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De endividado a investidor: como sair das dívidas e ter mais dinheiro

Você é daqueles que vive usando o cheque especial, parcelando o cartão de crédito e terminando o mês sem dinheiro e com a conta no vermelho?

Veja como organizar a sua vida financeira, quitar dívidas e poder ter tranquilidade para realizar os seus sonhos, começando a investir. "Os investimentos podem ser aliados quando você traça estratégias de curto, médio e longo prazo. Mas para isso você precisa ter um planejamento financeiro saudável", diz a planejadora financeira Lueny Santos, no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL.

Essa matéria é o primeiro aulão da série "De endividado a investidor: como se livrar das dívidas e guardar mais dinheiro". Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo de 28 de setembro. Serão três lives ao vivo, e assinantes podem rever as aulas quantas vezes quiserem.

Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!

A última série do Papo com Especialista foi sobre como se aposentar sem depender do INSS. Para saber mais, acesse "Como se aposentar sem depender do INSS e por que começar a investir já".

Você está endividado?

O Brasil tem mais de 71 milhões de pessoas em situação de inadimplência. O levantamento foi feito pelo Serasa em agosto de 2023, segundo Lueny.

Dívidas não são só os empréstimos, financiamentos e consórcios, quando você paga um juros por isso. "Na verdade, uma dívida é um compromisso que você precisa honrar e quitar no prazo combinado. Então as parcelas que você tem no cartão de crédito são dívidas e os cheques que você deu para pagar um produto ou serviço também são uma dívida, mesmo que o pagamento não esteja atrasado", afirma.

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Cheque especial não é uma extensão do seu salário. É um empréstimo pré-aprovado que o banco deixa disponível diretamente na sua conta, e você pode usar a qualquer momento. Mas ele tem a segunda maior taxa de juros do mercado, atrás apenas do cartão de crédito. "Usar o cheque especial como extensão do seu salário não é saudável financeiramente. Você já parou para pensar na quantidade de juros que paga por mês?", diz ela.

Saiba o custo total do financiamento. Em um financiamento, de carro ou imóvel, por exemplo, há um bem atrelado ao valor da dívida e, por isso, os financiamentos costumam ter juros menores que empréstimos. "Um ponto importante é que, quando você financia um bem [casa, imóvel, etc.] e ainda está na fase de pagamento do seu financiamento, o verdadeiro dono do bem não é você, e sim o banco. O bem só será seu quando finalizar o pagamento do financiamento", diz.

Antes de fazer uma dívida, você precisa pensar em todos os custos, e não só na parcela. Você pensa em comprar um carro financiado porque a parcela cabe no seu orçamento. Mas esquece que existem outras despesas ao longo dos outros meses, como IPVA, seguro e manutenção do veículo. "Se você não contemplar tudo isso no seu orçamento mensal e anual, provavelmente você vai ter um desajuste dentro do seu fluxo financeiro", afirma.

Entenda a importância de montar uma estratégia de controle de gastos. "A estratégia de como você vai controlar a meta definida ao longo do mês é um dos pontos mais importantes para garantir que você tenha um planejamento que faça sentido para você", diz.

Quando falamos de planejamento financeiro não estamos falando apenas de números, e sim de vidas, rotinas, padrões, vontades. Porque todo mundo sabe que precisa gastar menos do que ganha, mas isso na prática acaba não acontecendo.
Lueny Santos

Muitas pessoas não têm o hábito de controlar o seu fluxo financeiro de forma estratégica, contemplando não só o mês, mas todo o período.

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Por que as pessoas se endividam

Dívida pode ser por questões circunstanciais. Alguém que perdeu o emprego ou teve algum cenário de doença, por exemplo, pode entrar nas dívidas em um certo momento. "Nesse caso, as questões mais numéricas já conseguem resolver o cenário, como reduzir gastos. Ou seja, vale olhar para os números", diz.

