Quer ganhar renda com ações da Disney, Google e Apple? Bolsa tem novo fundo

As cotas de ETFs podem ser compradas por meio do aplicativo de uma corretora, na parte de home broker. Com um só fundo, o investidor tem acesso a ações de grandes empresas dos EUA, sem precisar abrir uma conta no exterior.

A gestão do SPYI11 é feita pela Buena Vista Capital. Ela é uma gestora brasiliense com R$ 90 milhões de ativos sob gestão. A administração do fundo fica por conta da Vórtx. Embora chegue ao mercado nesta terça-feira (14), o ETF já reúne 352 cotistas, a maioria pessoas físicas, e R$ 10 milhões de patrimônio captados, fruto de algumas ofertas internas entre os distribuidores.

Os dividendos serão pagos ao investidor em reais na conta da corretora ou instituição financeira. O pagamento já conta com as devidas conversões de câmbio e com desconto de Imposto de Renda de 15%, retido na fonte. Nos EUA, dividendos tem taxa de 30% de imposto. "O nosso produto acaba se tornando até mais eficiente do que investir no SPYI lá fora", afirma Renato Nobile, gestor da Buena Vista Capital.

O ETF também terá Imposto de Renda de 15% sobre o ganho de capital em caso de venda das cotas. Também tem taxa de administração de 1,51% ao ano, para as gestoras dos fundos no Brasil e dos EUA.

Fundo quer pagar pinga-pinga de 1% todo mês

O SPYI11 é um ETF (Exchange Trade Fund), fundo de índice. Os ETFs buscam replicar o desempenho de um índice, como o Ibovespa. No caso do SPYI11, ele busca copiar o desempenho do índice NEOS U.S Equity High Income Index, que reúne empresas com alto potencial de gerar renda. Para isso, o fundo brasileiro vai comprar cotas de outro ETF listado no exterior, o NEOS S&P 500 High Income ETF (SPYI), que investe nas 500 maiores empresas dos EUA.

A meta da Buena Vista é conseguir garantir uma renda mais estável, de 1% ao mês, para os investidores. Mas as ações americanas não são fortes pagadoras de dividendos. Segundo Nobile, de um retorno em dividendos de mais de 12% ao ano, os proventos pagos pelas companhias representariam apenas 1,58%.

Para isso, fundo tem estratégia complexa. Esse fundo americano não investe só em ações, mas também usa uma estratégia de venda coberta com opções do próprio índice S&P500, também chamado de "covered call". Com isso, o objetivo é ter essa outra fonte de lucros para distribuir aos acionistas.

A meta é ter pagamento estável. Se, por acaso, o fundo tiver um lucro excedente acima de 1% em um mês, esse valor vai ser colocado parcialmente em caixa ou reinvestido em opções com vencimentos mais longos. A estratégia de reinvestir e acumular boa parte dos retornos excedentes também contribui com essa previsibilidade. No seu pior mês até o momento, o SPYI, fundo americano, teve um retorno de 0,98%.

Vale a pena?

Falar em opções e principalmente de ativos internacionais parece um negócio complexo, mas segundo especialistas consultados pelo UOL Investimentos, pode valer o risco. Marcelo Meurer, especialista em opções e analista da Dica de Hoje Research, diz as opções são uma forma de gerar dividendos sintéticos. Ou seja, não são uma renda que vem do lucro das empresas, mas sim pela venda de opções de compra de um determinado ativo, que, com consistência e responsabilidade, pode chegar em alguns casos até 1% a 2% ao mês.

Opções são outra forma de gerar renda com seus ativos. Imagine que você tenha um imóvel avaliado em R$ 500 mil, e uma pessoa interessada te dá um sinal de R$ 10 mil com a condição de que em um mês, a critério exclusivo dela, ela poderá ou não comprar este, pagando pelo valor integral além do adiantamento. Por um lado, a pessoa ganhou a liberdade de comprar um imóvel ou de desistir se achar uma oportunidade melhor. Já o dono do imóvel, gerou uma renda extra de apenas R$ 10 mil por apenas aceitar a condição de vender o imóvel. O mesmo funciona com ações: donas de ações vendem opções de compra, criando uma renda mensal.

Há riscos em investir em opções. Se a ação subir muito, o dono da ação pode ser obrigado a vendê-la ao preço que foi acordado na opção, e ele deixa de ganhar com essa valorização.

O ETF SPYI11 pode ser interessante para quem ainda não possui conhecimento sobre opções. "É uma forma de democratizar o universo das opções. Atualmente, poucas pessoas têm conhecimento e operam esta categoria. Mas é um trabalho que requer experiência e boa leitura do mercado por parte dos gestores", diz Meurer.

É uma forma de investir em grandes empresas. Luan Alves, analista chefe da VG Research, diz que, como o fundo investe em empresas do S&P 500, formado na sua maioria por empresas grandes e sólidas, as chances de dar errado para o investidor acabam sendo mitigadas.

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