Kwai lança plataforma de e-commerce no Brasil que vende bilhões na China
O aplicativo Kwai lançou oficialmente, nesta quarta-feira (30), sua plataforma de comércio eletrônico no Brasil.
Integrado à rede social de vídeos curtos que tem cerca de 60 milhões de usuários no país, o Kwai Shop possibilita que todo o processo de compra seja feito dentro Kwai, que passa a reunir num só lugar conteúdo e e-commerce.
No Kwai Shop, o usuário pode colocar em seu carrinho de compras produtos que aparecem nos vídeos da linha do tempo (de entretenimento ou focados em venda), em transmissões ao vivo ou numa área específica de lojas. Tudo é feito sem precisar sair do app do Kwai: a compra, o pagamento e o acompanhamento da entrega do pedido.
O modelo é sucesso na China, onde a empresa é referência tanto como rede social quanto de comércio eletrônico. No segundo trimestre de 2024, a plataforma vendeu aproximadamente 42 bilhões de dólares em produtos no país do oriente —um crescimento de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A companhia, que desde de 2019 já injetou mais de R$ 7 bilhões no mercado brasileiro, pretende reforçar ainda mais os investimentos para também consolidar-se no setor de comércio eletrônico por aqui.
"Nesse início, vamos oferecer benefícios e comissões para incentivar os lojistas a entrarem na nossa plataforma. Esperamos aumentar o número de vendedores rapidamente no próximo ano e aproveitaremos toda a expertise que temos na China para desenvolver rapidamente o Kwai Shop no Brasil", afirmou Ricky Xu, vice-presidente e chefe de plataforma global e comércio eletrônico da Kuaishou Internacional Business, empresa "dona" do Kwai, durante apresentação da ferramenta para jornalistas brasileiros, em Pequim.
A razão para o Kwai não poupar esforços para investir no Brasil é simples de entender: nosso país atualmente é o segundo maior mercado da rede social, atrás apenas da China.
"Dois anos atrás, decidimos que nossa estratégia seria focar no Brasil, em vez de tentar entrar em outros países. Esse é um mercado no qual estamos indo bem e tem grande potencial. Então, a melhor decisão que podemos tomar é seguir investindo nele a longo prazo", afirmou Ji Cheng, vice-presidente e chefe de operações globais da Kuaishou International Business.
Facilidade para pequenos empreendedores
Na China, a ferramenta de vendas online é uma aposta tanto de grandes marcas —como Nike, Midea, Adidas e Audi— quanto de pequenos vendedores, inclusive do interior do país, que através da rede social conseguem se conectar e entregar seus produtos a um público imenso, mesmo estando longe das grandes cidades.
"Temos muitos criadores (de conteúdo) que moram em áreas distantes e vendem máquinas agrícolas, alimentos entre outras coisas.", diz Xu.
Um exemplo de como o modelo pode ser vantajoso para pequenos lojistas ou pessoas de áreas afastadas dos grandes centros ocorreu em agosto deste ano, quando a Mingming, criadora de conteúdo que vende produtos da região rural da China, faturou em uma única live cerca de 1,5 milhões de dólares.
Ricky Xu sabe que o Brasil ainda está em um cenário muito diferente, mas no lançamento do e-commerce citou uma pesquisa do Sebrae que mostra que 70% dos pequenos negócios de nosso país estão nas redes sociais em busca de aumentar sua visibilidade.
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Quero receberO vice-presidente da Kuaishou acredita que isso será possível com a forte conexão que os vídeos curtos geram entre os criadores de conteúdo e seus usuários. Para ele, aliar o consumo do conteúdo da rede social à praticidade e credibilidade de ter uma grande empresa oferecendo suporte para as compras online pode potencializar resultados.
"A ferramenta torna mais conveniente o processo de venda para as empresas e também o de compra para os usuários, que conseguem adquirir os produtos e acompanhar a entrega pela plataforma."
Salto nas vendas
A Império Cosméticos participou dos testes do Kwai Shop no Brasil, que começaram a ser realizados no ano passado. A loja iniciou suas atividades na plataforma em agosto de 2023 e viu um aumento expressivo nas vendas, saindo de 40 para 800 pedidos online por dia.
"Quando uma plataforma começa a operar, ela faz um investimento no mercado e é normal ter essa explosão nas vendas. Mas o interessante é que com o Kwai o retorno permaneceu alto. Esperamos que continue assim, especialmente nos momentos em que as vendas em e-commerce costumam ter uma queda, entre janeiro e março", disse o lojista Carlos Alexandre, da Império Cosméticos.
Alexandre, que vende também em outros marketplaces, afirma que o suporte dado às lojas é um dos diferenciais do aplicativo chinês. "Em outras plataformas, não há um contato direto com o vendedor. Quando temos algum problema, o anúncio pode ser bloqueado e a resolução costuma demorar, o que impacta muito nas vendas", afirmou o lojista, que destacou também a facilidade do sistema de pagamento e a logística de entrega oferecida pelo Kwai Shop como pontos positivos.
Como pontos negativos, Calos Alexandre contou que no início seus clientes tiveram dificuldade de encontrar e usar o código de rastreio dos produtos no aplicativo. "Mas, comparado com o início, hoje já vemos uma grande melhora na questão do rastreio e, consequentemente, no tempo de entrega."
Para evitar reclamações, atualmente ele tem uma pessoa responsável por responder mensagens dos clientes em todas as plataformas de comércio eletrônico.
Outros varejistas que participaram do período de testes do Kwai Shop também conseguiram bons resultados. A Casa Aconchegante, que iniciou na plataforma em dezembro de 2023, teve um aumento de 318% nas vendas no último trimestre. A empresa comercializa produtos como ventiladores portáteis, relógios inteligentes e utensílios de cozinha.
Já a DAFU Shop Brasil vende escovas de cabelo, caixas de som Bluetooth, smart box para TV etc. No Kwai desde de março de 2023, a loja registrou um aumento de 122% no último trimestre.
*O jornalista viajou a convite do Kwai e do CICG Américas (Centro do Grupo de Comunicações Internacionais da China para as Américas)
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