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Campos Neto elogia esforço para regra de gasto: 'Avaliação superpositiva'

Roberto Campos Neto, presidente do BC, participou nesta quarta (5) de evento do Bradesco BBI - Reprodução
Roberto Campos Neto, presidente do BC, participou nesta quarta (5) de evento do Bradesco BBI Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

05/04/2023 10h12Atualizada em 05/04/2023 11h28

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, elogiou hoje a proposta de nova regra para as contas públicas apresentada pelo governo Lula, mas disse que é preciso aguardar a aprovação pelo Congresso.

O que aconteceu

A avaliação do BC é de que o chamado arcabouço fiscal é positivo. Segundo Campos Neto, a proposta mostra um "esforço" do governo federal para controlar as contas públicas e o endividamento. A expectativa é que o texto seja enviado pelo governo Lula ao Congresso Nacional na próxima semana.

A proposta elimina o risco de uma dívida com trajetória "explosiva", segundo o presidente do BC. Campos Neto fez a avaliação durante participação em evento para investidores organizado pelo Bradesco BBI.

Nova regra de gastos não garante a queda na taxa de juros. Hoje a taxa é de 13,75% ao ano. Campos Neto diz que é importante avaliar como os anúncios de medidas fiscais estão impactando as expectativas do mercado para a inflação e juros.

A proposta ainda gera preocupações sobre aumento de receita e as despesas obrigatórias. Campos Neto diz que é preciso de "parcimônia" em relação ao corte de despesas obrigatórias.

Controle de inflação

Hoje existe uma desaceleração na economia brasileira, mas ela não é dramática. Campos Neto disse que isto está acontecendo como parte do efeito da política monetária. Segundo ele, o objetivo dos juros elevados é reduzir a atividade econômica para poder controlar a inflação.

A meta de inflação divide opiniões. O presidente do BC afirmou que o mais importante é controlar as expectativas do mercado. "Qualquer ruído sobre cumprir ou não [a meta de inflação] piora as expectativas", disse.

Qualquer sistema de metas passa por revisões periódicas. Ao ser questionado se a discussão sobre mudanças nas metas de inflação já amadureceu dentro do BC, ele disse apenas que todos os sistemas são analisados. "Quando você tem algum tipo de arcabouço, precisa ver o que tem para aprimorar. De tempos em tempos, olhamos para ver o que poderia ser melhor", afirmou.

O que o presidente do BC disse

Nossa avaliação é superpositiva. Reconhecemos o esforço [do governo]. Vamos observar como vai se passar o processo de aprovação no Congresso, se vai ter alguma modificação
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

O que eu sempre digo é que o custo de combater a inflação é muito duro para a sociedade e tem impactos no curto prazo. Mas o custo de não combater é muito maior no médio e longo prazo
Roberto Campos Neto

Não existe uma relação mecânica entre fiscal e taxa de juros da forma como é colocada. O importante para a gente é atuar dentro do sistema de metas. Nós temos a meta de inflação e olhamos as expectativas. O mais importante é como as medidas que estão sendo anunciadas afetam o canal de expectativas
Roberto Campos Neto