Vítima de golpe do Desenrola compra curso em vez de limpar nome: 'Enganado'

Um publicitário de Maceió (AL) achou que estava renegociando uma dívida de quase R$ 8.000 por R$ 94,44 pelo Desenrola Brasil, mas descobriu que foi vítima de um golpe. Em vez de estar limpando o nome nos birôs de crédito, ele diz que foi enganado e levado a fazer um pagamento para um site de cursos.

O que aconteceu

Anúncio no TikTok oferecia a renegociação da dívida por meio do Desenrola. Segundo o publicitário, que pediu para não ter seu nome divulgado, o vídeo mostrava depoimentos de outras pessoas que teriam conseguido quitar a dívida por bons valores e levava a um link.

Print da página acessada pela vítima. O CPF foi apagado para preservar sua identidade.
Print da página acessada pela vítima. O CPF foi apagado para preservar sua identidade. Imagem: Acervo pessoal

Dados do publicitário estavam descritos no link do anúncio. A página que fingia ser do Serasa e mostrava o nome completo dele, CPF e valor de suas dívidas. Só ao concluir o pagamento, ele percebeu que havia alguma coisa errada.

Golpe aconteceu no dia 23 de julho. A dívida de R$ 8.000 foi contraída no cheque especial e gastos no cartão de crédito desde 2019.

[Tenho uma] dívida de quase R$ 8.000. Ofertaram quitar a dívida por R$ 94,44. Eu nem pensei. Paguei e, depois disso, vi que o nome [da conta] não tinha a ver com o Serasa. Fiz um copia e cola no CNPJ e deu uma tal de Pepper Tecnologia. Logo chegou um e-mail na minha conta dizendo que eu comprei um curso, mas não comprei curso nenhum.
Vítima do golpe

Estava pulando de alegria aqui, depois veio a decepção, a frustração e a sensação ruim de ser enganado.
Vítima do golpe

Conseguiu reembolso

Ele ia deixar para lá, mas no dia seguinte decidiu fazer um boletim de ocorrência e denunciar o caso. Seu objetivo com a reclamação era evitar que mais pessoas fossem vítimas do mesmo que ele.

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Depois de fazer uma reclamação no Reclame Aqui, recebeu o reembolso do pagamento. Ele diz que, mesmo que o valor havia sido baixo, ficou satisfeito de ter conseguido reaver o dinheiro.

Pepper é o nome de uma empresa que vende cursos online. Procurada pelo UOL, a empresa diz que não tem envolvimento com golpes e reprime qualquer tipo de conduta deste tipo. Afirmou também que possui um núcleo responsável por analisar tentativas de fraude e repreender quem tenta agir dessa forma na plataforma. O UOL perguntou se qualquer pessoa pode criar um curso na plataforma e sobre o reembolso dado à vítima, mas não obteve retorno.

Procurado pelo UOL, o TikTok não se manifestou sobre o caso até o fechamento da reportagem.

Anúncios falsos em plataformas

Google e Facebook receberam ordem para remover anúncios falsos sobre o Desenrola. A determinação foi dada pela Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) em 26 de julho.

Redes sociais devem adotar medidas para prevenir que novos anúncios sejam publicados. Ao UOL, a Meta afirmou que "que coopera e responde a requisições das autoridades brasileiras nos termos da legislação aplicável".

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Não permitimos atividades fraudulentas ou que violem seus Padrões da Comunidade ou de Publicidade. Usamos uma combinação de tecnologia e revisão humana para identificar e remover conteúdos violadores, o que temos feito em relação ao Desenrola Brasil.
Nota da Meta

Em nota, Google diz que removeu os anúncios envolvendo o Desenrola.

Temos políticas rígidas para coibir publicidade com conteúdo fraudulento - incluindo diretrizes específicas para produtos e serviços financeiros -, e, sempre que identificamos uma violação, agimos imediatamente suspendendo o anúncio e, até mesmo avaliando a possibilidade de bloquear a conta do anunciante. Também oferecemos uma ferramenta para denunciar violações de nossas políticas, caso algum consumidor suspeite ou seja vítima de golpe.
Google, em nota

Como evitar golpes

65% dos brasileiros afirmam não saber identificar se uma página é verdadeira ou falsa. É o que mostra um estudo da Kaspersky, empresa de cibersegurança. Veja dicas do Idec e do Reclame Aqui para evitar golpes:

Entrar em contato com o banco é a melhor forma para renegociar dívidas. Golpistas falsificam páginas de bancos, usam recortes de entrevistas dadas por autoridades e usam parte dessa situação de verdade para induzir o consumidor a entrar em páginas falsas, segundo Ione Amorim, coordenadora do programa de serviços financeiros do Idec.

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Negociações devem ser feitas diretamente pelo banco que o consumidor é correntista ou pelo site do governo. Evite negociações pelo WhatsApp ou canais paralelos onde você não tenha segurança.

Desconfie de anúncios em redes sociais. O Reclame Aqui diz que existem anúncios sendo promovidos por criminosos.

Evite clicar em links com senso de urgência e soluções muito fáceis. Caso haja o clique nesses links, a pessoa poderá ser direcionada a sites fraudulentos e ter seus dados e dispositivo clonados (contas, redes sociais e todas as informações que constam no aparelho), aumentando as chances de novas fraudes

Verifique sempre qual é o link do site que está acessando. Sites falsos têm utilizado logos e layouts do governo federal e do Programa Desenrola Brasil para enganar os consumidores. A Kaspersky diz que é preciso ficar atento quando há erros gramaticais ou uso de termos genéricos.

Não preencha nenhum formulário com dados pessoais em sites que não sejam os oficiais.

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