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Lucro da Vale cai 98,3% no 2º tri com impacto da desvalorização do real

27/07/2017 09h56

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora brasileira Vale registrou lucro líquido de 60 milhões de reais entre abril e junho, queda de 98,3 por cento ante o mesmo período do ano passado, apesar de um recorde histórico na produção da empresa no Sistema Sudeste, informou a empresa nesta quinta-feira.

O resultado da companhia, maior produtora global de minério de ferro, foi impactado pela forte desvalorização do real e seu efeito sobre a dívida, afirmou o diretor financeiro da companhia, Luciano Siani, em um vídeo publicado na internet.

Na moeda norte-americana, a empresa registrou um lucro líquido de 16 milhões de dólares, muito abaixo de uma estimativa média de consenso de analistas, de 421 milhões de dólares. [nL1N1KI09I]

A receita operacional líquida somou 23,363 bilhões de reais no segundo trimestre, alta de 8,3 por cento ante o mesmo período do ano passado e queda de 12,6 por cento em relação ao período entre janeiro e março deste ano.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no segundo trimestre foi de 8,834 bilhões de reais, alta de 7,4 por cento ante os 8,228 bilhões de reais registrados um ano antes.

Em relação ao primeiro trimestre, o Ebitda ajustado caiu 34,7 por cento, principalmente devido à queda dos preços do minério de ferro. Entretanto, esse resultado foi parcialmente compensado por maiores volumes de vendas de minério de ferro e carvão.

Os analistas da Cowen & Co Novid Rassouli e Han Zhang afirmaram em um relatório a clientes que o Ebitda veio abaixo da expectativa do mercado.

"Os resultados sequencialmente mais baixos foram impactados pela redução na realização do preço do minério de ferro, impulsionados pelo desconto de preços no minério de ferro de menor qualidade, que mais do que compensou o prêmio obtido com a venda de minério com maior teor", disseram os analistas.

A Vale destacou que o preço realizado de minério de ferro caiu 24,4 dólares por tonelada, para 51,35 dólares por tonelada, devido à redução de 22,7 dólares por tonelada do indicador Platts IODEX.

"Como resposta a tais condições de mercado, a partir do segundo semestre, a Vale reduzirá sua produção de produtos de alta sílica em uma taxa anualizada de 19 milhões de toneladas para aumentar a realização de preço, mantendo o guidance de produção de longo prazo limitado a 400 milhões de toneladas por ano", afirmou no balanço financeiro o diretor-executivo de Minério de Ferro e Carvão, Peter Poppinga.

Os embarques de minério de ferro e pelotas da empresa totalizaram 81,6 milhões de toneladas no segundo trimestre, enquanto o volume de vendas de finos de minério de ferro alcançou 69 milhões de toneladas.

Com isso, a empresa acumulou estoques de 5,3 milhões de toneladas no exterior para suportar níveis mais altos de atividades de blendagem, especialmente nos 11 portos da China onde a empresa já realiza misturas.

"Mas o mais importante foi que a geração de caixa foi muito forte no trimestre e pagamos 1,5 bilhão de dólares em dividendos e ainda assim reduzimos a dívida em mais de 650 milhões de dólares", afirmou Siani.

Entretanto, analistas do Jefferies destacaram que a desalavancagem da empresa está lenta.

"O balanço da Vale está melhorando, o que é importante à luz do risco de queda para o minério de ferro, mas a desalavancagem está progredindo relativamente devagar", afirmou o relatório.

GERAÇÃO DE CAIXA E DÍVIDA

A geração de caixa livre foi de 2,151 bilhões de dólares entre abril e junho, apesar da forte queda do minério de ferro. A Vale afirmou no seu resultado que no final de 2017 atingirá um nível de alavancagem confortável.

A dívida líquida da empresa foi de 22,122 bilhões de dólares no fim do segundo trimestre, ante 22,777 bilhões de dólares no primeiro trimestre e 27,508 bilhões de dólares no segundo trimestre de 2016.

"Para o futuro, os resultados devem melhorar ainda mais, uma vez que o S11D, nosso principal projeto, está aumentando sua produção gradativamente", disse Siani.

O projeto S11D, em Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, entrou em operação comercial no início deste ano e contribuiu com um forte resultado para a produção da empresa.

A mineradora produziu no segundo trimestre 91,849 milhões de toneladas, alta de 5,8 por cento ante o mesmo período do ano passado, principalmente devido à aceleração das atividades na mina S11D. [nL1N1KB0W1]

Os investimentos da empresa somaram 894 milhões de dólares no segundo trimestre, queda de 219 milhões de dólares em relação aos três primeiros meses do ano. O volume foi o menor em um trimestre desde o período de julho a setembro de 2006.

O segmento de minerais ferrosos representou cerca de 95 por cento do total investido na execução de projetos no segundo trimestre, detalhou a empresa.

A empresa destacou que uma redução contínua dos investimentos poderá resultar em um aumento do fluxo de caixa livre, mesmo em um ambiente de preços baixos. O fluxo de caixa livre foi de 2,151 bilhões de dólares no segundo trimestre.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, destacou em nota que "um forte foco na execução continuará a impulsionar o fluxo de caixa".

"Enquanto isso, estamos prestes a concluir o diagnóstico estratégico de 60 dias, que nos guiará na implementação de importantes iniciativas estratégicas visando resultados no curto prazo", disse o executivo.