Lula indica Galípolo para substituir Campos Neto na presidência do BC

O economista Gabriel Galípolo, 42, foi o escolhido pelo governo federal para substituir Roberto Campos Neto no comando do BC (Banco Central). Desde 2023, Galípolo é o diretor de política monetária do órgão. A presidência do BC vai de 2025 a 2028. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (28) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O que aconteceu

Haddad disse que nome de Galípolo será encaminhado ao Senado nesta quarta. O ministro afirmou que os nomes dos novos diretores do BC ainda precisam ser discutidos.

Hoje ele [Lula] está encaminhando ao Senado Federal, ao presidente Pacheco e ao senador Vanderlan, presidente da CAE, o indicado dele para a presidência do Banco Central, que vem a ser o Gabriel Galípolo, que hoje ocupa a diretoria de Política Monetária do banco. E comunicar também que a partir de agora nós vamos começar a trabalhar os três nomes que vão compor a diretoria do banco.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Para assumir o mandato, Galípolo precisa ser aprovado pelo Senado. Ainda não há data para a sabatina. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em agosto que uma eventual sabatina no Senado durante o chamado "recesso branco" das campanhas eleitorais dependeria da "simpatia" dos parlamentares, acrescentando que o anúncio dos nomes poderá ser feito em bloco ou separadamente.

Nome circulava já há meses. Apesar de o anúncio ter sido oficializado apenas nesta quarta-feira (28) por Haddad, ele já era considerado como favorito para o cargo. Nem Galípolo nem Haddad responderam a perguntas durante o anúncio. "Na mesma magnitude, [é] uma honra, um prazer e uma responsabilidade imensa ser indicado à presidência do Banco Central do Brasil pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Lula. Estou muito contente", disse apenas, "em respeito ao processo, que ainda precisa passar pelo Senado".

Mesmo sem comentar sobre indicação antecipadamente, Lula já havia dado elogios a Galípolo. "Se tem um menino de ouro, é o Galípolo. Competentíssimo, de uma honestidade ímpar. Obviamente que ele tem todas as condições, mas eu nunca conversei com ele", disse à rádio mineira Itatiaia em 27 de junho.

Faltam os diretores. Além do presidente, Lula precisa indicar os próximos diretores de Regulação e Relacionamento, que também assumem no início do ano que vem.

Quem é Galípolo

Galípolo é ligado ao ministro da Fazenda. Conselheiro desde a campanha eleitoral de 2021, ele fez parte da equipe de transição do governo. Após a posse, virou homem de confiança e "número dois" de Fernando Haddad ao assumir o posto de secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

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Chegou ao Banco Central em 2023. Primeira das indicações de Lula para a diretoria da autoridade neste mandato, Galípolo assumiu o cargo de diretor de Política Monetária. No posto, caminha com poucas divergências em relação a Campos Neto, principal alvo das críticas recentes de Lula.

Indicado para o BC Iniciou a carreira como professor. Formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia pela PUC-SP (Política pela Pontifícia Universidade Católica), Galípolo deu aulas na instituição entre 2006 e 2012.

Atuação pública começou no governo de São Paulo. Em 2007, ele conciliou as salas de aula com o comando da assessoria econômica da Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo, sob a gestão do ex-governador José Serra.

Em 2008, chegou à Secretaria de Economia do Estado. Já no governo, trocou de posto para assumir a unidade de estruturação de projetos de concessão e PPP (Parceria Público-Privada).

Abriu a própria consultoria em 2009. O diretor do BC manteve a atuação com a criação de um escritório para desenvolver estudos de viabilidade para projetos de concessões. Foi também conselheiro na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Presidiu o Banco Fator entre 2017 e 2021. À frente da instituição financeira, comandou estudos para privatizações de desestatizações. Um dos processos resultou na venda da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro).

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Críticas a Campos Neto

Campos Neto é frequentemente criticado por Lula. O presidente do BC foi indicado por Jair Bolsonaro e, em algumas situações, Lula chegou a dizer que Campos Neto tem viés políticos e, por isso, não poderia dirigir o Banco Central.

O Banco Central é alvo dos recentes ataques de Lula contra as taxas de juros. O presidente vê o atual patamar da taxa Selic como um entrave para o desenvolvimento econômico e direciona as críticas à atuação de Campos Neto, que tem mandato até dezembro deste ano. Hoje a Selic está em 10,5% ao ano.

Lula afirma que "as coisas vão voltar à normalidade" após saída de Campos Neto. Em entrevista concedida na semana passada, o presidente evidenciou a pressa no interesse de alterar o comandante do BC. "O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos", esbravejou.

* Com Reuters.

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