Economistas e políticos lamentam morte de Affonso Celso Pastore
Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e um dos mais importantes economistas brasileiros, morreu em São Paulo nesta quarta-feira (21) aos 84 anos. Amigos, antigos alunos e políticos — como o senador Sergio Moro, que foi aconselhado por Pastore em sua pré-candidatura à Presidência da República em 2021 — lamentaram a morte.
O que aconteceu
Pastore estava internado desde sábado (17), quando passou por uma cirurgia após sofrer um acidente vascular.
O velório será realizado das 13h às 17h nesta quarta (21), no cemitério do Morumbi. Estará aberto ao público.
Tristeza e homenagens
Amigos, economistas, políticos, admiradores e instituições estão manifestando pesar pela morte e fazendo homenagens a Pastore. Veja o que estão dizendo:
Estou muito triste com a morte de Affonso Celso Pastore. Ele foi um grande amigo, inspirador e parceiro. O Affonso Pastore foi o maior expoente e promotor do foco na ciência para a análise de políticas econômicas, no uso da evidência para avaliarmos, aprendermos e implementarmos políticas e reformas que venham a beneficiar as sociedades que servimos. Ele sempre esteve sempre à frente do seu tempo, desde os primeiros anos na USP, passando por sua larga e profícua carreira até quando tive a honra de com ele e outros colegas criar o Centro de Debate de Política Públicas (CDPP). Sentirei muita falta do Pastore e mando condolências a todos os familiares e amigos.
Ilan Goldfajn, ex-presidente do BC brasileiro (2016-2019) e atual presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
Grande economista, pesquisador, formador, intelectual e apaixonado pelo Brasil. Sua querida família, seus muitos amigos e o país vão sentir sua falta. Mas ele seguirá nos inspirando, sempre.
Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú e ex-diretor do BC
A pesquisa dele se caracterizava por fazer economia aplicada ao Brasil, com uma profunda preocupação com problemas brasileiros. O tema dele era o Brasil. A segunda característica do Pastore é que ele era uma pessoa que conhecia profundamente teoria econômica, se atualizava. É dessas coisas que ele nunca parou de estudar, mas o que ele mais valorizava era evidência empírica. Gente com muita teoria, sem muito dado, ele não dava muito valor. Ele gostava de ser conhecido como professor de econometria, não como professor de macroeconomia. (...) A minha avaliação é que ele conduziu a política monetária de forma muito discreta, e a maneira da gente perceber isso é que aquelas teorias de inflação inercial passaram a ser formuladas exatamente no momento em que o Pastore era presidente do Banco Central. Porque ele produziu uma política monetária que não gerou choque e que conseguiu inercializar a inflação, que produziu dentro do caos inflacionário que vigorava uma certa ordem, uma certa previsibilidade. Ele foi um homem público absolutamente correto, tinha um comportamento ético, uma capacidade de separar a atividade do setor público com a atividade do setor privado, muita clareza, rigidez, e acho que para todos nós é um exemplo de profissional.
Samuel Pessoa, economista e pesquisador associado do FGV Ibre
O falecimento de Affonso Celso Pastore é uma perda enorme para o pensamento econômico brasileiro. Pastore prestou serviços de alto valor para o Brasil, fosse como presidente do Banco Central, fosse como estudioso apaixonado pela nossa economia. Convivemos em diversos círculos ao longo de anos, sempre com trocas de ideias muito interessantes e férteis. Pastore era um economista de alto gabarito. Sinto a perda de um grande amigo. Meus sentimentos à família.
Henrique Meirelles, ex-presidente do BC, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário da Fazenda de SP
Lamento o falecimento do economista Affonso Celso Pastore, um líder entre os economistas e uma voz sempre influente, tendo sua vida pautada por contribuições em prol do desenvolvimento do estado de São Paulo, onde foi secretário da Fazenda, e do nosso país, enquanto presidente do Banco Central. Toda minha solidariedade aos amigos e familiares.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo
O Brasil perde um de seus maiores economistas, Affonso Celso Pastore, que se destacava pelo rigor e integridade de suas análises econômicas. Tive a oportunidade e a honra de receber os seus conselhos. Sua obra e legado continuarão. Meus sentimentos à Cristina [mulher de Pastore] e à família.
Sergio Moro, senador (União Brasil-PR)
Ex-presidente do Banco Central entre 1983 e 1985, o economista Affonso Celso Pastore deixou marca profunda nos estudos de economia desenvolvidos no Brasil. Com rigor analítico, empreendeu um esforço contínuo de compreensão das raízes de problemas crônicos da nossa economia, como a inflação, o desequilíbrio das finanças públicas e o crescimento econômico. Em sua passagem pelo Banco Central, se dedicou ao trabalho de lançar as bases de uma economia estável e com crescimento sustentável. Deu significativa contribuição para a resolução do problema do endividamento externo brasileiro. Com exímia habilidade, foi negociador junto ao Fundo Monetário Internacional e os bancos credores internacionais, ajudando de forma definitiva a evitar que o país entrasse numa situação de insolvência externa.
Banco Central
No campo acadêmico, Pastore deixa trabalhos inovadores que serviram de inspiração a uma geração de ex-alunos e que certamente serão consultados por novos economistas. Em vida, ganhou o reconhecimento dos mais renomados economistas do país. A Diretoria do Banco Central expressa seu pesar pelo falecimento de Pastore. Sua partida deixará uma lacuna no debate econômico brasileiro. Sempre manteve um diálogo generoso com o Banco Central, dando apoio inestimável às causas da instituição. Deixamos nossas condolências para Maria Cristina Pinotti, esposa de Pastore, demais familiares, amigos e os muitos colegas de trabalho e da academia.
Banco Central
O secretário Samuel Kinoshita e o corpo de servidores da Sefaz-SP estendem suas condolências à família desse incansável estudioso das políticas econômicas que tanto se dedicou pelo país.
Secretaria da Fazenda do Estado de SP
Como legado, o ex-presidente do BC entre 1983 e 1985 deixa uma participação ativa nas negociações da dívida externa brasileira com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e uma série de livros sobre o cenário econômico nacional.
Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais)
É com profundo pesar que os associados e amigos do CDPP (Centro de Debate de Políticas Públicas) recebem a triste notícia do falecimento de Affonso Celso Pastore, nosso fundador e primeiro Presidente. Professor e pesquisador, teve enorme impacto na formação de várias gerações de economistas. Foi presidente do Banco Central e se tornou um intelectual público na melhor acepção do termo: engajado em debates nos mais variados fóruns, capaz de traduzir a teoria econômica para o grande público, aberto a novas ideias, mas sem jamais abrir mão da coerência e do rigor acadêmico. Impressionava a todos que o conheciam pela firmeza de opiniões e retidão moral. É uma imensa perda para todos que tiveram o privilégio de conviver com ele no CDPP. Foi um grande brasileiro que muito contribuiu para o progresso do nosso País. Que sua família e seus muitos amigos, nessa singela carta de pêsames, recebam o nosso carinho e a nossa solidariedade.
CDPP (Centro de Debate de Políticas Públicas)
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