Conservador ou arrojado? Como entender seu perfil te ajuda a investir
Antes de começar a investir o seu dinheiro, o recomendado é que você conheça, primeiro, o seu perfil de investidor. "Entender o seu perfil de risco é uma forma de investir melhor, de ter crescimento no seu patrimônio", declara a planejadora financeira Keylla Santos, no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL.
Essa matéria é o segundo aulão da série sobre como investir de olho no longo prazo. Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo de 21 de março. Serão três lives ao vivo, e assinantes podem rever as aulas quantas vezes quiserem. Veja a primeira aula aqui.
Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40. Assine aqui e participe!
A última série do Papo com Especialista foi sobre como se planejar para a aposentadoria. Para saber mais, acesse "Veja o que considerar ao montar seu plano para uma aposentadoria tranquila".
Como alinhar seu perfil aos seus investimentos
É conseguir alinhar o portfólio de investimentos ao seu perfil de risco, objetivos e momento financeiro. "Não é só aquele questionário que as instituições financeiras e as corretoras aplicam para verificar o perfil do cliente", diz Keylla.
Vale se aprofundar um pouco mais. "Para além do questionário, é importante que você também se preocupe em entender o seu perfil de risco, porque essa informação é fundamental para garantir tranquilidade em relação às suas decisões de investimento", afirma.
Busque avaliar informações como a situação financeira. Isso inclui sua renda, patrimônio, se tem ou não dívidas, etc. Entenda quais são seus compromissos de curto, médio e longo prazo, estabeleça prazo para eles e teste a sua predisposição para correr risco.
Encontrar o 'suitability', essa adequação do seu portfólio de investimento, vai muito além do que aquelas perguntas do questionário das instituições financeiras. É importante se aprofundar mais no seu momento financeiro, na sua disponibilidade de correr risco e na sua capacidade também.
Keylla Santos, planejadora financeira
Quais são as categorias de risco?
As categorias mais comuns são conservador, moderado e arrojado. E o que diferencia cada um desses perfis é o nível de tolerância ao risco. "O risco é a possibilidade de ter um resultado diferente do que você espera", diz.
Os principais riscos:
1) Risco de mercado. Os produtos podem sofrer oscilação no preço. Quando você for resgatar o dinheiro, pode ter prejuízo, caso esse resgate seja feito em um momento não tão favorável no mercado, segundo Keylla.
2) Risco de crédito. Isso ocorre principalmente no mercado de títulos de dívidas. É quando o tomador do recurso não honra os seus compromissos.
3) Risco de liquidez. É quando o investidor não consegue fechar uma negociação pelo preço de mercado, pelo valor que aquele ativo custa. "Devido à necessidade de ter o dinheiro rápido, o investidor acaba se desfazendo do título por um preço menor.
Compreender os riscos envolvidos nos produtos de investimentos que você adquire e saber administrá-los é a regrinha de ouro para quem pretende investir para a vida.
Keylla Santos
Risco não é um problema. Faz parte do jogo. Para o seu dinheiro crescer, é necessário correr algum tipo de risco, mas é importante você saber administrar e entender até que nível você suporta.
A importância da reserva de emergência
A reserva de emergência tem o papel de garantir que imprevistos não comprometam a manutenção do seu padrão de vida nem os investimentos para os seus projetos. Por exemplo: Se você tiver uma queda substancial na sua fonte de renda, qual será o impacto na sua vida e nas suas contas do mês? Você entraria em dívidas ou recorreria a empréstimos?
Pensar no risco no seu planejamento financeiro garante que os seus investimentos serão conservados para cumprir os seus objetivos. Uma forma de administrar o risco é contar com uma reserva de emergência.
Keylla Santos
Antes de pensar no seu portfólio de investimento, garanta que sua reserva de emergência esteja pronta.
Qual o tamanho da reserva de emergência? A ideia é pensar em um valor para cobrir o seu padrão de vida por um certo período. A sugestão é que a reserva tenha pelo menor valor equivalente a seis meses dos seus gastos mensais. "Isso também é estratégia de gestão de risco", afirma Keylla.
Após formar a reserva de emergência, é hora de começar a pensar na sua carteira de investimentos, diz Keylla.
Hora de definir a política de investimentos
Após a reserva, o próximo passo é definir a política de investimentos. A política de investimentos é estabelecer algumas regras e parâmetros sobre como você vai conduzir o portfólio de investimentos, desde a escolha dos ativos até a manutenção da carteira. "Antes de selecionar os seus investimentos, é importante que você já tenha a sua política definida", diz.
