Mulher dedica por semana 9,6 horas a mais do que homem a tarefas do lar

As mulheres dedicam por semana em média 9,6 horas a mais do que os homens às tarefas domésticas e ao cuidado com outras pessoas. A diferença, apesar de alta, diminuiu. Os dados, de 2022, são da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, e foram divulgados hoje pelo IBGE.

Horas dedicadas à casa e ao cuidado

Diferença no tempo dedicado ao trabalho doméstico durante a semana caiu. As mulheres dedicaram 9,6 horas a mais do que os homens aos afazeres domésticos e ao cuidado em 2022. Em 2019, essa diferença era de 10,6 horas.

A divisão de tarefas é desigual mesmo quando os dois têm uma ocupação. Em média, as mulheres que têm trabalho remunerado dedicaram semanalmente 6,8 horas a mais aos afazeres domésticos e/ou ao cuidado do que os homens que também têm uma ocupação. Entre os não ocupados, a diferença aumenta. Mulheres não ocupadas dedicaram a cada sete dias 11,1 horas a mais à casa e ao cuidado do que os homens não ocupados.

Diferenças de raça, região e escolaridade

A diferença é maior no Nordeste. Dentre as mulheres a partir de 14 anos no país, 91% se dedicaram aos afazeres domésticos em 2022. Dentre os homens a proporção é de 79%, uma diferença de 12 pontos percentuais. No Nordeste essa diferença aumenta: chega a 18 pontos percentuais. A menor diferença ocorre no Sul, com 9 pontos percentuais.

Pretos são os que mais cuidam da casa. As mulheres pretas são as que mais se dedicam ao trabalho doméstico, com 92,7%, ante 91,9% entre as pardas e 90,5% entre as brancas. Entre os homens, os pretos também são os mais dedicados às tarefas domésticas, com 80,6%, ante 80% entre os brancos e 78% entre os pardos.

Quanto maior a escolaridade, mais os homens atuam em casa. Dentre os homens sem instrução ou que não completaram o ensino fundamental, 74% se dedicaram aos afazeres domésticos. A proporção chega a 86% entre os homens com ensino superior completo, uma diferença de 12 pontos percentuais. A dedicação das mulheres também aumenta com a escolaridade, mas com uma diferença menor, de 5 pontos percentuais.

Homens que vivem sozinhos se equiparam às mulheres

A dedicação dos homens só é equivalente à das mulheres quando eles moram sozinhos. Entre mulheres que vivem sozinhas, 98% cuidam da alimentação, 94% das roupas e 85% da limpeza da casa. Os números são semelhantes para mulheres que vivem com o cônjuge ou com outras pessoas. No caso dos homens há uma grande diferença. Quando vivem sozinhos, 94% se dedicam à alimentação, 91%, às roupas e 86% à limpeza da casa. Entre os homens casados, porém, só 59% cuidam da alimentação, 53% cuidam das roupas e 70% cuidam da limpeza da casa. A proporção só se inverte quando se trata de fazer pequenos reparos e manutenção da casa. Dentre os homens casados, 68% realizaram esses trabalhos, ante 35% das mulheres. Leia mais na coluna de Marina Rossi.

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A dedicação das mulheres aos afazeres domésticos reduz o tempo dedicado ao trabalho remunerado. Mulheres que realizam atividades da casa ou de cuidado com outras pessoas trabalham em média duas horas semanais a menos (35,7 horas semanais) em suas ocupações do que as que não se dedicam a essas atividades (37,5 horas semanais). No caso dos homens, o trabalho doméstico parece não afetar sua jornada de trabalho, que fica em torno de 40 horas semanais nos dois casos.

Como as mulheres dedicam muito mais tempo às tarefas domésticas e de cuidado que os homens, é esperado, portanto, que isso afete o tempo disponível para o trabalho fora de casa.
Estudo Outras Formas de Trabalho 2022 - PNAD Contínua - IBGE

Cuidado com outras pessoas

As mulheres se dedicam mais a outras pessoas, como filhos e outros parentes. Enquanto 35% das mulheres dizem atuar nesse cuidado, a taxa vai a 23% no caso dos homens, uma diferença de 12 pontos percentuais. As maiores diferenças entre mulheres e homens ocorrem no Norte e no Nordeste (ambos com cerca de 15 pontos percentuais). A menor diferença ocorre no Sul, com 9 pontos percentuais.

Diferença é maior nos cuidados pessoais e atividades escolares. A maior discrepância entre homens e mulheres ocorre nessas duas atividades. Entre as mulheres que cuidam de alguém, 87% auxiliam em cuidados pessoais, ante 70% dos homens, diferença de 17 pontos percentuais. Já o auxílio a atividades educacionais é realizado por 71% das mulheres que cuidam, ante 59% dos homens. O cuidado em que os dois mais se aproximam é de transportar ou acompanhar em atividades: é realizado por 73% das mulheres que cuidam e por 70% dos homens.

O número de pessoas que cuidam de outras pessoas caiu em 2022. São 5,3 milhões de pessoas a menos dedicadas a essas atividades, na comparação com 2019. Segundo o IBGE, as possíveis razões para isso são: pessoas tendo menos filhos e maior ocupação no mercado do trabalho, o que pode afetar a disponibilidade para o cuidado.

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Trabalho voluntário e consumo próprio

A pesquisa traz dados sobre trabalho voluntário. Dentre os entrevistados, 4,2% realizaram algum trabalho voluntário na semana do levantamento. A taxa é maior no Sul (4,6%) e menor no Nordeste (3,3%). As mulheres atuam mais como voluntárias: 4,9% têm atividades do tipo, ante 3,5% dos homens.

Cerca de 7% das pessoas a partir de 14 anos produziram para consumo próprio. A categoria considera atividades como cultivo, pesca, criação de animais, fabricação de roupas, móveis e alimentos e atividades de construção. Essa produção é maior entre os homens, com 7,6%, ante 6,1% das mulheres. Também é maior entre as pessoas não ocupadas, com 8%, ante 5,9% das pessoas ocupadas.

Pessoas com menos instrução produzem mais para consumo próprio. Dentre as pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto, 12,6% produzem para consumo próprio. Dentre as pessoas com superior completo, a taxa cai para 2,7%.

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