Cade aprova fusão de Arezzo e Soma, que cria grupo de R$ 12 bi e 20 marcas
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a fusão entre Arezzo&Co e Grupo Soma na noite de terça-feira (26). Com a negociação, a nova empresa vai se tornar o maior conglomerado de moda do Brasil, com faturamento combinado em R$ 12 bilhões.
O que aconteceu
A autorização foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (27). O Cade afirma que a Arezzo&Co atua no segmento de calçados e botas e que vestuário e acessórios é um mercado secundário. O Grupo Soma, em contrapartida, tem foco no vestuário, atuando secundariamente no mercado de calçados e acessórios.
O Cade autorizou a negociação, porque a nova empresa representaria menos de 20% de todo mercado de moda. Por isso, não há preocupações em relação à concorrência.
Como justificativa para a realização da operação, as empresas explicam que a combinação de portfólios de marcas predominantemente complementares contribuirá para a sua maior resiliência em mercados altamente competitivos. Além disso, a operação traria ganhos de sinergia na gestão de canais de venda, otimização de operações industriais e possibilidade de desenvolvimento de novas linhas de negócios.
Cade, em nota
Ainda cabe recurso. Caso não haja pedido de recurso por terceiros em 15 dias ou o Tribunal do Cade não faça pedidos de informações complementares, a fusão terá aprovação definitiva.
Fusão bilionária
Não haverá um monopólio de mercado com a fusão, que concentrará mais de 20 marcas. Roberto Kanter, economista e professor de MBAs da FGV, especializado em varejo, afirma que a operação é positiva e que o grande concorrente das lojas de departamento são os sites asiáticos, como a Shein, que entram de forma mais agressiva no mercado com preços baixos.
Hoje as marcas ligadas tanto à Arezzo como à Soma têm gestões independentes. Isso faz com que cada uma das empresas mantenha seu DNA. "As demais marcas do mercado mais pulverizado, como Osklen, Le Lis, algumas outras marcas cariocas e paulistanas de média e alta classe, não obrigatoriamente vão ser afetadas, porque o DNA do grupo [Soma e Arezzo] é as marcas serem individualizadas.", afirma Kanter.
A nova empresa representa uma parcela muito pequena do segmento de moda.
A fusão das duas marcas deve resultar em uma empresa de R$ 12 bilhões, que se estima em 5% e 6% do mercado de moda. O mercado de vestuário é extremamente pulverizado, então o resultado dessa fusão se estiver entre 5% e 6% nada mais é do que uma Renner, não vai formar um grande monopólio.
Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores
O mercado de moda tem muitos concorrentes e, por isso, a fusão não vai atrapalhar a atuação das outras marcas. Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo), afirma que como o mercado é pulverizado e com grande concorrência de importações da China (mesmo que com peças de menor qualidade, segundo Angelo), a competição do setor não diminui com a nova empresa.
Marcas do grupo
A Arezzo&Co fez diversas aquisições nos últimos anos. O objetivo é criar uma "house of brands", com diversas marcas. Uma das principais aquisições foi a do Grupo Reserva, que passou a se chamar AR&CO. A aquisição marcou a entrada do grupo no setor de vestuário — até então, o foco da Arezzo era nos calçados. Hoje são 12 marcas.
O Grupo Soma foi criado em 2010 após a fusão entre as marcas Farm e Animale, ambas fundadas na década de 1990. A partir de 2020, o grupo acelerou sua expansão, com diversas aquisições. Hoje são dez marcas.
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