Não tem por que o mercado questionar o governo, diz Gleisi sobre nova meta
A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), questionou nesta terça-feira (16) as reações do mercado ao anúncio de que o governo federal revisou as projeções e agora prevê meta de déficit zero em 2025.
O que disse a deputada
Gleisi lembrou que a meta fiscal já foi alterada 'várias vezes'. Para a presidente nacional do PT, as novas estimativas são realistas e não demonstram desestabilização ou falta de previsibilidade do governo Lula. "[Houve mudanças na meta] Em outros governos, nos nossos governos [do PT]. Não há nenhum problema que isso traga", minimizou Gleisi durante entrevista ao "Estúdio i", da GloboNews.
Deputada citou previsões mais pessimistas, como a do Focus. Gleisi comparou as projeções do governo com as estimativas mais recentes do Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central com um resumo das expectativas do mercado. "Se você for pegar o Focus, está prevendo um déficit de 0,6% para 2025. O governo ajustou para um resultado de 0% — ou seja, sem déficit e também sem superávit", explicou.
Presidente do PT ainda criticou declarações de Campos Neto. Mais cedo, durante evento promovido pelo Council on Foreign Relations, o presidente do BC disse ser necessário que as âncoras fiscal e monetária trabalhem juntas e que o ideal é não mudar a meta. Para Gleisi, Campos Neto presta um "desserviço" ao país e causa especulações sobre um aumento de juros. "O presidente do BC não tem que ficar falando de política fiscal. Ele mesmo disse que não tinha que falar", disse a deputada.
O mercado estava avisado. Não tem por que o mercado ficar questionando o governo. O próprio mercado dizia que seria impossível ou difícil chegar à meta [de déficit] zero, difícil chegar a 0,5% de superávit. O Boletim Focus está dizendo que a previsão deles é de 0,6% de déficit no ano que vem. Então por que o mercado fica nessa tensão? Isso estava acertado.
Gleisi Hoffmann (PT-PR), deputada federal, à GloboNews
Alinhamento com Haddad
Postura de Gleisi é semelhante à adotada por ministro nos EUA. Fernando Haddad também disse não ver razão para ruído no mercado com a mudança da meta fiscal de 2025. "O ajuste foi feito para, à luz do aprendizado de mais de um ano, nós estabelecermos uma trajetória que está completamente em linha com o que se espera no médio prazo de estabilidade da dívida", afirmou o ministro da Fazenda em Washington, DC.
Eu realmente não vejo razão [para disparada do dólar]. Estamos vendo a turbulência da semana e esta não é a primeira que o Brasil passa por um ambiente assim.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, nos EUA
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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