Bolsa volta aos 127 mil após Powell dizer que juro alto pode ser ruim

A Bolsa de Valores de São Paulo teve alta nesta terça-feira (9) — feriado em São Paulo — depois que o número 1 do banco central americano admitiu que manter a taxa de juros alta por muito tempo também é prejudicial. O Ibovespa fechou em alta de 0,42%, indo a 127.081,96 pontos, conforme dados preliminares. Esse patamar é o melhor desde 20 de maio. O dólar teve baixa de 1,12%, chegando a R$ 5,414, o menor valor desde 17 de junho.

O que está acontecendo?

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell falou por duas horas no Congresso Americano. E as Bolsas no mundo todo reagiram bem. Inclusive a brasileira. Em seu discurso de abertura, o número 1 do banco central americano disse que "continuamos a tomar decisões reunião por reunião". Mas que os juros não devem ficar mais muito tempo em um alto patamar.

Ele disse que reduzir os juros cedo ou tarde demais pode reverter o progresso em matéria de inflação até agora.

Ao mesmo tempo, à luz dos progressos alcançados tanto na redução da inflação como no arrefecimento do mercado de trabalho ao longo dos últimos dois anos, a inflação elevada não é o único risco que enfrentamos. Uma redução tardia dos juros ou insuficiente poderá enfraquecer indevidamente a atividade econômica e o emprego.
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed)

A inflação, segundo ele, ainda não chegou à meta de 2% do Fed, mas tem melhorado nos últimos meses. Mais dados positivos daqui para frente dariam mais confiança para cortes nas taxas de juros, disse Jerome Powell.

Mesmo quando perguntado pelos congressistas quando o juros vai ter cortes, Powell não foi direto. Numa sessão de perguntas e respostas que foi das 11h até 13h10 (horário de Brasília), o presidente do Fed não se entregou. "Ele é muito cuidadoso com as palavras e nunca se expõe. Continua reiterando que o corte vai depender de mais dados positivos sobre a inflação e economia americana", diz Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital.

Na quinta-feira (11), saem os dados da inflação americana. Nesse dia, serão apresentados os dados de inflação ao consumidor (CPI) com números de junho. A projeção é de alta de 0,10% na comparação mensal.

O que o mercado achou?

Não houve muita novidade na fala de Powell. "Ele segue dizendo que precisa de mais tempo para ter confiança para cortar os juros", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank. Mas o fato dele dizer que os juros altos também podem danificar a economia trouxe esperanças para o mercado.

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Cortar os juros faria o dinheiro sair do tesouro americano e ir para as bolsas. Pagando esse patamar atual de juros, o tesouro americano é hoje, além da mais segura, uma das aplicações que mais pagam. Por isso os mercados — inclusive o brasileiro — sofrem.

Mas há os mais cautelosos. O que Powell falou até agora "indica que não haverá um corte de juros em setembro como o mercado esperava". É o que diz Marcelo Coutinho, especialista em investimentos e analista do TradersClub. "Havia uma grande expectativa de que o primeiro corte ocorresse em setembro e o segundo em dezembro. A priori, mantém-se a preocupação com a inflação, apesar da desaceleração do consumo nos Estados Unidos. O governo americano não se sente confortável em fazer o corte de juros agora em setembro", diz ele.

O pregão também foi fraco por causa do feriado em São Paulo. O volume de negociações ficou em R$ 15 bilhões. A média do ano tem ficado em R$ 24 bilhões.

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