Mas tem gente que se endivida por ter um padrão de consumo que não condiz com sua renda. Em geral, essas pessoas têm mais padrões comportamentais para encarar. Lueny diz que a questão numérica, que é entender quanto ganha e quanto pode gastar, é importante. Mas a pessoa precisa perceber quais são os seus comportamentos no dia a dia, que vão ajudá-la na forma que ela lida com o dinheiro.

"Precisa entender que você não pode pedir delivery todos os dias, que não dá para ir de Uber todos os dias para o trabalho ou fazer as viagens que os seus amigos fazem ou não dá para pagar a escola 'xis' para o seu filho", diz a planejadora financeira.

A gente entra naquele contexto do 'eu trabalho tanto, eu mereço'. A gente realmente merece aproveitar esse lado da vida. Mas a gente também merece ter uma vida financeira tranquila.
Lueny Santos

O que fazer já se sua vida financeira está indo mal

Cuidado com o cartão de crédito. Você usa o cartão de crédito para cobrir os gastos do mês? Você sempre leva um susto quando a fatura fecha? Ou ele é usado de forma estratégica e controlada? "O autoconhecimento é muito importante. Se você não tem disciplina e controle para olhar para o seu cartão de crédito, é melhor que você não use o cartão de crédito", afirma.

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Não passe o cartão sem pensar que vai ter que pagar depois. A educadora diz que muitas pessoas começam a passar o cartão de forma automática, mas não olham o peso que as parcelas terão no orçamento. "Em um mês você não consegue pagar o cartão, depois vai para o cheque especial, depois para o empréstimo, e isso vai aumentando de uma forma que você nem percebe", diz.

Vale definir uma meta para o cartão de crédito. "É você quem vai definir o limite de quanto pode gastar no cartão, e não o banco. Você pode ter até um limite 'xis', mas se não faz sentido dentro do seu padrão de vida, você deve controlar esse cartão para não ter surpresa no final do mês", declara.

Se você se descontrola, deixe de usar o cartão. Se você quer sair das dívidas para conseguir guardar dinheiro para o que, de fato, é importante para você, vale deixar o cartão de crédito de lado, desenhar uma estratégia para poder fazer os gastos no Pix ou no débito. Quando estiver mais habituado com esse controle, você volta a usar o cartão de crédito em alguns momentos específicos, diz ela.

Você precisa entender seu orçamento mensal e suas prioridades. Você está conseguindo priorizar o que é importante? Você realmente pode gastar com isso? Isso faz parte do seu padrão de vida? "O planejamento financeiro serve exatamente para te ajudar a encontrar o equilíbrio entre viver o hoje e se planejar para os projetos e seu futuro. Lembrando de priorizar o que é realmente importante para você", afirma.

Quais as melhores estratégias para sair das dívidas

Faça o levantamento do seu orçamento. "Anote tudo que entra e que sai, com tudo que você está devendo e com todas as informações. Faça um compilado de tudo isso e encare essa realidade por mais dolorida que ela seja para você", afirma.

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O planejamento financeiro é igual à mudança de hábito em relação à alimentação. Você não emagrece do dia para a noite. Se você tem um cenário de dívidas, também não vai ser do dia para a noite que você vai conseguir quitar e resolver tudo.
Lueny Santos

Defina metas para as despesas variáveis (supermercado, combustível, lazer, etc.). Quanto, de fato, você pode gastar? Você precisa colocar uma meta de valor e definir como vai acompanhá-la. Exemplo: gastar tudo no débito e deixar na conta corrente só o que pode gastar. "Entendido isso, você vai perceber o que tem disponível no seu orçamento e quanto vai conseguir destinar para o pagamento das dívidas", afirma.

Antes de resolver as dívidas, faça uma reserva financeira de emergência. "Se você desenhou uma estratégia [para sair das dívidas] e, no meio do caminho, você tem um imprevisto, você volta para o contexto de endividamento", declara. "No primeiro momento, o objetivo é encontrar esse equilíbrio entre padrão de vida, dívidas e o valor que você vai guardar para a reserva. Porque essa reserva e as mudanças de comportamento vão garantir que você não volte para esse cenário."

