Americanas refazem contas, e lucro de R$ 500 mi vira prejuízo de R$ 6,3 bi
As Americanas divulgaram nesta quinta-feira (16) seu balanço financeiro do ano de 2022, quase um ano após a divulgação da fraude contábil. A companhia registrou um prejuízo de R$ 12,9 bilhões em 2022, além de uma dívida de R$ 26 bilhões, segundo comunicado enviado ao mercado na manhã de hoje. Também reapresentou os números de 2021 - o lucro de cerca de R$ 500 milhões que haviam sido divulgados no ano foram ajustados para um prejuízo de R$ 6,3 bilhões.
Os números do balanço
A companhia deveria ter divulgado o balanço de 2022 em março deste ano, mas a apresentação dos dados foi adiada mais de uma vez. Os números que saíram hoje também mostram a revisão do balanço de 2021.
O prejuízo ajustado foi de R$ 6,2 bilhões em 2021. A empresa havia divulgado um lucro líquido de R$ 544 milhões. A empresa fez ajustes no seu Ebitda (que é o lucro antes de juros e impostos) e ainda incluiu despesas com juros de suas dívidas.
Já em 2022, as Americanas tiveram um prejuízo de R$ 12,9 bilhões. O Ebitda negativo (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 6,2 bilhões.
A fraude foi de R$ 25,2 bilhões. Esse valor inclui R$ 20,4 bilhões de verbas de propaganda cooperada, que eram receitas fictícias lançadas como forma de diminuir o custo de mercadorias vendidas e de melhorar artificialmente o resultado operacional. Além disso, a empresa contratava certas operações financeiras, chamadas de risco sacado, para melhorar o seu caixa. Tanto as receitas fictícias de VPC quanto as dívidas de risco sacado eram lançadas nas contas de fornecedores, e acabavam se neutralizando, escondendo essas operações, entre outros.
Ela culpa a antiga diretoria pela fraude. Porém alguns membros do antigo conselho continuam na empresa. Carlos Alberto Sicupira, Eduardo Saggioro Garcia e Paulo Alberto Lemann ainda se mantêm como representantes dos acionistas de referência na diretoria das Americanas, segundo o site da varejista.
As Americanas têm mais de 1.600 lojas no Brasil. São 14 centros de distribuição.
Como está a dívida das Americanas
A companhia entrou em recuperação judicial em janeiro deste ano. No pedido, a Americanas alegava R$ 43 bilhões em dívidas e mais de 16 mil credores.
A dívida bruta da empresa é de R$ 37,3 bilhões em 2022. O número divulgado em 2021 era de R$ 7,8 bilhões. A empresa fez reajustes e a reclassificação das dívidas com fornecedores, que fizeram o endividamento bruto da empresa disparar.
A dívida líquida da empresa é de R$ 26,29 bilhões. Esse é o número de 2022. Isso é mais de R$ 12 bilhões do apresentado no ano anterior.
A empresa tem R$ 82,8 milhões em dívidas trabalhistas e de R$ 180,2 milhões com micro ou pequenas empresas. Essas dívidas serão pagas de forma integral. Ela já pagou R$ 114,5 milhões dessas dívidas, e ainda há um saldo de R$ 148,6 milhões. São mais de 16 mil credores.
Ela ainda tem R$ 5,5 bilhões de dívidas com fornecedores e R$ 36,8 bilhões em dívidas financeiras. O total é de R$ 42,5 bilhões. Ela ofereceu algumas opções para pagar essas dívidas. Deve fazer um leilão de suas dívidas, com desconto mínimo de 70% e pagamento em 15 anos. Quem optar pelo maior desconto entra primeiro na fila. Há ainda outras opções de pagamentos para fornecedores.
Planos para 2025
A Americanas diz que tem "centrado esforços na continuidade do negócio". No comunicado de hoje, a companhia divulgou alguns pontos sobre seu plano estratégico de negócios e projeções para 2025. A empresa quer usar lojas para melhorar sua logística. A companhia também diz estar focada na renovação das lojas físicas, na otimização dos custos de ocupação e revisão de processos.
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Quero receberFraude prejudicou relação com clientes e fornecedores. A empresa disse, em teleconferência com acionistas hoje, 16, que a divulgação prejudicou principalmente sua operação digital. O número de visitas de clientes e conversões - visitas que se transformam em compras - caíram. Assim como o número de vendedores, que ficaram em dúvidas se a empresa teria condições de repassar seus pagamentos, disse a empresa.
Quer vender a Uni.co, dona da Imaginarium, e a HNT, dona das redes Hortifruti e Natural da Terra. Essas vendas haviam sido paralisadas no início deste mês.
Também vai reestruturar a Ame, seu braço financeiro.
Deve gerar caixa só em 2025. As Americanas esperam um Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025. Além disso, a companhia aposta na diminuição de sua dívida financeira bruta financeira para algo entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
Acreditamos que, com este plano, a Americanas estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro. Não será fácil, não será simples, mas será feito.
Leonardo Coelho, CEO da Americanas
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