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Uma coisa é criticar o presidente do BC, outra é atrapalhar, diz ex-diretor

André Carvalho (diretor de Research e Equity do Bradesco BBI), Alexandre Schwartsman, Fabio Kanczuk, Rodrigo Azevedo e Carlos Machado (estrategista-chefe do Bradesco) - Reprodução
André Carvalho (diretor de Research e Equity do Bradesco BBI), Alexandre Schwartsman, Fabio Kanczuk, Rodrigo Azevedo e Carlos Machado (estrategista-chefe do Bradesco) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

05/04/2023 15h43Atualizada em 05/04/2023 16h00

Ex-diretores do Banco Central disseram hoje que a discussão sobre meta da inflação e as críticas do governo Lula à atuação do Banco Central são prejudiciais para a economia e piora as expectativas para a alta dos preços.

O que aconteceu

Mudança da meta neste momento seria prejudicial para a economia. Para Rodrigo Azevedo, ex-diretor, manter as metas atuais é a melhor alternativa para não atrapalhar o processo de desinflação. "Uma coisa é a criticar, outra é atrapalhar o processo. Quem vai pagar o custo é o próprio governo, porque a desinflação vai custar mais caro ou a inflação vai seguir alta [por mais tempo]", disse.

Se o BC reafirmar que mantém a meta de 2024 e 2025, isto ajuda na queda dos juros. Está é a avaliação de Fábio Kanczuk, ex-diretor do BC. "Parte das expectativas [de inflação] de 2025 e 2026 são geradas por não saber se a meta vai ser mantida ou não", afirmou.

A crítica à meta de inflação também causa preocupações sobre a diretoria do BC. Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, diz que aumenta o receio de se criar uma diretoria do BC mais displicente no combate à inflação. Azevedo, Kanczuk e Schwartsman participaram de evento para investidores organizado pelo Bradesco BBI.

A meta de inflação gera discussões e ruídos. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, participou mais cedo do evento e disse que o mais importante é controlar as expectativas do mercado. "Qualquer ruído sobre cumprir ou não [a meta de inflação] piora as expectativas", disse. Ao ser questionado se a discussão sobre mudanças nas metas já amadureceu dentro do BC, ele disse apenas que todos os sistemas são analisados periodicamente e que importante "é atuar dentro do sistema de metas".

O que os ex-diretores do BC disseram

Estamos aprendendo o que pode e não pode. Pode criticar o BC, o que não pode é fazer ações que dificultam a vida do BC, que tornam mais custoso o processo de desinflação. Uma coisa é criticar o presidente do BC, outra é discutir que a meta da inflação está errada e precisa subir. Se o presidente da República critica a meta de inflação, o mercado revisa as expectativas [de inflação] para cima e dificulta a atuação do BC
Rodrigo Azevedo

Uma coisa é a criticar, outra é atrapalhar o processo. Quem vai pagar o custo é o próprio governo, porque a desinflação vai custar mais caro ou a inflação vai seguir alta [por mais tempo]
Rodrigo Azevedo

Quando vai para uma questão em que você critica a meta, evolui no sentido de colocar uma diretoria mais displicente no combate à inflação. Não tem nem dez anos que passamos por uma diretoria que se mostrava displicente ao combate a inflação. Certamente isto piora as expectativas
Alexandre Schwartsman

Se a gente elevar a meta de inflação, acho que isso vai levar a uma política monetária mais dura do que aquela que a vigoraria se gente mantivesse a meta de inflação [como está]
Alexandre Schwartsman