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Fed mantém plano de elevar juros enquanto debate orientação, mostra ata

07/01/2015 17h13

Por Howard Schneider e Michael Flaherty

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, ateve-se em sua última reunião aos planos de começar a elevar o juros ainda neste ano apesar do debate aparentemente vigoroso sobre como comunicar suas intenções, mostrou nesta quarta-feira a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

De acordo com o documento da reunião do Fed em dezembro, integrantes do comitê avaliaram ampla série de dados mostrando que a recuperação econômica norte-americana está se sustentando, em um mundo que está se voltando para outra direção, com ameaça de recessão no Japão e na Europa e desaceleração em importantes mercados emergentes.

O tombo dos preços do petróleo está afastando os EUA da meta de inflação do Fed, mas os consumidores parecem dispostos a gastar, empregos estão sendo criados e os investimentos privados parecem constantes.

"Muitos integrantes apontaram níveis relativamente altos de confiança do consumidor como um sinal de força no curto prazo dos gastos discricionários, e a maioria dos integrantes julgou que o significativo declínio recente dos preços de energia dará impulso", mostrou a ata.

"Contatos na indústria apontaram condições de negócios de maneira geral sólidas, com empresas em muitas partes do país expressando algum otimismo sobre as perspectivas de melhora em 2015. A atividade de manufatura estava forte", segundo o documento.

Mas com a inflação ainda baixa e a piora da perspectiva econômica para a zona do euro e o Japão, o Fed enfrentou dificuldades para reconhecer a melhora nos EUA sem se comprometer com cronograma específico para a alta dos juros.

A solução foi um comunicado que tentou ter as duas coisas. Foi oferecida uma nova orientação dizendo que o Fed poderia ser "paciente" para decidir quando fechar o próximo capítulo da crise financeira e começar a elevar as taxas.

No entanto, o banco central também disse que considerava a linguagem "consistente" com a sua orientação anterior, de que poderia passar um "tempo considerável" antes dos juros subirem efetivamente.

Ao dizer que a nova orientação foi consistente com o comunicado anterior, o comitê buscou evitar "a interpretação errada de que esta nova redação reflete uma mudança nas intenções de política do comitê" e sinalizar que um aumento da taxa estava perto.

A chair do Fed, Janet Yellen, esclareceu numa coletiva de imprensa em 17 de dezembro que a palavra "paciente" significava que o banco central não iria aumentar as taxas em, pelo menos, duas reuniões.

"Parece-me que o Fed está pecando na parte de 'não fique muito preocupado com a subida das taxas cedo demais'", disse o diretor de investimentos da Fiduciary Trust Michael Mullaney.

"Se ele continuar dizendo mais para frente neste ano, tudo bem, mas muitas pessoas estão dizendo que nada vai acontecer até o final do ano, na melhor das hipóteses, por causa da fraqueza global, induzida pelo petróleo", disse Mullaney.