Indicado pelo centrão, presidente da Caixa toma posse sem Lula e Haddad

A posse do economista Carlos Vieira como presidente da Caixa Econômica Federal foi esvaziada de representantes do governo Lula (PT) hoje em Brasília. Ele foi indicado ao cargo pelo centrão no mês passado.

O que aconteceu

A ausência do presidente Lula (PT) já era prevista, mas chama atenção porque ele não só compareceu como discursou na posse da antecessora, Maria Rita Serrano. A presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era esperada, mas foi cancelada de última hora.

Lula demitiu Rita Serrano como parte de acordo com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que também não participou do evento hoje. A troca foi, na teoria, a última parte do combinado entre o governo e partidos do centrão no esforço de aumentar o apoio no Congresso.

Os únicos representantes do alto escalão do governo foram os ministros Luiz Marinho (PT) e André Fufuca (PP), que nem chegou e subir ao palco e deixou o evento no meio, antes da fala de Vieira. Fufuca assumiu a pasta em condições semelhantes: por indicação de Lira, com demissão de uma mulher bem avaliada (Ana Moser) e à revelia de aliados da base.

O banco é o principal fomentador de iniciativas do governo federal e o trabalho de Rita era bem avaliado pelo Planalto, o que fez com que Lula a segurasse por um pouco mais de tempo. Agora, há uma disputa pelas vice-presidências do órgão, que influenciam nas nomeações locais.

De acordo com o Ministério da Fazenda, Haddad não pôde comparecer porque participava de uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Ele mandou o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, para representá-lo.

Carlos Vieira é funcionário de carreira do banco. Ele já foi diretor-presidente da Funcef, o fundo de pensão da Caixa, e integrou a secretaria-executiva do Ministério da Integração Nacional em 2012, quando o PP comandava a pasta.

Serrano foi a terceira mulher no alto escalão do governo a ser substituída por um homem. Na posse hoje, Lurdinha Lopes, representante de um movimento por moradia, era a única mulher no palco. "No meio de tanto homem de gravata", notou ela.

Em sua fala, Vieira, emocionado, agradeceu à oportunidade e lembrou os mais de 30 anos de história no banco. Ele também saudou Rita Serrano, lembrada por quase todos os que discursaram na cerimônia.

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Eu me dirijo à presidente Maria Rita Serrano. Rita foi responsável por trazer a empresa a representar resultados recorrentes, coisas que ela [Caixa] não fazia há muitos anos. [No] dia 14, nós estaremos apresentando o balanço da Caixa --e eu já disse ao conselho que tem que ser feito uma carta de agradecimento a Rita, assinado por todos nós, porque foi a gestão dela que trouxe a empresa a esse patamar que nós queremos que continue existindo.
Carlos Vieira, na posse como presidente da Caixa

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