Enchentes aumentaram preço da cesta básica no RS; arroz subiu 13,2%

A tragédia climática continua afetando as idas aos supermercados da capital gaúcha. Os preços variam a cada dia, e algumas prateleiras ainda estão com falta de produtos.

Qual foi o aumento na cesta básica

Em maio, a cesta básica de Porto Alegre subiu 3,33% em relação a abril do mesmo ano. O dado é do Dieese-RS e divulgado na semana passada. Em comparação com maio de 2023, o valor registrou variação de 2,54%. Nos primeiros cinco meses do ano, a cesta acumula alta de 4,56%. A cesta básica de Porto Alegre já é uma das mais caras do país, mesmo que o estado seja tipicamente agrícola e grande exportador de arroz e frutas cítricas.

É possível sentir as pressões em três produtos: batata (27,06%), arroz (13,2%) e leite (12,41%). Segundo a economista do Dieese, Daniela Sandi, produtos como batata, tomate e banana já vinham apresentando aumentos no Rio Grande do Sul desde o início do ano por causa das instabilidades climáticas.

No Brasil, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em 11 das 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE. Entre abril e maio de 2024, as maiores elevações ocorreram em Porto Alegre (3,33%), Florianópolis (2,50%), Campo Grande (2,15%) e Curitiba (2,04%). Já as principais quedas foram registradas em Belo Horizonte (-2,71%) e Salvador (-2,67%).

E qual foi a inflação?

Em Porto Alegre, a inflação chegou a 0,87% em maio, a maior entre as áreas pesquisadas. No Brasil, a inflação medida pelo IPCA foi de 0,46%, segundo dados divulgados pelo IBGE hoje, 11.

"A situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e serviços", destaca o gerente da pesquisa, André Almeida.
Em maio, as principais altas foram da batata-inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%).

Não há falta de alimentos, mas marcas têm problemas

Em alguns estabelecimentos, havia aviso de limite de unidades por cliente, como de leite e arroz. "Apesar de tudo, há indicações de que serão problemas limitados e pontuais, que não devem continuar ocorrendo, mas desaparecer gradativamente", analisa Sandi.

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"A percepção, ao longo da coleta de preços, é de que não houve desabastecimento na cidade. Entretanto, algumas marcas ficaram ausentes por conta de problemas de logística, pois houve interrupção no tráfego de algumas rodovias e alagamentos nos estoques de distribuidoras", diz ela.

Hortaliças e frutas sofreram mais

Alguns itens não puderam ser coletados em função da calamidade pública na região metropolitana. É o caso das hortaliças e verduras, segundo o boletim da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os alimentos folhosos foram os que mais sofreram devido ao longo período chuvoso, elevada umidade e baixa luminosidade. O manejo das áreas para a reconstrução de canteiros ficou impossibilitado, com perdas de solo, nutriente e matéria orgânica.

Produtores de alface da fronteira oeste do estado relatam perda de 50% da produção. É o que diz um levantamento das Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa) e a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS).

Em três supermercados de um bairro da capital gaúcha (de pequeno médio e grande portes) o pé da hortaliça está custando de R$ 5 a R$ 8. A couve, R$ 9. A variação do preço dos hortifrutigranjeiros é diária. Normalmente, esses itens custam em média R$ 3.

Existem algumas causas para os aumentos. "Vários produtos que tinham sido colhidos foram perdidos. Além disso, a chegada do inverno interfere na sazonalidade dos preços. O pasto diminui e a vaca acaba produzindo menos leite, por exemplo", afirma economista Adalmir Marquetti, professor de economia da Escola de Negócios da PUC-RS.

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Mas problema deve se resolver no médio prazo. "A tendência é o aumento dos preços e, em poucas semanas, tudo irá se regularizar", diz.

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