Ministros têm razão ao ver safra recorde como esperança contra inflação?

O recente salto da inflação dos alimentos preocupa os consumidores e o governo. Para integrantes da equipe econômica, a luz no fim do túnel está na safra recorde prevista para este ano. Ainda que o aumento da oferta contribua, outros fatores determinantes podem impedir o controle dos preços.

O que aconteceu

Inflação dos alimentos disparou nos últimos meses. O aumento de 3,84% no preço dos alimentos nos últimos três meses, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi puxado, principalmente, pelo custo maior do consumo em casa (+4,26%). Diante do cenário, a equipe econômica estuda maneiras de impedir novos aumentos nas prateleiras.

Ministros avaliam que a safra vai segurar os preços. A aposta foi repetida por Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) nos últimos dias. "2024 foi um ano severo no clima e comprometeu parte da oferta de alimentos, o que não ocorrerá neste ano", ponderou Costa.

Dependemos da safra e da oferta. Na nossa opinião, a safra vai ajudar muito neste ano.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Safra recorde vai somar 322,6 milhões de toneladas. A estimativa mais recente do LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), representa um crescimento de 10,2% na comparação com as colheitas de 2024. Arroz, feijão, milho e soja aparecem entre as principais influências para a projeção.

Tem chovido de forma satisfatória na maioria das regiões produtoras, o que beneficia as lavouras que estão em campo.
Carlos Guedes, gerente de agricultura do IBGE

Especialistas concordam com a equipe econômica. Ainda que a soja e outros grãos não componham a mesa das famílias, os produtos integram a alimentação dos animais e influenciam diretamente na cadeia de preços. "Indiretamente, a safra recorde pode contribuir para o barateamento do custo de produção da carne bovina, por exemplo", diz Aniela Carrara, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

A supersafra é um fator alentador que pode contribuir para o arrefecimento de alguns preços do meio até o final deste ano.
Aniela Carrara, pesquisadora do Cepea

Aumento da oferta de alimentos pode ser insuficiente. A variação cambial e o clima também são determinantes para a inflação dos alimentos. "Por mais que seja adotada uma política geral e ela surta efeito, não podemos esquecer das especificidades dos alimentos e elementos externos que podem surgir", avalia Carrara.

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Consumo maior ameaça controle de preços esperado. Renan Pieri, professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), reconhece o potencial da safra recorde, mas pondera que a recente pressão inflacionária também é originada pelo aumento da demanda. "Você tem o aumento significativo da renda no país, o mercado de trabalho pujante, com pleno emprego e o governo gastando bastante", avalia.

Recente desvalorização do dólar também é benéfica. O recuo de quase 5% observado pela moeda norte-americana ante o real em 2025 também ajuda na missão de reduzir o preço dos alimentos. "O dólar afetou o preço dos alimentos, especialmente leite, café, carne e frutas, commodities que fazem parte da nossa pauta de exportações", afirmou Haddad.

Haddad defende maior diversificação das colheitas. A proposta considera inibir que o impacto de efeitos climáticos, como secas e enchentes, cheguem até o bolso dos brasileiros. "Já está em curso no Plano Safra atual e nós pretendemos continuar nessa política de fazer com que as culturas, do ponto de vista geográfico, se diversifiquem mais", disse.

3 comentários

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Wilson Aroma

Para o Lula e para o Hadad o problema do ALTO preço dos alimentos está na safra (vai ter que esperar até colher e isso pode levar muita gente a passar fome). Um ab.sur.do! Ele deveria economizar, porque isso é que gera inflação. O povo está sofrendo com falta de dinheiro (não vou falar da picanha, das passagens aéreas que ninguém viu, do aumento de impostos que teremos - IVA, das ações de Janja, do excesso de ministérios, das viagens que não param, da cachoeira artificial que o Lula mandou construir no palácio etc.)

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Marcos Mil Homens

O governo e a esquerda que tanto criticaram o agro, agora estão se ajoelhando para o setor, o que mostra a inabilidade desse governo de apaniguados na gestão do país. 

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