Japão deixa de exigir visto de brasileiro. Quanto custa viajar para o país?

A busca por passagens aéreas para cidades japonesas aumentou 135% de janeiro a agosto deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com um levantamento da plataforma de busca Kayak. A demanda extra acontece porque recentemente o Japão deixou de exigir visto de turista para brasileiros. Confira abaixo quanto custa uma viagem ao país asiático.

No curto prazo as tarifas aéreas ainda estão caras, mas acreditamos que a demanda vai aumentar de 10% a 20%, nos próximos meses. Sem a exigência de visto, o turista brasileiro pode embarcar a qualquer momento sem ter que se preocupar com o prazo limite de 90 dias para embarque após a emissão
Tereza Otake, diretora da Gema Turismo

Quanto custa viajar para o Japão?

De R$ 25 mil a R$ 50 mil por pessoa. Isso inclui passagens aéreas de ida e volta na classe econômica saindo de São Paulo, estadia, refeições, traslado, passeios e transporte no Japão.

Só de passagem, o custo é de quase R$ 10.000 na classe econômica. De acordo com a Japan Service, dependendo da rota há uma variação de cerca de R$ 2.500 acima ou abaixo deste valor.

A cotação cai se você comprar antecipado. Para novembro deste ano, por exemplo, é possível comprar um pacote de 16 dias incluindo Tóquio, Kyoto e Hiroshima por cerca de R$ 41.200 na Gema Turismo. Viajar em abril do ano que vem reduz o valor do pacote para R$ 39 mil.

A viagem fica mais barata no inverno — que no Japão são os meses de janeiro e fevereiro. Se você gosta de frio, é o momento ideal para apreciar as montanhas com neve e esquiar.

Quando ir para o Japão?

Para ver as cerejeiras, o melhor período é na primavera, que no Japão é de março a junho. Mas fique atento: a floração pode durar poucas semanas e isso varia conforme as regiões. Com o clima mais ameno, os turistas tendem a aproveitar mais. Porém, é uma época do ano em que há a "Semana Dourada" (Golden Week), que reúne vários feriados internos e o turismo local aumenta bastante — e tudo tende a ficar mais cheio e os preços, elevados.

Para ir ao Monte Fuji, é melhor viajar entre julho e início de setembro. No verão é a única estação em que a atração fica oficialmente aberta para escalada — mas este período também coincide com a ocorrência de tufões no resto do país (leia mais abaixo). No resto do ano também é possível avistar o famoso monte.

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Para ver a coloração do outono, a viagem deve acontecer entre setembro e novembro. A mudança de cores da vegetação no outono também atrai turistas em busca de paisagens nos tons amarelo, laranja e verde. Mas fique atento às particularidades regionais. Nos lugares mais frios, como nas regiões dos Alpes japoneses, a coloração muda em outubro. Já em Tóquio e Kyoto, as cores de outono começam, geralmente, no fim de novembro e seguem até começo de dezembro.

Cuidado com a temporada de tufões — no Japão, são os meses de julho a meados de outubro. O verão no Japão é extremamente quente e úmido, então não é recomendável para quem não gosta de calor. Para evitar problemas com o tempo chuvoso e rajadas fortes de ventos, evite este período.

O melhor período para viajar para o Japão é na primavera, quando o clima é favorável e acontece os picos de floração das cerejeiras de Sul ao Norte do país. No entanto, o Japão é maravilhoso o ano todo, suas estações são bem definidas e cada época possui suas particularidades, como a paisagem de outono, os festivais de inverno, as ilhas de águas cristalinas e areias brancas de Okinawa.
Kiyomi Tsujii, representante da agência Japan Services.

Quantos dias ficar no Japão?

O ideal é ficar mais do que 10 dias. De acordo com especialistas, em geral não compensa ficar menos do que 10 dias no Japão porque o voo para Tóquio, por exemplo, dura cerca de 30 horas saindo de São Paulo.

Prepara-se para o jet lag. Reserve alguns dias para se acostumar com o fuso horário local e se recuperar da viagem. É comum experimentar cansaço e insônia nos primeiros dias. São 12 horas a mais em Tóquio, por exemplo, em relação ao nosso horário de Brasília.

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Como é o transporte e a alimentação?

Especialistas não recomendam alugar carro. No Japão, o volante dos veículos fica do lado direito. Por isso, turistas que não estão acostumados a isso não se arriscam a alugar um carro para fazer os passeios no país. Além disso, brasileiros não podem dirigir no Japão porque o país não é signatário da Convenção de Viena, o que permitiria que a CNH valesse como Permissão Internacional para Dirigir.

Passeios de trem são atraentes, mas há que se considerar o preço. O Japão tem um sistema ferroviário muito abrangente, que permite conhecer todo o país usando o passe de trem JR Pass com opções de 1, 2 ou 3 semanas na classe comum ou na classe green (primeira classe). As cotações costumam incluir os tickets de trem. Este valor foi atualizado em 1º de outubro e o turista tem que considerar o custo e benefício do passeio, que sai a partir de R$ 1.700 para sete dias de uso. Antes de viajar, é preciso consultar os valores (veja aqui), porque os preços podem mudar.

