Moralidade não pode ser imposta atropelando o Direito, diz Cármen Lúcia
SÃO PAULO (Reuters) - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, defendeu nesta terça-feira que é necessário que as instituições deem respostas aos anseios da sociedade por punição a casos de corrupção, mas alertou que, para isso, não se pode atropelar o Direito em troca de impor a moralidade.
Em palestra durante um seminário sobre a Justiça promovido pela rádio Jovem Pan em São Paulo, a ministra também fez uma defesa da atividade política, em meio aos casos de corrupção envolvendo políticos, grande parte deles em análise no STF.
"Parece muitas vezes que há um certo estresse social porque não se vê a resposta --que seria a punição dos culpados, o esclarecimentos dos fatos-- e é exatamente neste ponto em que estamos na sociedade brasileira, em que precisamos dar uma resposta coerente com o que a sociedade espera", disse a presidente do STF.
"A única coisa que eu não vou querer que aconteça no Brasil é que se tenha um paradoxo... de ou se cumpre o Direito e vai haver sempre a possibilidade de alguém que comete crime não ser pego, ou se impõe a moralidade e, para isso, se atravessa ou se atropela o Direito. Isto não é paradoxo aceitável num Estado Democrático", defendeu.
A ministra apontou ainda a política como uma forma de busca de consensos e de evitar que as pessoas se destruam por conta de suas divergências.
"Não demonizo a política, não acho que podemos viver fora da política", disse a presidente do Supremo.
(Reportagem de Eduardo Simões)
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