Alckmin defende que definição dos juros desconsidere inflação dos alimentos


O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, pediu hoje que o BC (Banco Central) desconsidere as variações de preços dos alimentos e de energia ao definir a taxa básica de juros da economia.
O que aconteceu
Taxa Selic figura no maior patamar desde 2016. A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) na semana passada elevou a taxa básica de juros pela quinta vez consecutiva, de 13,25% ao ano para 14,25% ao ano. O veredito tem o objetivo de desestimular o consumo e conter a inflação.
Alckmin pede revisão do modo de definição dos juros. O ministro defende que as análises para a definição da taxa Selic desconsiderem a inflação dos alimentos, assim como faz o Banco Central dos Estados Unidos. "Se eu tenho uma seca muito forte, uma alteração climática muito grande, vai subir o preço de alimento. Não adianta eu aumentar os juros, que não vai fazer chover", disse durante participação no seminário Rumos 2025, promovido pelo jornal Valor Econômico.
Custo de energia também deve ser excluído, sugere Alckmin. "Não adianta aumentar juros que não vai baixar o barril do petróleo. Isso é guerra, é geopolítica", destaca o vice-presidente ao recomendar que as decisões a respeito dos juros sejam focadas "naquilo que pode ter mais efetividade na redução da inflação".
Ele afirma que modelo atual prejudica o Brasil. Alckmin argumenta que cada elevação de 1 ponto percentual da taxa básica de juros aumenta em R$ 48 bilhões a dívida pública da União.
Inflação
Ministro reconhece malefício da inflação aos mais pobres. "A inflação não é neutra socialmente, ela atinge muito mais o assalariado, que tem reajuste normalmente uma vez por ano, e vê todo mês, todo dia, o salário perder o poder de compra", afirmou.
Safra e dólar serão favoráveis à redução dos preços. A estimativa de Alckmin considera os impactos relevantes ocasionados pela valorização do dólar e os problemas climáticos que estimularam o aumento da inflação no final do ano passado. "Nós estamos mais otimistas", garante Alckmin.
O clima melhorou. A gente precisa ficar atento à questão do clima, mas há uma expectativa neste ano de um crescimento da safra de quase 10% do ano passado ainda.
Geraldo Alckmin, vice-presidente da República