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Bovespa sobe 1,57% após condenação de ex-presidente Lula por Moro

12/07/2017 18h12

Por Flavia Bohone

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em alta nesta quarta-feira, engatando o terceiro pregão seguido de ganhos acima de 1 por cento, impulsionado nesta sessão pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela aprovação da reforma trabalhista no Senado.

O Ibovespa fechou em alta de 1,57 por cento, aos 64.835 pontos, maior patamar de fechamento desde 17 de maio, último pregão antes da divulgação de áudio implicando o presidente Michel Temer, que desencadeou uma forte crise política e afetou os mercados. Com os ganhos desta sessão, o Ibovespa acumulou alta de pouco mais de 4 por cento em três sessões.

O volume financeiro desta sessão, incluindo o exercício de opções sobre o Ibovespa, somou 10,1 bilhões de reais. O exercício de opções movimentou 171,67 milhões de reais, segundo informações da B3. Do total, 170,33 milhões de reais referem-se a opções de compra e 1,34 milhão de reais a opções de venda.

O mercado acionário brasileiro abriu positivo, repercutindo a aprovação da reforma trabalhista pelo plenário do Senado na noite passada. No entanto, o Ibovespa perdeu fôlego no início da tarde, rondando a estabilidade antes de ganhar tração após a divulgação da condenação de Lula.

O juiz Sérgio Moro condenou Lula a 9 anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um tríplex no Guarujá, mas não determinou a prisão imediata do ex-presidente. Em sua decisão, Moro também determinou a proibição de Lula exercer qualquer cargo público, com base na lei de lavagem de dinheiro.

"A visão é que essa condenação pode enfraquecer o PT para as eleições (presidenciais) de 2018", disse o analista de investimentos da corretora Rico Roberto Indech.

Antes da crise que atingiu o Planalto, o Ibovespa rondava o patamar entre 67 mil e 68 mil pontos, tendo posteriormente recuado aos 60 mil pontos. Apesar da alta recente, a recuperação do patamar pré-crise ainda vai depender de outros avanços.

"O mercado vai ver se o governo vai ter de volta a governabilidade para conseguir avançar em reformas, principalmente a da Previdência, além da manutenção da equipe econômica", disse o economista-chefe da corretora Modalmais, Álvaro Bandeira.

A agenda política desta sessão seguia agitada, incluindo a retomada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados da discussão sobre a denúncia contra o presidente Temer. Na segunda-feria, o relator, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), apresentou voto favorável para que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar a denúncia contra o presidente Temer.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN subiu 4,95 por cento, liderando os ganhos do Ibovespa, e PETROBRAS ON avançou 3,9 por cento. Os papéis da estatal já operavam em alta, acompanhando os preços do petróleo, mas aceleraram os ganhos após o anúncio da condenação de Lula em primeira instância. Os papéis também foram beneficiados por julgamentos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) favoráveis à petroleira, além da aprovação pelo conselho de administração da Petrobras da abertura de capital da BR Distribuidora.

- USIMINAS PNA subiu 1,4 por cento, após a empresa anunciar reajuste de 10,7 por cento no preço de laminados a quente. Os papéis também ganharam respaldo das altas dos contratos futuros do aço na China, o que também ajudou as demais siderúrgicas. CSN ON teve alta de 2,33 por cento, enquanto GERDAU PN avançou 0,64 por cento.

- BRADESCO PN subiu 2,65 por cento, ajudando o tom positivo do Ibovespa devido ao peso em sua composição. ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,08 por cento, revertendo as perdas vistas mais cedo, quando o papel foi pressionado por receios de que o banco enfrente exigências de condições mais duras para obter aprovação para a compra da XP Investimentos. As preocupações com a aprovação da operação surgiram após a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendar a aprovação da aquisição das operações de varejo do Citibank pelo Itaú, mediante o cumprimento de certas condições.

- VALE PNA subiu 0,21 por cento, enquanto VALE ON recuou 0,47 por cento, ao final de uma sessão volátil para os papéis, em dia de alta para os contratos futuros do minério de ferro na China.

- QGEP PARTICIPAÇÕES ON, que não faz parte do Ibovespa, disparou 14,33 por cento, após a empresa anunciar a venda de sua participação de 10 por cento no bloco BM-S-8, na Bacia de Santos, para Statoil. Analistas do BTG Pactual destacaram a geração de valor do negócio e o potencial pagamento de dividendo da operação.