OCDE vê crescimento global fraco, mas estima contração menor no Brasil
PARIS (Reuters) - O crescimento econômico global vai enfraquecer neste ano e no próximo a taxas que não eram vistas desde a crise financeira, uma vez que a marcha para a globalização sofre uma pausa, alertou nesta quarta-feira (21) a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Antes um motor para a economia global, a expansão do comércio deve pesar sobre o crescimento da economia mundial este ano, afirmou a OCDE em uma atualização de suas projeções econômicas.
"Isso está bem abaixo do padrão e indica que a globalização como medida pela intensidade do comércio pode ter estagnado", disse a organização sediada em Paris.
A OCDE estima que a economia global irá crescer apenas 2,9% este ano, contra estimativa anterior em junho de 3%, a taxa mais fraca desde a crise financeira de 2008/2009.
Estimativa melhor para o Brasil
Para o Brasil, entretanto, a organização melhorou sua estimativa e passou a ver uma contração em 2016 de 3,3%, contra queda de 4,3% anteriormente. Para 2017 o recuo previsto passou a ser de 0,3%, contra taxa negativa de 1,7% na pesquisa anterior.
A OCDE disse que muitas cadeias globais de abastecimento que agregam valor econômico em cada etapa, e que normalmente têm suas raízes na China e em outros países do leste asiático, estão se desmantelando conforme a China busca afastar sua economia das exportações para o crescimento e algumas empresas levam de volta a produção para seus países de origem.
Recessões e comércio
A crescente reação contra a liberalização do comércio, bem como recessões em alguns países grandes produtores de commodities foram somando-se à desaceleração do comércio, o que segundo a OCDE pode corroer a produtividade já fraca e, em última análise, os padrões de vida.
"Se pudéssemos voltar ao tipo de crescimento do comércio que tínhamos nos anos de 1990 e 2000, seríamos capazes de voltar às taxas de crescimento da produtividade de antes da crise financeira", disse a economista-chefe da OCDE, Catherine Mann, em entrevista à agência de notícias Reuters.
"A produtividade tem, basicamente, caído pela metade desde a crise financeira e isso é uma receita para quebrar promessas com todos os nossos cidadãos", disse ela.
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