Não negocie com o banco a parcela da dívida sem antes saber quanto cabe no seu orçamento. "Se você não está fechando o seu fluxo mensal, não adianta assumir mais uma parcela. Não adianta fazer uma renegociação, aumentar o prazo, ter um troco, se o seu orçamento mensal não fecha", afirma.

O que fazer se o seu fluxo mensal está acima do que você ganha? Lueny diz que há três possibilidades: diminuir seus gastos ou aumentar a sua renda ou ainda fazer as duas coisas ao mesmo tempo (estratégia para resolver o seu cenário mais rapidamente). "Se não for possível, você pode ir pensando em etapas. Neste primeiro momento, você corta essas despesas; depois, outras", diz.

Qual dívida pagar primeiro

O parcelamento da fatura do cartão de crédito é a pior dívida e a mais cara. Os juros podem chegar a 400% ao ano, em média. "Já imaginou a bola de neve que isso pode virar?", diz. Se você não consegue controlar os gastos no cartão de crédito, cancele o cartão neste neste momento. Isso vai te ajudar a sair do buraco das dívidas, diz ela.

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Qual dívida pagar primeiro? Vai depender do seu contexto. É preciso avaliar taxa de juros, saldo devedor e valor da parcela.

Nem sempre pagar a dívida mais cara é o melhor caminho. As dívidas mais caras são aquelas com as maiores taxas de juros. "Muita gente vai pelo caminho de pagar a que tem a maior taxa de juros. Mas se existir outra dívida com o saldo devedor menor, e você já conseguir quitá-la, o impacto disso pode ser maior dentro do seu orçamento, pois você vai ter dinheiro disponível até para conseguir se organizar para as outras dívidas", diz.

Nem sempre vale pegar empréstimo para ter uma dívida mais barata. Muita gente fica preocupada em não entrar no cheque especial porque a taxa é muito alta, mas vai pegando um empréstimo aqui e outro ali e nem percebe o quanto a sua dívida está realmente aumentando. Fique atento. "Será que este empréstimo vai, de fato, resolver a sua vida? Se não for uma estratégia para resolver o seu cenário, não faz sentido pegar o empréstimo, sem olhar para este contexto como um todo. O empréstimo, por si só, não vai resolver a sua vida financeira sozinho", afirma.

Só pegue empréstimo se tiver certeza de que tem capacidade de pagar as parcelas. "Se for o caso, você pode até assumir uma parcela em um prazo maior e, depois, desenhar uma estratégia para amortizar essa dívida", afirma.

Busque estratégias possíveis e realistas dentro do seu cenário, mas você precisa também encarar a sua realidade.
Lueny Santos

Aulão: Como se aposentar sem depender do INSS

Quer se aposentar cedo, viver de renda e ter uma vida tranquila? Investir pensando na aposentadoria é um sonho comum. Mas o que muitos não sabem é que planos de previdência não são os únicos produtos que podem ajudar com esse objetivo. O UOL tem um Aulão, com três lives, sobre o tema "Como se aposentar sem depender do INSS". Assinantes podem rever as aulas quantas vezes quiserem e têm acesso aos três textos na íntegra.

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O primeiro aulão foi sobre como se planejar para a aposentadoria. O segundo, sobre como escolher o melhor fundo de previdência. Já o terceiro aulão ampliou os horizontes e indicou que outros investimentos podem ser usados para guardar dinheiro para o futuro, muito além da previdência.

Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!

A última série do Papo com Especialista foi sobre como chegar a R$ 1 milhão - ou qualquer outro valor - e investir seu dinheiro de acordo com seu perfil, sonho e prazo. Para saber mais, acesse "Quer ser milionário? Veja como investir e o que não te contam".

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Opinião

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