula, a jornalistas

Depois do café, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) desconversou. O ministro da Secom, Paulo Pimenta, disse que o presidente falava sobre um "cenário hipotético", mas admitiu que a questão dos juros vai ser discutida após a viagem.

Sobre substituições na diretoria do BC, Lula disse que fará mudanças "de acordo com os interesses do governo". Ele poderá nomear em 2023 dois dos nove integrantes do colegiado.

Lula disse que prioridade agora será o controle da economia. Na volta da China, ele pretende discutir com os ministros questões como:

  • Política de crédito para a população de baixa renda
  • Taxa de juros do Banco Central
  • Preços administrados, como gasolina e diesel
  • Votação da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal.

"Minha obsessão nos primeiros três meses de governo era retomar e avançar nos programas sociais. Minha obsessão daqui para a frente é o crescimento do país. Não vamos falar mais das mazelas da economia. A ordem é tratar do que precisamos fazer daqui para a frente", disse.