Consumidores topam ver anúncios em troca de serviços gratuitos, diz estudo
Renato Pezzotti
Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)
16/02/2024 08h01
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Cerca de 70% dos consumidores acham justo receber anúncios em troca de serviços gratuitos —e quase 8 em cada 10 pessoas prefeririam receber mais anúncios para não precisar pagar pela utilização de sites ou aplicativos.
Os números estão no estudo "A internet gratuita apoiada por anúncios: consumidores, conteúdo e troca de dados", produzido pelo IAB (Interactive Advertising Bureau).
O relatório, focado nos consumidores norte-americanos, ainda mostra que 80% das pessoas ouvidas concordam que a "internet livre e aberta é um bem social". Três em cada quatro respondentes entendem que compartilhar seus dados permite que sites/aplicativos saibam mais sobre eles para veicular anúncios personalizados.
Isso aumenta ainda mais a responsabilidade das marcas (e suas agências) em criar ações de marketing que alcancem os consumidores dentro de um contexto que seja bom para as pessoas —e para as empresas.
O UOL Mídia e Marketing conversou com representantes de agências de publicidade para entender um pouco mais sobre o que significam tais números. Confira:
A chave para o sucesso na era digital é a capacidade de equilibrar inovação e criatividade com respeito e responsabilidade. Isso envolve não apenas o uso inteligente de dados e tecnologia, mas também uma reflexão cuidadosa sobre o impacto que nossas mensagens têm na experiência online do usuário.
Sergio Brotto, sócio e vice-presidente de mídia da agência Ampfy
Vivemos a era da reputação e da consistência. Quem não atuar sobre esses pilares, está exposto e fragilizado. Além disso, vivemos em um mundo pulverizado e altamente fragmentado. A criatividade será a grande chave de retenção da atenção do consumidor.
Rafaela Alves, CDMO (chief data media officer) da agência AlmapBBDO
Estamos falando com um consumidor que está pré-disposto a receber uma comunicação em troca de algo. Isso torna nossa comunicação menos impositiva. Por outro lado, a segmentação das plataformas criou no consumidor a sensação de que parte dos nossos interesses são compartilhados. Esta segmentação com contexto pode ser muito eficiente para a criatividade.
Laura Esteves, VP de criação da agência DM9
Marcas e veículos precisam atuar de forma a não saturar a audiência. O consumidor está disposto a ser impactado, mas é preciso impor limites, em especial de frequência. A monetização não pode sobrepor a experiência.
Rafaela Alves, da AlmapBBDO
Os consumidores estão mais informados e exigentes. Eles esperam que as marcas não apenas respeitem sua privacidade, mas também forneçam conteúdo que seja genuinamente útil, interessante e entregue no momento certo.
Sergio Brotto, da Ampfy
Confira outros números do estudo, que ouviu mais de 1.500 consumidores norte-americanos:
80% dos consumidores ouvidos concordam que sites/aplicativos são gratuitos por causa da publicidade.
79% dos respondentes acham que seria "injusto" para os consumidores de baixa renda se sites/aplicativos não fossem "gratuitos e abertos".
91% afirmam que ficariam "frustrados ou zangados" se tivessem que começar a pagar pelos sites/apps que utilizam atualmente.
90% deles preferem receber anúncios personalizados.
85% acham que é importante que os sites/aplicativos lhes informem os dados específicos que compartilham e quais podem ser excluídos.
quase metade (49%) alega que os sites/apps não fornecem informações suficientes sobre como os seus dados são utilizados.
A internet apoiada por anúncios é boa para os consumidores, é boa para a sociedade e democratiza o acesso à informação e ao entretenimento. Ainda assim, a indústria da publicidade deve reforçar aos consumidores que a partilha dos seus dados é segura e benéfica para eles.
David Cohen, CEO do IAB Estados Unidos, em comunicado
O IAB (Interactive Advertising Bureau) é uma associação que representa o mercado de publicidade digital em todo o planeta. No Brasil, atua desde 1998 e possui mais de 200 empresas filiadas.
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