Inflação sobe 0,46% em maio; taxa anual volta a ganhar força após 7 meses

A inflação oficial do Brasil subiu 0,46% em maio, taxa acima do avanço de 0,38% registrado no mês anterior, mostram dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com a variação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumula alta de 3,93% nos últimos 12 meses. O avanço é superior à marca de 3,69% registrada até abril e corresponde à primeira aceleração anual do índice desde setembro do ano passado, quando a inflação acumulada saltou de 4,61% para 5,19%.

Como foi o IPCA

Inflação de maio superou as expectativas. A elevação de 0,46% do índice oficial de preços veio acima das projeções do mercado financeiro, que previam um avanço de 0,39% do IPCA. A variação é a maior para o mês desde 2022 (+0,47%). Em maio do ano passado, a oscilação foi de 0.23%.

Índice acumulado em 12 meses volta a ganhar ritmo. Após sete meses de desaceleração, o IPCA anual registrou alta de 3,93% entre junho de 2023 e maio de 2024 e teve uma taxa anual maior pela primeira vez desde setembro. No período anual encerrado em abril, a variação foi de 3,69%.

Resultado mantém o IPCA dentro da meta. Mesmo com o ganho de força, o índice acumulado em 12 meses segue no limite determinado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A meta de 3% planejada para 2024 tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, com a possibilidade de variar entre 1,5% e 4,5%.

No acumulado do ano, a inflação tem alta de 2,27%. Com variação de 4,23% desde janeiro, o grupo de alimentação e bebidas impulsiona o avanço do IPCA até maio. Com menor peso na composição do índice, os preços do grupo de educação já dispararam 5,62% neste ano.

Comida mais cara

Alimentos guiaram o avanço do IPCA em maio. Com alta de 0,62% na comparação com abril, o grupo determinou a oscilação acima do esperado do indicador. O aumento foi influenciado pelos tubérculos, raízes e legumes (+6,33%). O destaque individual fica por conta da batata-inglesa, que disparou 20,61% e respondeu pelo maior impacto individual sobre o índice geral.

Mudança da safra foi determinante para o resultado. André Almeida, gerente responsável pelo IPCA, avalia que a alteração está diretamente ligada à variação de preço da batata. A tragédia no Rio Grande do Sul também pode ter impactado o aumento dos preços.

Com a safra das águas na reta final e um início mais devagar da safra das secas, a oferta da batata ficou reduzida. Além disso, parte da produção foi afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das principais regiões produtoras.
André Almeida, gerente do IPCA

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Outros itens também pesaram no bolso das famílias. Além da batata-inglesa, também ficam mais caros no mês de maio os preços da cebola (7,94%), o leite longa vida (5,36%) e o café moído (3,42%). A variação dos itens, que têm presença garantida na mesa dos brasileiros, ocorreram por razões distintas.

O leite está em período de entressafra e houve queda nas importações. Essa combinação resultou em uma menor oferta. Em relação ao café, os preços das duas espécies têm subido no mercado internacional, o que explica o resultado de maio.
André Almeida, gerente do IPCA

Alimentação em casa perde fôlego. Ainda com os aumentos significativos em determinados produtos, o consumo em domicílio teve alta inferior à apurada em abril, passando de 0,81% para 0,66%. O desempenho é explicado pelas reduções de alguns itens, como as frutas (-2,73%).

Os preços estão mais salgados fora de casa. Na contramão do consumo doméstico, a alimentação na rua ganhou ritmo e subiu 0,5%, oscilação acima da taxa de 0,39% do mês anterior. Contribuíram para a taxa as acelerações de preços do lanche (de 0,44% para 0,78%) e da refeição (de 0,34% para 0,36%).

Grupos

Oito dos nove segmentos pesquisados tiveram elevação dos preços. Depois dos alimentos, a alta de 0,67% do grupo de habitação. O aumento é motivado pelo salto de 0,94% no valor da tarifa de energia elétrica residencial. A alta é explicada pelos reajustes realizados em Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Aracaju (SE).

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Maior variação partiu de saúde e cuidados pessoais. A disparada de 0,69% foi influenciada pelo aumento nos preços do plano de saúde (+0,77%) e dos itens de higiene pessoal (+1,04%). "Maio é marcado pelo Dia das Mães, que colaborou para o aumento de preços dos perfumes, artigos de maquiagem e produtos para pele", avalia Almeida.

Passagens aéreas ficam mais caras pela primeira vez no ano. Após a sequência de deflações, os bilhetes subiram 12,09% em maio e puxaram a alta de 0,44% do grupo de transportes. No acumulado em 12 meses, o item saltou 19,93%, ante variação negativa de 6,84% no período encerrado em abril.

Combustíveis registram alta de 0,45% em maio. Para os motoristas, os três combustíveis registraram variações positivas, com destaque para o etanol (+0,53%), o óleo diesel (+0,51%) e a gasolina (+0,45%). Também subiram os preços do metrô (1,21%) e do táxi (0,55%).

Confira a variação individual de cada grupo:

  • Saúde e cuidados pessoais: +0,69%
  • Habitação: +0,67%
  • Alimentação e bebidas: +0,62
  • Vestuário: +0,5%
  • Transportes: +0,44%
  • Comunicação: +0,14%
  • Despesas pessoais: +0,22%
  • Educação: +0,09%
  • Artigos de residência: -0,53%

O que é o IPCA?

O índice oficial de inflação é calculado a partir de uma cesta de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos de um a 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada produto analisado pelo indicador.

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O IPCA considera a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.

O levantamento mensal é feito nos grandes centros urbanos do país. Para isso, o IBGE considera as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal. Há ainda pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

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