As instituições financeiras classificam os produtos com base nos riscos envolvidos e prazo de resgate (liquidez). Há investimentos com prazo de vencimento mais curto; outros têm carência; outros não têm prazo, é você quem define em que momento vai vender aquele ativo, etc.
Essa classificação vai te ajudar a pensar na divisão da carteira por classe de ativos e também na proporção (percentual que vai direcionar para cada categoria). "Com base no risco e no prazo, você vai usar essas informações para pensar na sua divisão de carteira", diz Keylla.
A ideia é buscar a diversificação. Ou seja, montar uma carteira com vários ativos para tentar equilibrar os riscos.
Alguns exemplos de percentuais de alocação por tipo de investimento:
Renda fixa: 80% (conservador), 35% (moderado) e 15% (agressivo)
Inflação: 10% (conservador), 15% (moderado) e 15% (agressivo)
Multimercado: 5% (conservador), 30% (moderado) e 25% (agressivo)
Renda variável: zero (conservador), 12,5% (moderado) e 25% (agressivo)
Global: 5% (conservador), 7,5% (moderado) e 20% (agressivo)
"Isso é uma referência. Mas é importante buscar a distribuição específica para a sua realidade financeira, uma distribuição personalizada que considere, além do cenário econômico, o seu momento financeiro", diz a planejadora financeira.
A chave para ter uma carteira de investimentos adequada ao seu perfil é determinar os objetivos de investimento (projetos para curto, médio e longo prazo) e ter um plano desenhado de como você vai alcançar essas metas.
Por que buscar a diversificação?
A ideia de pensar a distribuição de carteira é buscar a diversificação. Ela existe para tentar diminuir os riscos e equilibrar a alocação de recursos. "Não tem como fugir dos riscos, mas temos como administrá-los", declara.
Por exemplo: se você colocar 80% do seu dinheiro em produtos indexados ao IPCA (inflação), você terá uma carteira que, praticamente, está exposta a qualquer alteração na inflação. "Vale aqui pensar em uma estratégia mais diversificada, e não colocar 80% neste indexador, mas distribuísse em outras classes de ativos", diz.
O mesmo acontece com outras classes de ativos. Se você concentrar os investimentos em renda variável, você terá toda uma carteira dependente do cenário das mudanças econômicas que acontecem na renda variável. "E talvez você vai perder uma oportunidade de alguma janela de títulos de renda fixa que estão pagando uma taxa mais interessante", diz.
O melhor cenário é pensar em um portfólio de investimentos distribuído em diferentes setores, em diferentes classes de ativos.
Keylla Santos
A diversificação não saiu do nada. Keylla diz que tudo isso faz parte da teoria moderna de portfólio desenvolvida por Harry Markowitz, um economista que dedicou alguns anos de estudos para combinar ativos para ajudar o investidor a criar um portfólio com menor risco e melhor retorno.
Passo a passo de como começar a investir
1) Tenha clareza da sua situação financeira.
2) Relacione os seus objetivos com os respectivos valores e prazos. Aqui, você precisa entender quanto custa cada projeto e o prazo para realizá-lo.
3) Monte a sua reserva de emergência. Os investimentos adequados precisam ter liquidez (resgatar a qualquer momento), ser seguro e garanta uma taxa básica de rentabilidade.
4) Conheça o seu perfil de risco. Vale entender como é o seu comportamento diante de cenários mais desafiadores.
5) Saiba qual será sua necessidade de liquidez.
6) Defina a política de investimentos. Como você vai se posicionar diante das classes de ativos, qual proporção em cada uma, como você vai distribuir essa carteira de investimentos.
7) Faça a seleção de ativos.
Isso é fazer o suitability. É conseguir fazer o seu portfólio adequado ao seu perfil de risco, aos seus objetivos e ao seu momento financeiro.
Keylla Santos
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Aulão: Como investir por longo tempo
Saiba como se sentir mais seguro para investir em projetos de longo prazo. Para isso, vale entender conceitos do mercado financeiro, saber fazer uma leitura do resultado da sua carteira, ter ciência dos riscos envolvidos e conhecer o seu perfil de investidor. O assunto será abordado em uma série de três lives do Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL Investimentos. A primeira live explicou três conceitos mais importantes para quem quer investir com conhecimento.
Assista ao aulão no Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, todas as quintas-feiras, das 16h às 16h40.
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