Caso precise fazer uma refeição fora do pacote de viagem, você vai gastar ao menos R$ 160 por dia. Em kombinis, que são as lojas de conveniência muito utilizadas por turistas, existem opções bem acessíveis como oniguiri (bolinho de arroz), que custa R$ 5 em média, bento (marmita) e sanduíches, de R$ 17 a R$ 27 e bebidas, que custam em média R$ 5.

Um almoço sai por R$ 65 (prato principal em torno de R$ 30 a R$ 50, entradas e sobremesas em torno de R$ 10 a R$ 15). A informação é da Japan Service. Muitos restaurantes oferecem água ou chá sem custo, outras oferecem opção de "drink bar" no qual você paga um valor único (em torno de R$ 6) e pode beber à vontade bebidas não-alcoólicas, como sucos, refrigerantes, chás e café. Cervejas custam em torno de R$ 15 a R$ 20. Em Tóquio, o almoço pode sair de R$ 33 a R$ 66, incluindo prato principal e acompanhamentos. Dependendo do restaurante, nesse valor pode estar incluída uma sobremesa e uma bebida não alcoólica, como suco, chá ou café. Água (ou chá verde, dependendo do restaurante) é oferecida como cortesia.

Dólar ou iene? O que levar?

O ideal é levar iene, mas fique atento às taxas de câmbio. Os estabelecimentos comerciais do Japão aceitam apenas iene. Levando a moeda local, o turista evita pagar taxas de conversão do real para dólar (no Brasil) e do dólar para iene (no Japão). Mas fique atento. Quem mora fora dos grandes centros urbanos no Brasil pode pagar caro pelo iene. Considere todas as opções possíveis para se ajustar ao seu orçamento.

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É importante levar um pouco de dinheiro vivo. Nem nem todos os lugares aceitam cartão de crédito.

Deixe o cartão de crédito internacional para emergências. Os gastos são acrescidos da cobrança de IOF de 5,38% em cima do valor que for gasto. Esse valor cai para 1,1% quando utiliza-se cartão de débito de contas digitais internacionais, como a Wise, e você pode comprar mais moeda diretamente do aplicativo do celular.

Confira abaixo as opções de pacotes

Fujiyoshida, no Japão: uma das paisagens mais emblemáticas do país, com as cerejeiras e o Monte Fuji ao fundo.
Fujiyoshida, no Japão: uma das paisagens mais emblemáticas do país, com as cerejeiras e o Monte Fuji ao fundo. Imagem: dewpak/Getty Images

Visita às cerejeiras: a partir de R$ 39 mil. O pacote de viagem mais procurado pelos turistas brasileiros é a visita para apreciar as cerejeiras. O valor estimado é para uma viagem de 16 dias em abril de 2024 para 15 locais diferentes, incluindo Tóquio e o Monte Fuji, com passagens aéreas e de trem, traslados, todas as refeições, seguro de saúde, ingressos para as atrações e guia brasileiro na Gema Turismo.

Pacote de outono: de R$ 41 mil a R$ 50 mil. Uma outra opção da mesma agência é o pacote de outono, saindo em novembro deste ano para uma viagem também de 16 dias com tudo incluso como no pacote anterior tem preços a partir de R$ 41 mil. Desta vez o destino são outras cidades, como Tóquio, Hiroshima e Quioto, entre outros. A Japan Service tem um pacote semelhante para novembro deste ano que inclui as cidades de Tóquio, Quioto e Hiroshima e visita ao Monte Fuji. O preço, que inclui passagens aéreas, traslados, estadia em hoteis, alimentação e entradas das atrações custa R$ 50.000.

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Caminho religioso de Kumano Kodo: a partir de R$ 25.700. Uma opção diferente, com a opção de percorrer o caminho religioso de Kumano Kodo, conhecido como o caminho de Santiago do Japão, é oferecida pela agência Fujir. A ideia é ter uma experiência mais reflexiva e imersiva na cultura zen do país, se hospedando em mosteiros onde se come e dorme no chão, no estilo tatami. As saídas, porém, só acontecem de países ibéricos, e não do Brasil.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • A versão inicial deste texto informava incorretamente que a diferença de fuso horário de Brasília e Japão era de 13 horas, quando na verdade é de 12 horas. Sobre a viagem durante a primavera, o texto não trazia a informação precisa de que a florada das cerejeiras costuma ocorrer durante algumas semanas, e que essas semanas variam em diferentes partes do país. Sobre a visita ao Monte Fuji, não estava claro que, ao se referir ao espaço aberto, isso significava dizer que era aberto para escaladas. Já sobre o aluguel de carros, faltou especificar que brasileiros não podem dirigir no Japão porque o país não faz parte da Convenção de Viena -- entre nações signatárias, a CNH vale como Permissão Internacional para Dirigir. O texto também não estava atualizado com o novo valor do JR Pass, para andar de trem, que foi elevado em 1º de outubro, tornando a opção de passeio mais cara ao turista.

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