Nada é pior para questão fiscal do que alta da Selic, diz Alckmin a jornal
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, classifica a alta da taxa básica de juros como principal vilão das contas públicas, mas garante que o governo vai cumprir as metas do arcabouço fiscal neste ano. "Não tem nada pior para a questão fiscal do que esse aumento da Selic", afirmou em entrevista ao podcast Dois Pontos, do jornal O Estado de S.Paulo.
O que ele disse
Elevação da taxa Selic compromete as contas públicas, diz o ministro. Alckmin menciona que uma elevação de 1% dos juros básicos representa uma despesa de R$ 48 bilhões para os cofres públicos para pagar juros. "Não tem nada pior para a questão fiscal do que esse aumento da Selic. Essa, sim, é uma preocupação", avaliou ele.
Alckmin demonstra preocupação com o aumento da taxa básica de juros. Para o vice-presidente, a elevação da taxa Selic "dificulta enormemente" a recuperação econômica. "Hoje, o Brasil tem a terceira maior taxa real de juros do mundo: Turquia, Rússia, que está em guerra, e o Brasil", declarou.
Falas de Alckmin surgem após primeira alta da Selic em dois anos. As declarações do vice-presidente ocorrem após o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) elevar os juros básicos em 0,25 ponto percentual, de 10,5% ao ano para 10,75% ao ano. "Não é possível ter uma política monetária nesse patamar", esbravejou Alckmin ao ser questionado sobre a expectativa de novos avanços da taxa Selic nos próximos meses.
Mesmo com os juros altos, Alckmin garante o cumprimento da meta fiscal. "Esse é o compromisso do governo, o cumprimento do arcabouço fiscal", afirmou ao rechaçar os rumores de que o governo tem optado pela manipulação dos dados para zerar o déficit público. "Não existe 'matemágica'. O que houve foi um pequeno descontingenciamento. Estamos falando de um orçamento de trilhão, às vezes de trilhões, e descontingenciou R$ 1,5 bilhão porque o PIB cresceu. E crescendo a economia, cresce a arrecadação", observou.
O cumprimento do arcabouço fiscal este ano é essencial para trazer tranquilidade.
Geraldo Alckmin, vice-presidente da República
Vice-presidente lamenta a desindustrialização das últimas décadas. Alckmin comemora o desempenho recente do setor industrial, que cresceu 1,8% no segundo trimestre, e prevê novos resultados positivos para o setor. "Os investimentos anunciados pela indústria brasileira já passaram de meio trilhão de reais até 2027. É isso que o Brasil precisa", afirmou.
Ministro defende IVA (Imposto sobre Valor Agregado) no menor nível possível. "Quanto menor o IVA, melhor a competitividade", afirmou ao comentar a proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional. O texto pode tornar o IVA nacional o maior do mundo, acima de 27%. "Mas a reforma tributária será positiva. Ela começa em 2026, é uma transição mais longa, mas é melhor ter um gradualismo do que não fazer", avaliou.
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