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Piora da meta fiscal não muda avaliação da Fitch sobre Brasil, diz diretor

14/08/2017 15h05

Por Aluísio Alves

SÃO PAULO, 14 Ago (Reuters) - A piora na meta de déficit fiscal do Brasil para 2017 e 2018 isoladamente não deve ser suficiente para que a Fitch faça mudanças no rating soberano do país, disse à Reuters o diretor da agência de classificação de risco no Brasil, Rafael Guedes, baseado nas informações que têm circulado pela imprensa.

"A mudança em si da meta fiscal não é uma boa notícia, mas mais uma vez demonstra porque o Brasil já está com perspectiva negativa, devido à dificuldade de consolidação fiscal", disse Guedes na noite de sexta-feira.

O governo anunciará nova meta de déficit primário de 159 bilhões de reais para 2017 e 2018 nesta segunda-feira, disse pela manhã à Reuters uma importante fonte do Palácio do Planalto, ressaltando também que não haverá aumento de impostos. As metas de déficit primário de 2017 e 2018 estão atualmente em 139 bilhões e 129 bilhões de reais, respectivamente.

Segundo o executivo da Fitch, a eventual aprovação da reforma da Previdência no Congresso Nacional, por outro lado, pode ter influência numa decisão da Fitch sobre mudar a perspectiva da nota brasileira. Atualmente, a agência confere nota BB à dívida soberana brasileira, com perspectiva negativa.

Segundo Guedes, no entanto, mesmo a aprovação da reforma sozinha não será suficiente para resolver questões estruturais de longo prazo. A agência avalia que a trajetória da dívida do país não indica reversão nos próximos cinco anos.

Para ele, tudo leva a crer que a reforma não será aprovada como previsto inicialmente, mas diluir mais o texto seria ainda mais problemático. No entanto, a não aprovação da matéria neste ano não seria necessariamente um divisor de águas em termos de possível mudança de rating, uma vez que a agência leva em conta um conjunto de fatores.

Neste aspecto, Guedes considerou que a aprovação da reforma trabalhista teve um papel importante para ajudar o Brasil a ganhar maior eficiência econômica, embora a agência ainda não tenha medido os potenciais impactos dessa medida.

"A reforma trabalhista foi uma etapa significativa", disse Guedes.