Bolsa fecha em queda com corte de juro nos EUA; dólar cai a R$ 5,46

A Bolsa de Valores de São Paulo diminuiu o ritmo de perdas depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) divulgou um corte de 0,5 ponto base na taxa de juros do país. Mesmo assim, o Ibovespa, continuou no negativo e terminou a quarta-feira (18) em baixa de 0,90%, indo a 133.747 pontos. Após o fechamento do mercado, é a vez do Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro, divulgar a nova taxa de juros do Brasil, às 18h30..

Com o corte agressivo, o dólar acentuou a baixa, fechando em queda de 0,47%, indo a R$ 5,463. O dólar turismo terminou o dia cotado a R$ 5,65.

O que aconteceu

A nova taxa de juros americana agora caiu de 5,25% a 5,5% ao ano para o intervalo de 4,75% a 5% anuais. O banco central americano não cortava os juros desde março de 2020, quando iniciou um combate ao aumento de preços provocado pela pandemia.

Estamos tentando alcançar uma situação em que restauremos a estabilidade de preços sem o tipo de aumento doloroso no desemprego que às vezes vem com essa inflação. É isso que estamos tentando fazer, e acho que vocês podem tomar a ação de hoje como um sinal do nosso forte comprometimento em atingir essa meta

Presidente do Fed, Jerome Powell, em uma coletiva de imprensa após a decisão

Perguntado se o corte mais agressivo, em vez do de apenas 0,25 ponto base, significaria algum risco de recessão, Powell foi enfático: "Não vemos isso. Não há nenhuma probabilidade de recessão agora."

Por que a Bolsa teve queda?

O mercado ainda está digerindo a notícia. "Na hora do anúncio, houve um pico de alta, mas logo depois o Ibovespa caiu. A tendência é que o índice suba nos próximos dias porque essa é uma notícia boa para países emergentes, já que traz fluxo para as Bolsas locais", diz Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos.

Outro fator que prejudicou a Bolsa hoje foi o volume. Nesta quarta, de acordo com dados preliminares, o volume de negociação ficou em R$ 12,3 bilhões. A média mensal é de R$ 18 bilhões e a anual, de R$ 23 bilhões. Depois que a nova taxa americana foi anunciada, os mercados europeus já estavam fechados. E mais da metade do fluxo da Bolsa Brasileira vem de fora.

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O movimento deve melhorar nos próximos dias. "Na minha visão, um corte de 0,50 pode ser excelente para o fluxo do investidor estrangeiro para países emergentes que estão apresentando bom crescimento, e o Brasil é um dos destinos desses recursos", diz Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital.

E ainda poderão vir mais cortes, em novembro. "Acredito que nas próximas reuniões teremos novos cortes de 0,50 p.p., apesar de Powell deixar claro que vai depender de dados", disse o especialista. A maior preocupação, segundo o economista-chefe da WHG, Fernando Fenolio, é o mercado de trabalho. "Powell disse que o que definiu o tamanho do corte foram os dados foi a geração de empregos dos últimos 30 dias, que subiu menos do que era imaginado", diz o economista.

As ações que devem subir mais nos dias seguintes são as de banco. É o que diz Marcos Moreira, sócio da WMS Capital. As empresas do setor financeiro se beneficiam por causa do "spread bancário": a diferença entre os juros cobrados pelos bancos e os juros que eles pagam para captar recursos. "Por outro lado, as companhias que dependem de crédito e expansão da economia vão ter mais dificuldade, principalmente com um possível aumento da taxa de juros brasileira." Construtoras voltadas para baixa renda também podem ser prejudicadas.

Por que essa decisão importa?

Quanto maior o corte nos EUA, melhor para o Brasil. Os investidores saem de aplicações que pagam os juros americanos e vão para o Brasil e outros mercados emergentes. Quanto mais dólares entram no Brasil, mais o real se valoriza e com câmbio mais controlado, a inflação arrefece.

Aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga o que vai fazer com a Selic às 18h30. A maioria das projeções é de um aumento de 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano.

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Por que pode subir?

Na última reunião do Copom, em 31 de julho, o comitê informou que avaliava uma elevação nos juros por causa da valorização do dólar e do aumento dos gastos públicos. Naquela data, o dólar estava valendo R$ 5,65.

A queda acumulada da moeda americana em setembro é de quase 3%. Outras moedas emergentes também se valorizaram, como o peso mexicano, o colombiano e o rand sul-africano. "Para que o real se valorize de maneira sustentável, é fundamental um compromisso com o equilíbrio fiscal", diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio.

Sendo assim, o que pode pesar mais para um aumento da Selic é a previsão de crescimento da inflação. Com a seca e a energia mais cara, os preços podem subir.

Os gastos do governo também continuam preocupando especialistas do mercado. O governo previa terminar 2024 com déficit zerado, mas já projeta um saldo negativo de R$ 28 bilhões.

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