Seca no AM ameaça atrapalhar abastecimento de ar-condicionado e TV no Natal
O setor de eletroeletrônicos teme que a produção de ar-condicionados e de televisões possa ser prejudicada para o Natal devido à seca no Amazonas.
O que aconteceu
A seca no Amazonas está dificultando a produção de diversas indústrias da Zona Franca de Manaus. O El Niño intensificou a seca característica deste período do ano na região e reduziu o nível de água nos rios.
A produção da maior parte da produção da região é feita por meio dos rios e, com o nível baixo da água, houve a suspensão do transporte via navios. Há um problema de entrada de insumos e de saída e produtos prontos para a venda.
Demanda por ar-condicionado e televisões é alta no final do ano e os produtos precisam ser enviados pelo transporte fluvial.
Ar condicionado e televisão são os principais problemas no momento no nosso setor eletroeletrônico. No final do ano são os dois produtos mais procurados. Temos a produção de micro-ondas, lava-louça, computadores, celulares, tabletes, fones, mas esses dois são os produtos que temos a necessidade de escoar a produção via fluvial. Computador e celular dá para mandar por aviões
Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros (Associação Nacional de Produtos Eletroeletrônicos).
Incentivos fiscais recebidos pelo setor também são uma preocupação sobre os dois produtos. Nascimento diz que há empresas com dificuldades para receber os insumos e outras que não conseguem escoar a produção para os grandes centros. Com isso, não conseguem produzir novas peças, já que não possuem espaço para armazenamento.
Para ter incentivo fiscal, as empresas têm que cumprir etapas de produção que são estabelecidas por regras. Como não chega insumo, as empresas não cumprem essas regras. Estamos indo até o governo, porque tem empresa há 15 dias sem insumo. A previsão de voltar à normalidade é de 10 a 15 dias.
Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros
Normalmente as entregas para o Natal começam neste período do ano. Por enquanto elas ainda não começaram e Nascimento diz que os produtos levam de 15 a 20 dias para chegarem aos grandes centros. Os envios da Black Friday foram antecipados e, por isso, o abastecimento para a data de promoções está garantido.
Falta de insumos
O canal do Panamá também enfrenta dificuldades causadas pelo El Niño, reduzindo o nível de água e o transporte via navios. Oliveira diz que grande parte dos insumos que chegam à Zona Franca de Manaus vem da Ásia e passam pelo Panamá.
Trocar o navio por outro modal de transporte, como o avião, é possível, mas Oliveira diz que é mais difícil fazer esta troca no transporte intercontinental — não há opção de fazer o transporte terrestre e os aviões são muito mais caros.
Tem indústria que optou chegar no Porto de Santos e trazer de Santos para Manaus por Guarulhos. Mudou justamente para esse momento que, dentro da necessidade, achou que seria uma forma de viabilizar com mais rapidez para colocar o insumo aqui em Manaus.
Lúcio Oliveira, presidente-executivo da Cieam
Seca mais intensa
A seca está mais intensa neste ano pelo El Niño. O presidente-executivo da Abac (Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem), Luís Resano, afirma que trechos dos rios da região estão mais baixos do que o normal, impedindo a passagem de navios. Há três semanas a navegação de navios na região foi suspensa.
Algumas empresas anteciparam os envios para Black Friday e outras buscaram alternativas para garantirem as entregas. Resano diz que algumas companhias, com urgência, optaram por levar os contêineres de mercadorias via barcaças, que são uma espécie de balsa. Os navios têm capacidade de levar de 3.000 a 4.800 contêineres cada, enquanto as balsas maiores levam no máximo 400 por vez.
O tempo de navegação também é maior. Os navios demoram de três a quatro dias para subirem o rio, enquanto a balsa leva de cinco a sete dias. Isso deixa o processo mais caro. Nascimento diz que o transporte de cada contêiner custava US$ 500 e já chega a US$ 3.000 devido à seca.
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Quero receberExpectativa da Abac é que navios voltem a operar com menor capacidade em 30 dias. Resano diz que o tráfego nos rios deve voltar ao normal em 40 dias.
Apesar do aumento dos custos, os especialistas ouvidos pelo UOL dizem que não dá para prever se preços vão subir ao consumidor final.
Se começar a chover lá na Cordilheira dos Andes, essa água é importante. Com uma chuva continuada, como normalmente acontece, deve demorar mais uns 40 dias para voltar à normalidade.
Luís Resano, presidente-executivo da Abac
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