Reoneração: Decisão vai ser tomada no recesso e após conversa com Haddad
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vão conversar entre hoje e amanhã para tratar da MP que restabelece o imposto sobre salários em 17 setores.
O que aconteceu
Pacheco vai tomar a decisão ainda no recesso parlamentar, que dura até fevereiro. Pela manhã, ele se reuniu com dez dos 17 líderes do Senado e deve consultar com os demais ao longo dia.
As conversas com o ministro e os líderes podem ser por telefone, já que Haddad está de férias e muitos parlamentares não estão em Brasília. A falta de acordo sobre o texto gerou polêmica e motivou a convocação da reunião durante o recesso parlamentar.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também será consultado. Ele está em Alagoas, sua terra natal, por um problema de saúde de seu pai. Mas sua opinião vai levada em conta na decisão, afirmou Pacheco.
A definição não pode demorar para não atrapalhar o planejamento das empresas, afirmou o presidente do Senado. Pacheco disse que o setor produtivo precisa de regras claras sobre o cenário futuro.
Pacheco disse ver como "natural" governo editar um projeto de lei se não houver "evolução" da MP. "É direito do governo e vamos estar aqui para ouvir e discutir."
Quero encontrar com o ministro e chegar a um denominador comum. Compromisso fiscal do Congresso precisa ser seguido à risca. É muito importante que façamos uma discussão sobre gasto público. Se gera um impacto de renúncia, não podemos nos furtar a buscar um caminho.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado
O governo determinou o retorno da cobrança do imposto em 28 de dezembro. O prejuízo com a desoneração gira entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões, de acordo com o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Senado.
Mas a MP contraria decisão do Congresso de dezembro do ano passado de isentar estes 17 setores até o ano de 2027. O presidente Lula vetou a medida, mas o Congresso derrubou o veto.
Não tomarei uma decisão de devolução integral ou parcial da MP sem conversar com o ministro Haddad.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado
Propostas em discussão
A decisão ficará a cargo de Pacheco, que tem as seguintes opções:
Devolução total da MP;
Devolver somente a parte sobre a reoneração salarial e manter os demais itens;
Discutir o tema por projeto de lei.
O que vai acontecer
A oposição pressiona pela devolução total. Relator do projeto da prorrogação da desoneração no Senado, Efraim Filho (União-SE) afirmou que a maioria dos líderes presentes na reunião defendeu esta decisão.
Os governistas dizem que há um processo de diálogo em curso. O líder do PSB, senador Jorge Kajuru (GO), afirmou que haverá uma reunião com o ministro Haddad em 1º de fevereiro para decidir o que fazer em relação à MP.
Haddad e integrantes de sua equipe devem conversar com senadores. Amanhã, o secretário-executivo do ministério se reúne com assessores do senador Kajuru.
O parlamentar defende que o governo apresente um programa de corte de gastos em troca da volta do imposto. O presidente do Senado também mencionou essa proposta.
O que deseja a oposição
Os partidos da oposição querem impor uma derrota política ao governo a partir da devolução da MP.
Líder do PL, o senador Carlos Portinho (RJ) considera a medida provisória desrespeitosa ao Congresso. Ele disse que gera desgaste o governo insistir num tema que os parlamentares já derrubaram.
O Republicanos também vai defender a devolução da medida provisória. Os cinco senadores do partido votaram a favor de prorrogar a reoneração. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) classificou a discussão em curso como ato político para a devolução.
O que quer o governo
O Planalto espera aumentar a arrecadação com a volta do imposto sobre a folha salarial. A medida contribuiria para o esforço de atingir a meta fiscal de déficit zero.
Para a base do governo, a apresentação da medida provisória é um convite para o Congresso debater o tema. Randolfe diz que a desoneração não é definitiva e a volta da cobrança de imposto precisa ser discutida.
O senador também questiona qual seria a fonte de reposição da arrecadação caso a reoneração não ocorra, já que o Congresso endossa a agenda de déficit zero nas contas públicas.
Disposição do governo foi editar MP porque a medida provisória é o caminho para o diálogo, para buscar alternativa.
Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso
O caminho da reoneração
O Congresso prorrogou a desoneração da folha até 2027. Relator do projeto, o senador Efraim Filho (União-PB) reclamou que o governo foi omisso por dez meses ao não discutir o assunto.
O presidente Lula vetou a lei da desoneração. Com isso, os efeitos da legislação deixariam de valer e os 17 setores da economia voltariam a pagar imposto.
Dono da palavra final, o Congresso derrubou o veto do presidente e ressuscitou a desoneração. O governo sofreu derrotas por margens amplas: 60 votos no Senado (de um total de 81) e 378 votos na Câmara (de um total de 513).
Em 28 de dezembro, o ministro Fernando Haddad anunciou a MP que estabelece a volta do desconto na folha. A medida recebeu críticas do setor produtivo e da oposição. Ela tem validade de 120 dias a partir de sua publicação.
Os 17 setores desonerados
- Calçados
- Call centers
- Comunicação
- Confecção/vestuário
- Construção civil
- Empresas de construção e obras de infraestrutura
- Couro
- Fabricação de veículos e carroçarias
- Máquinas e equipamentos
- Proteína animal
- Têxtil
- Tecnologia da informação (TI)
- Tecnologia de comunicação (TIC)
- Projeto de circuitos integrados T
- Transporte metroferroviário de passageiros
- Transporte rodoviário coletivo
- Transporte rodoviário de cargas
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