ONS estuda pagar para indústria reduzir consumo em momentos de pico de carga
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem estudado mecanismos pelos quais plantas industriais poderiam ser pagas para reduzir o consumo de eletricidade em determinados momentos, como picos de carga ou instantes de falta de vento para produção de energia eólica, evitando o acionamento de termelétricas mais caras, disse nesta terça-feira um representante da instituição.
O mecanismo, que já existe em outros países e é conhecido como "resposta da demanda", pode entrar em testes ainda neste ano, disse o assessor da diretoria-geral do ONS, Marcelo Prais, ao participar de evento do setor elétrico promovido pela Thomson Reuters em São Paulo.
O assunto já tem sido discutido com indústrias intensivas no consumo de energia que fazem parte da associação Abrace, que tem como membros empresas como Braskem, Dow e Alcoa, entre outras.
"A ideia é a gente trabalhar na regulamentação, abrir uma audiência pública... a gente tem expectativa de que a partir do segundo semestre deste ano a gente já possa testar dois produtos como um projeto piloto, por um período aproximado de um ano", afirmou Prais.
Por trás do conceito está o elevado custo de operação de algumas termelétricas, como as movidas a óleo, que fazem com que possa valer mais a pena para o sistema como um todo pagar um valor menor para que um agente reduza a carga ao invés de acionar as térmicas.
A ideia inicial é testar a novidade com produtos que envolveriam ofertas de redução de consumo para o dia seguinte ("day-ahead") e para o dia em curso (intraday).
Por esse modelo, unidades industriais poderiam informar ao ONS em quanto aceitariam reduzir suas demandas para esses horizontes de tempo e a que preço, para que o operador defina se vale a pena aceitar as propostas e assim evitar o acionamento de termelétricas mais caras.
"A gente ainda está trabalhando nas possibilidades que existem para fazer esse tipo de declaração, (talvez) até mesmo um leilão", disse Prais.
"A ideia é que a gente possa comparar o nível geral de preços. A geração térmica real e a geração térmica virtual, que seria a oferta de redução de demanda dessas plantas", complementou.
Ele disse que o assunto tem sido estudado há algum tempo pelo ONS e que um bom resultado nos testes deverá fazer com que o tema seja regulamentado no próximo ano.
"A gente acredita fortemente no sucesso e na ampliação para os demais consumidores e para mais produtos. A expectativa que a gente tem no ONS é que em 2018, provavelmente a partir do segundo semestre, a gente já tenha isso regulamentado de forma definitiva e fazendo parte do mercado", apontou.
Prais explicou ainda que a medida seria benéfica também aos geradores térmicos, uma vez que reduziria a pressão sobre essas usinas.
Isso porque hoje muitas vezes térmicas precisam ser ligadas de maneira emergencial para atender picos de demanda ou compensar intermitências no vento, o que pode ser prejudicial a algumas usinas que não têm especificações técnicas adequadas para essa chamada "partida rápida".
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