PIB do Brasil cresce 0,8% no trimestre e tem alta de 2,5% em um ano

A economia brasileira avançou 2,5% no primeiro trimestre de 2024, ante o mesmo período do ano passado, segundo dados revelados nesta terça-feira (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A variação corresponde ao menor avanço em relação aos últimos três trimestres na mesma base de comparação. Já em relação ao último trimestre de 2023, quando a economia nacional ficou estagnada, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,8%.

O que diz o PIB

A soma de todos os bens e produtos finais da economia brasileira cresceu 2,5% no primeiro trimestre. A análise é uma comparação com os primeiros três meses de 2023, quando a agropecuária sustentou o crescimento do PIB ao disparar 22,9% em relação aos três meses iniciais de 2022.

Após dois períodos de estagnação, o PIB trimestral voltou a crescer. Entre janeiro e março, a economia brasileira avançou 0,8% ante os últimos três meses do ano passado. A variação interrompe a sequência de dois trimestres consecutivos de estabilidade da atividade econômica. Em valores correntes, o PIB brasileiro foi de R$ 2,7 trilhões no primeiro trimestre de 2024.

No acumulado dos últimos 12 meses, a alta do PIB foi de 2,5%. A variação no período compreendido entre abril e 2023 e março de 2024 é a menor desde o segundo trimestre de 2021, quando a economia saltou 2,4%. As bases de comparação consideram iguais períodos dos anos anteriores.

Expectativas sinalizam que a economia crescerá cerca de 2% em 2024. Os dados mais recentes do Boletim Focus, que analisa as expectativas do mercado financeiro, apontam para o avanço de 2,05% da economia nacional neste ano. Já o último relatório do BC (Banco Central) prevê alta de 1,9% do PIB.

Setores

O resultado do PIB foi influenciado pelo bom desempenho do setor de serviços. Na comparação, o segmento avançou 3%, impulsionado pelas atividades de informação e comunicação, comércio e outras atividades de serviços.

Consumo das famílias são determinantes para o avanço do PIB. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, explica que o comércio varejista e os serviços pessoais motivaram o avanço.

Agropecuária não repete desempenho do favorável no início deste ano. Houve retração de 3% do ramo na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Segundo Rebeca, a economia teve um "crescimento totalmente baseado na demanda interna" no trimestre.

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No primeiro trimestre, setor externo também não contribuiu como nos anos anteriores. "Em 2022 e 2023, o setor externo havia contribuído positivamente, com as exportações crescendo mais do que as importações. Nesse primeiro trimestre essa contribuição virou negativa. Estamos importando muitas máquinas e equipamentos e bens intermediários e o real se valorizou", diz Rebeca.

Na comparação com os últimos três meses do ano passado, o resultado também foi guiado pela ótica da demanda. O movimento é justificado pela melhora do mercado de trabalho e às taxas de juros e de inflação mais baixas. A continuidade dos programas de auxílio às famílias também é visto como determinante.

Investimentos maiores também aparecem em destaque. O salto de 4,1% ante o quarto trimestre de 2023 foi puxado pelas importações de bens de capital, no desenvolvimento de software e na construção. Por outro lado, a produção de bens de capital segue no campo negativo na análise anual.

A taxa de investimento foi de 16,9% do PIB. Valor aparece abaixo dos 17,1% registrados no primeiro trimestre de 2023. Já a taxa de poupança caiu de 17,5% para 16,2% ante igual período do ano passado.

Como o consumo das famílias cresceu bem acima do PIB, consequentemente a poupança diminuiu.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE

Analistas comentam

O resultado veio em linha com as projeções do mercado financeiro. Já esperado, o aumento do consumo doméstico é visto como determinante para a evolução do comércio e do consumo prestado às famílias nos primeiros três meses.

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O PIB do primeiro trimestre confirmou o que os dados relativos ao período já vinham mostrando. Apesar dos juros ainda altos, o crescimento foi mais forte do que o esperado no início do ano. Por trás dos fatores que explicam a atividade forte, destacamos os impulsos fiscais dado pelo governo, a melhora no cenário de crédito e o mercado de trabalho aquecido.
Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

Tragédia no Rio Grande do Sul vai afetar o desempenho econômico. Com as enchentes que atingiram o estado, os analistas observam que vai existir um impacto negativo no desempenho do PIB a partir do segundo trimestre de 2024.

Os principais pontos de atenção para o PIB no momento, em especial para este trimestre, seriam o efeito de base do próprio crescimento mais forte no início do ano, os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a estrutura produtiva e a retomada mais lenta do investimento em razão do menor espaço para reduzir a taxa Selic.
Maykon Douglas, economista da Highpar

O que é o PIB

O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em determinado período. Divulgado no Brasil pelo IBGE, o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais é calculado a partir de uma fórmula que considera os consumos das famílias e do governo, os investimentos e as exportações líquidas.

A pesquisa foi iniciada em 1988, mas sofreu alterações ao longo dos anos. A primeira reestruturação ocorreu em 1998, quando os seus resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade anual. Em 2015, uma nova alteração estabeleceu o ano de 2010 como referência para os cálculos.

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