Concurseiros rodam país e terminam apaixonados (e aprovados 11 vezes)

Luiza Dias Seghese, 24, e Victor Volpe Fogolin, 23, se conheceram na faculdade de direito da USP, em São Paulo. Foi pelo amor ao direito notarial que os dois se aproximaram e viajaram por diferentes estados do Brasil para fazer provas de concursos de cartórios.

No caminho, acabaram se apaixonando e foram aprovados (não só uma, mas 11 vezes!).

Eu e a Luiza fomos e somos eternos colegas de sala.
Victor Volpe Fogolin

A aproximação dos dois se deu quando Victor incentivou Luiza a prestar concurso. "Uma das nossas primeiras conversas mais profundas foi no terceiro ano de faculdade. Falamos de um concurso de cartório em Mato Grosso do Sul. Ela não queria se inscrever porque ainda não éramos formados, mas eu disse que o concurso atrasaria e que já tinha me inscrito, para ela fazer isso também. O que nos aproximou bastante foi o nosso objetivo de seguir nessa trajetória de cartórios", lembra Victor.

Luiza se inscreveu no concurso e logo depois os dois começaram a viajar pelo Brasil. "Esse foi o primeiro de muitos concursos que fizemos juntos. E aconteceu algo muito legal: antes da prova oral, ele tinha me falado de uma peculiaridade do código de normas de Mato Grosso do Sul, que efetivamente caiu na minha prova e eu acertei! Senti que era realmente para estar com ele, que a gente tinha um propósito juntos", lembra Luiza.

Os dois aproveitavam os deslocamentos para conseguir estudar para os concursos
Os dois aproveitavam os deslocamentos para conseguir estudar para os concursos Imagem: Arquivo pessoal

O impulso de Victor fez com que Luiza se inscrevesse para outros concursos. "Antes de viajar com o Victor, eu prestei primeiro para Rondônia porque expandi as possibilidades e pensei: se vou para Mato Grosso do Sul, que até então não conhecia, eu também posso prestar para outros estados."

Os dois tinham uma rotina intensa de faculdade, trabalho, estudo para concurso e viagens. "Aproveitávamos os tempos 'mortos' na faculdade para estudar. Aquele período em que a pessoa está no transporte, por exemplo. Gostava de gravar áudio das matérias que estudo ou como se fosse eu explicando. Aí no transporte, colocava o fone e ia ouvindo", diz Victor.

A família de Victor e Luiza se conheceram antes mesmo de eles começarem a se envolver. "Ele conheceu minha família antes de a gente ter qualquer plano romântico. Me sentia muito bem com a família dele e ele na minha", diz Luiza.

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Os dois visitaram juntos vários estados para fazer provas. São Paulo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Alagoas e Maranhão estão na lista. Luiza ainda visitou Rondônia, mas desta vez sozinha.

Pegávamos o mesmo hotel para irmos e voltarmos juntos no mesmo carro e também porque era bom ter sempre alguém ali para te acordar eventualmente. Ele começou a me esperar depois das provas e isso era bom também, para falarmos sobre como foi, ter com quem compartilhar.
Luiza Dias

Entre os pontos visitados, estiveram nos Lençóis Maranhenses (à esquerda) e na Ilha Canela, em Palmas (à direita)
Entre os pontos visitados, estiveram nos Lençóis Maranhenses (à esquerda) e na Ilha Canela, em Palmas (à direita) Imagem: Arquivo pessoal

E, entre as provas, aproveitavam para curtir os pontos turísticos de cada lugar. "Fomos ao Pantanal, em Mato Grosso do Sul, visitamos algumas praias em Santa Catarina, fomos aos Lençóis Maranhenses, ao Jalapão...", lembra Victor.

Estabelecemos pequenas recompensas e, assim, nossa mente associou o momento de fazer a prova a um prazer depois. Isso nos deixava mais relaxados e felizes. Acho que influenciou no resultado também: a alegria era um diferencial para as provas orais.
Victor Volpe Fogolin

Se você está se candidatando a uma vaga em um estado diferente, tem de conhecer, pelo menos um pouco da cultura. Sempre que viajamos gostamos de conversar com as pessoas do lugar.
Luiza Dias Seghese

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Victor e Luiza comemorando após prova de segunda fase em Mato Grosso do Sul
Victor e Luiza comemorando após prova de segunda fase em Mato Grosso do Sul Imagem: Arquivo pessoal

E, nessas viagens, a amizade se transformou em amor. "Começamos a sentir um clima nessas viagens e, antes do Natal de 2021, ele me pediu em namoro. A gente já conhecia a família um do outro. Então, talvez tenha sido a transição mais tranquila de todas, porque a gente já sabia tudo um do outro", diz Luiza.

A gente se conhecia em momentos em que não dá para ter meia verdade.
Luiza Dias Seghese

A gente via um ao outro cansado pós-prova, descabelado, com olheira... a gente se viu realmente nos altos e baixos --e gostou.
Victor Volpe Fogolin

Tabelionato de Notas e Protesto de Estrela d'Oeste/SP, do Victor (à esquerda), e o Tabelionato de Notas de Cosmorama/SP, da Luiza (à direita)
Tabelionato de Notas e Protesto de Estrela d'Oeste/SP, do Victor (à esquerda), e o Tabelionato de Notas de Cosmorama/SP, da Luiza (à direita) Imagem: Arquivo pessoal

Coleção de aprovações

Victor e Luiza passaram nos concursos para serem titulares de cartório no interior de SP
Victor e Luiza passaram nos concursos para serem titulares de cartório no interior de SP Imagem: Arquivo pessoal
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Luiza e Victor foram aprovados 11 vezes. Ela conquistou seis aprovações nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. E ele, cinco: nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Os dois se organizaram para assumir como tabeliães próximos um do outro. Luiza assumiu o Registro Civil e Tabelionato de Notas em Cosmorama (SP), e Victor, o Tabelionato de Notas e Protesto de Letras e Títulos de Estrela D'Oeste (SP). Eles estão morando no "meio do caminho" das cidades, em Votuporanga (SP).

E eles não pretendem parar de estudar. "A gente planeja prestar os concursos que abrirem, quer sempre estudar para ficar atualizado. Para começar, queremos estar perto um do outro, assumir a responsabilidade dos cartórios que recebemos e, no futuro, começar a família", diz Victor.

Queremos desburocratizar muitas coisas, trazer empatia pela população, fazer as pessoas serem bem atendidas, para que as pessoas gostem de estar no cartório. Nosso intuito é transformar coisas que demorariam em algo muito mais rápido.
Victor Volpe Fogolin

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