Guilherme Campos assume política agrícola após polêmica com leilão do arroz

O ex-deputado Guilherme Campos Júnior foi nomeado como novo Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária. A nomeação foi confirmada pelo Diário Oficial da União desta terça-feira (9), assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

O que aconteceu

Guilherme Campos Júnior assumirá a Secretaria de Política Agrícola. Ele substituirá Neri Geller, exonerado da função após as polêmicas e anulação do leilão do arroz para compensar o impacto da produção com as enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do grão.

Saída de Geller ocorreu apenas 20 dias antes do anúncio do Plano-Safra. A demissão considera existirem indícios de conexão do também ex-deputado com um dos intermediários das empresas vencedoras do leilão do arroz. Ele negou os indícios de favorecimento.

Geller foi candidato ao Senado em 2022 e teve o mandato cassado por abuso de poder econômico. Após o caso, ele teve a cassação revertida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e Com os direitos políticos reestabelecidos, assumiu a Secretaria de Política Agrícola.

Campos é atual Superintendente de Agricultura e Pecuária no Estado de São Paulo. Formado em engenharia civil, ele exerceu dois mandatos de deputado federal (2007-1015) e foi vice-prefeito de Campinas (SP). Também já presidiu os Correios e foi diretor administrativo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em São Paulo.

Campos foi um dos fundadores do PSD (Partido Social Democrático). Na Câmara, foi o primeiro líder da bancada do partido e presidiu as frentes parlamentares da Micro e Pequena Empresa, do Combate à Pirataria e do Mercado Imobiliário.

Polêmica envolvendo o leilão do arroz

Neri Geller foi demitido em junho. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro demitiu o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, o ex-deputado e ex-ministro Neri Geller. Fávaro afirmou que o secretário pediu demissão no período da manhã, que foi aceita.

O leilão arrematou 263,7 mil toneladas de arroz importado, com objetivo de evitar alta dos preços. Depois de convocar as empresas vencedoras, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) constatou que elas não tinham capacidade para entrega.

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Anulação foi comemorada pela bancada do agro. Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), anunciou o cancelamento durante a reunião semanal do grupo. A notícia foi recebida com aplausos pelos parlamentares.

Suspeitas após resultado

O leilão foi realizado pelo governo para suprir as perdas do Rio Grande do Sul. Entre as empresas vencedoras, havia sorveterias e locadoras de máquinas. Só uma das vencedoras, Zafira Trading, é do ramo, conforme revelou o Estadão.

Pretto argumentou que, como o leilão foi feito com Bolsas de Mercadorias, só se descobriu o segmento das vencedoras depois do resultado. "A partir da revelação de quem são essas empresas, começaram os questionamentos se essas empresas teriam capacidades técnicas e financeiras para honrar os compromissos de um volume expressivo de dinheiro público."

"Não tem como a gente depositar o dinheiro público sem ter as garantias de que esses contratos serão honrados", admitiu. Segundo o presidente da Conab, o governo não realizou nenhum pagamento às vencedoras.

Saída de Geller

A permanência de Geller estava insustentável. Ele já havia sido cobrado por Lula para que explicasse a possível relação entre sua família e uma das corretoras do certame.

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A principal corretora do leilão, FOCO Corretora de Grãos, pertence a um ex-assessor de Geller. Conforme revelou o portal especializado The AgriBiz, Robson Almeida de França trabalhou com o secretário enquanto deputado e é sócio de seu filho, Marcello Geller.

Fávaro negou irregularidades. "[Não houve] nenhum fato que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que, de fato, gerou um transtorno e por isso ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição", afirmou o ministro.

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