Estratégia ou calote? Mãe processa o próprio filho por dívida de R$ 635 mi

Ding Yumei, ex-mulher do fundador do China Evergrande Group, Hui Ka Yan, entrou com uma ação judicial contra seu próprio filho. Ela alega que Peter Xu Tenghe não efetuou pagamentos de empréstimos e busca recuperar um valor de mais de US$ 128 milhões (cerca de R$ 635 milhões).

O que aconteceu

A ação foi movida em Hong Kong. Segundo a Bloomberg, que teve acesso a documentos judiciais, Ding Yumei alega que o filho não efetuou pagamentos de empréstimos contraídos em junho de 2020.

A unidade de gestão de patrimônio da empresa enfrentou problemas em 2021, ainda de acordo com a publicação norte-americana. O transtorno aconteceu depois de a Evergrande ter dificuldades para realizar pagamentos de cerca de 40 bilhões de yuans (R$ 27,5 bilhões) em produtos de investimento. Na época, isso gerou protestos e levou a empresa a oferecer imóveis com desconto ou quantias menores de dinheiro.

Xu, que comandava a unidade de gestão de patrimônio da Evergrande, foi detido no ano passado junto com outros funcionários da equipe. Na ocasião, a mídia local informou que as prisões aconteceram justamente porque a empresa supostamente não pagou investidores. O próprio Hui Ka-yan, fundador do grupo, também foi detido em setembro de 2023 por suspeita de crimes econômicos.

Suposições em meio à falência da empresa. Embora haja a possibilidade de que realmente existam disputas financeiras dentro da família, uma ação judicial como essa também poderia ser usada como um método para evitar o embargo de patrimônio ou até mesmo o pagamento aos credores. De acordo com o jornal de Hong Kong South China Morning Post, a ação pode ser uma tentativa de proteger ativos e evitar que eles sejam confiscados em meio à falência decretada pela empresa no começo do ano.

Especialistas disseram à publicação que o caso pode ser uma tentativa de Ding e Xu de transferir bens para evitar o seu confisco. "Os bens de Xu e de seu pai podem ser confiscados pelos tribunais da China, já que os dois estão atualmente sob investigação. Como tal, o processo movido pela mãe pode ajudar Xu a transferir alguns dos seus bens e evitar que sejam confiscados", analisou Shen Meng, diretor da empresa de investimentos Chanson & Company, com sede em Pequim.

Falência decretada e dívidas de R$ 1,47 tri

Em janeiro, o Tribunal de Hong Kong decretou a falência da gigante chinesa Evergrande. Linda Chan, juíza encarregada do processo, destacou que companhia não apresentou uma proposta viável de reestruturação após mais de dois anos de um calote de dívida internacional e várias audiências judiciais.

Gigante do mercado imobiliário da China, a empresa acumula uma dívida de US$ 300 bilhões —o equivalente a R$ 1,48 trilhão. Trata-se da maior do mundo para o setor.

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O decreto de falência ocorreu no âmbito de uma ação jurídica movida por alguns credores estrangeiros da Evergrande. A companhia anunciou, no entanto, que vai continuar a operar.

A decisão da Justiça dá início ao processo de liquidação dos ativos da Evergrande no exterior e a substituição de sua diretoria. O presidente-executivo da empresa nessa região, Shawn Siu, disse que a decisão da justiça é "lamentável" e que os projetos de construção de casas serão entregues. Ainda assim, é possível recorrer da decisão.

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