Com alta do dólar, qual melhor momento para comprar moeda para viajar?

O dólar passou de R$ 6,10 em alguns momentos do pregão desta sexta-feira (29), com o mercado reagindo ao pacote de corte de gastos anunciado pelo governo federal nesta semana. Quem vai viajar precisa se organizar para comprar a moeda e pode fazer uma revisão no orçamento da viagem para tentar enxugar os gastos.

Como planejar a viagem

Quem está com uma viagem marcada precisa lidar com a alta do dólar. Carlos Castro, coordenador da comissão de relacionamento da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), afirma que é difícil prever os movimentos da moeda no curtíssimo prazo e, por isso, a principal estratégia é escolher datas diferentes para comprar a moeda norte-americana. Dessa forma, a pessoa pode aproveitar dias de cotações melhores do que os outros e conseguir um valor médio mais interessante após adquirir todo o montante.

Comparar as taxas de câmbio ajuda a economia. Lucas Baccarin Cordeiro, diretor de produtos de crédito da Consumidor Positivo, afirma que os custos são diferentes de uma casa de câmbio para outra, assim como nas contas globais. Dá para comprar dólar em espécie ou via cartões de viagem, como Nomad e Wise, que costumam ter taxas mais baixas. "A vantagem de contas globais é que em geral o spread (custo de câmbio) costuma ser menor e você pode comprar de forma fácil e gradual os dólares para a sua viagem", afirma Cordeiro.

Revise os gastos da viagem. Com a alta, é possível que o turista precise refazer o orçamento e avaliar quanto poderá levar de dólares para não se endividar. Se ainda não tiver reservado o hotel da viagem, por exemplo, uma boa opção é procurar uma alternativa mais barata ou mudar o cronograma de passeios, incluindo mais opções gratuitas.

Turistas devem evitar o cartão de crédito. É importante viajar com o cartão para cobrir despesas emergências ou para pagar a taxa caução do hotel, por exemplo, mas ele não é a melhor alternativa para pagar os gastos da viagem. Isto porque cada transação tem uma cobrança de 6,38% de IOF, o que deixa o valor do dólar ainda mais caro.

Cartões de crédito que acumulam ponto podem ser positivos. No entanto, único cenário em que esse tipo de serviço vale a pena é quando o cartão tem uma pontuação mais agressiva, acima de três pontos por dólar gasto. Caso contrário, não é uma boa ideia, porque os bancos cobram taxas que vão de 2% a 7% em compras internacionais, o IOF e a cotação do dólar é definida na hora do fechamento da fatura e não na data da compra, o que pode causar um descontrole do orçamento da viagem.

Quando comprar

Se houver um bom tempo para a viagem, o ideal é esperar para comprar dólares. Aline Soaper, educadora financeira e fundadora do Instituto Soaper, afirma que alguns dias vão dar tempo para o mercado se "acalmar".

Em geral, de dois a três dias, o mercado dá uma acalmada e o dólar volta a baixar de novo, mas a tendência é que essas subidas e descidas acompanhem o máximo que já foi. Então, se agora a gente já chegou numa marca de 6,10, é normal que em alguns outros momentos essa marca chegue novamente ao 6,10.
Aline Soaper, educadora financeira

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Viajante tende a economizar se comprar dólares desde o início do planejamento da viagem. Murilo Mascaro, diretor de banking e crédito na Nomad, sugere a compra em quatro momentos distintos. Segundo Mascaro, se o viajante prevê usar R$ 20 mil na viagem, que compre R$ 5.000 no início do planejamento, e investir o restante. Até oito meses antes da viagem, comprar mais R$ 5.000, e os R$ 10 mil restantes entre outros dois momentos antes da viagem.

Por que dólar está subindo

Moeda está subindo desde quarta-feira (27). O mercado reagiu mal ao pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro Fernando Haddad, e à notícia da isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 por mês.

A proposta foi desenhada para cumprir as regras do arcabouço fiscal. Entre as medidas propostas, aparecem mudanças no reajuste do salário mínimo, no Bolsa Família e na concessão do abono salarial. Para os militares, o projeto quer inibir supersalários e acabar com a chamada "morte ficta".

Existe risco de o dólar subir ainda mais. Mascaro afirma que tendência é de alta no curto e médio prazo caso haja uma piora nas sinalizações sobre a saúde fiscal brasileira.

O cenário base é de um dólar menos estressado do que o patamar atual, mas, dada a imprevisibilidade do cenário, o ideal é não cair no erro de enviesar a tomada de decisões pelo valor atual, ou seja: evitar pensar que o dólar estaria caro demais, e manter a estratégia de comprar periodicamente, formando um preço médio.
Murilo Mascaro, diretor de banking e crédito na Nomad

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