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Vou comer mais picanha? Preço da carne cai 2,7% no ano e pode cair mais

Preço da carne bovina pode cair ainda mais neste ano, segundo especialistas - Getty Images/iStockphoto
Preço da carne bovina pode cair ainda mais neste ano, segundo especialistas Imagem: Getty Images/iStockphoto

Juliana Soane

Colaboração para o UOL, de São Paulo

11/05/2023 04h00

O preço da carne bovina acumula queda de 2,7% no acumulado nos três primeiros meses do ano, segundo o IPCA, índice que mede a inflação brasileira. Analistas afirmam que a queda pode chegar a 5% até o fim do ano, mas que os preços ainda não voltarão ao patamar pré-pandemia. Entenda o que tem permitido a queda nos preços e as expectativas para ao setor.

O que aconteceu?

Segundo a Conab, a quantidade disponível de carnes de boi, frango e porco será de 20,77 milhões de toneladas neste ano. O volume representa aumento de 5% em relação a 2022.

Um dos motivos para a maior oferta de carnes é o custo de produção. Houve queda no preço de grãos como soja e milho, que servem como alimentação para os animais. "O custo da nutrição animal está menor agora em 2023", diz Fernando Iglesias, analista sênior da consultoria Safras & Mercado.

Com uma oferta maior de carne, o preço do alimento cai. Segundo Alexandre Maluf, da XP Investimentos, é esperada queda de até 5% para as carnes bovinas neste ano. Iglesias, da Safras, também afirma que a redução no preço da carne de boi ficará por volta de 5% em 2023.

O que esperar

Nos últimos 4 anos, preço disparou quase 70% e dificilmente voltará tão cedo ao que era antes da pandemia. No acumulado em 4 anos até março, o preço médio dos cortes bovinos ainda têm alta de 67,6%.

Ainda assim, a mesa do brasileiro deve ser um pouco mais farta neste ano. "Não dá para esperar por quedas muito contundentes. De qualquer forma, a carne bovina está mais acessível à população", diz Iglesias, da Safras.

As carnes de porco e de frango também devem ficar mais baratas. Os motivos são os mesmos por trás da redução no valor da carne bovina: o custo menor de produção dos animais. A estimativa dos analistas é de que essas carnes fiquem cerca de 10% mais em conta.

E a picanha?

Bastante mencionada pelo presidente Lula (PT) durante a campanha eleitoral de 2022, a picanha foi o corte com o menor recuo no preço em 2023, segundo a XP. A queda foi de apenas 0,8% no acumulado no 1º trimestre, e em 12 meses registrou alta de 1,8%.

Em abril, o quilo da picanha em São Paulo, no atacado, custava entre R$ 60 e R$ 62. A estimativa é de Iglesias, da Safras e Mercado. Nos supermercados e açougues, o quilo do corte sai por volta de R$ 80 para o consumidor.

O corte de carne que teve maior redução no preço em 2023 foi o filé-mignon. Segundo o levantamento da XP, a peça teve queda de 6,5% no 1º trimestre. Alcatra e contrafilé também tiveram quedas acima da média da inflação neste ano: 4,5% e 3,7%, respectivamente. Em 1 ano, o filé mignon acumula queda de quase 7%, enquanto o preço médio de carnes recuou 3%.

Os preços não vão voltar ao que eram em 2018 ou 2019. Mas a carne vai estar mais presente na mesa da população brasileira.
Fernando Iglesias