Sobretaxas de Trump a Canadá e México podem beneficiar o Brasil
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Em poucos dias de governo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem adotando medidas consideradas rígidas, e polêmicas, com o objetivo, segundo ele, de fortalecer a economia norte-americana e a soberania do país. Primeiro foi a deportação de imigrantes ilegais. Agora, tarifas de 25% para os produtos provenientes do México e do Canadá, que começam a vigorar neste sábado (1º).
Mas, na prática, o que isso significa? O UOL entrevistou especialistas do mercado para saber sobre as reais consequências.
Consequências da sobretaxa para os americanos
Taxa extra sobre os parceiros comerciais dos EUA teriam um impacto negativo sobre a economia norte-americana. O importador, que é quem paga a tarifa, não vai poder repassar os preços. Eles não vão correr o risco de perder mercado.
No caso do petróleo, o custo dos combustíveis vai aumentar no país. Os 25% de taxa sobre o produto terão de ser recompensados, incluindo os custos logísticos. "Isto significa aumento da inflação. E isso, consequentemente, vai desvalorizar o dólar", afirma o professor Fábio Andrade, economista e professor de relações internacionais da ESPM.
Muda algo para o Brasil?
Economista diz que, se as tarifas forem aplicadas somente para o México e o Canadá, alguns produtos do Brasil podem ser vendidos lá fora. Ou seja, seremos procurados por importadores norte-americanos, diz Fábio Andrade. Mas, levando em consideração a política de Donald Trump, a medida em que conseguirmos mais espaços, nós seremos taxados. Isto se não acontecer antes.
Por que Trump quer sobretaxar outros países
EUA querem reduzir vantagens dos países vizinhos. No caso do México, tudo o que é fabricado no país, em especial automóveis, máquinas e equipamentos, conta com mão de obra é muito mais barata. Nos Estados Unidos, as empresas que trabalham com a fabricação de carros pagam US$ 15 a hora trabalhada, já no México, o mesmo custo é de US$ 5. Isto significa alta lucratividade e preços mais baixos.
Os norte-americanos também têm um grande déficit comercial com estes dois países. Isso significa que tanto o México como o Canadá vendem muito mais para os Estados Unidos do que compram. Na visão de Trump isto funciona como um subsídio, e não é bem assim. Esse déficit garante preços baixos e um forte consumo para os consumidores americanos.
Como ficará o abastecimento interno nos Estados Unidos? A professora do Insper, Juliana Inhasz, reforça que isso é uma intenção clara de fazer com que os americanos substituam os produtos importados pelos domésticos. As pessoas entendem que comprar de fora acaba trazendo vantagem. Não dá para saber se esses consumidores vão continuar comprando mesmo com o aumento de tarifas. O que vai ser feito é tentar abastecer o mercado com itens domésticos e buscar novos parceiros comerciais.
Como deve ser a posição do Brasil?
Cautela nunca é demais. Na opinião de Leonardo Briganti, sócio do escritório Briganti Advogados, especialista em Direito Tributário e em Administração de Empresas, o recado dado por Trump é bem claro. Tudo está sendo analisado, incluindo exceções. "Essa é a hora de deixar de lado questões políticas e ideológicas e focar no alinhamento de pautas comerciais. Se quisermos manter os interesses nacionais, a diplomacia será fundamental. É bom preservar a neutralidade."
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