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Cemig oferece pagar R$11 bi por usinas e busca garantias para evitar leilão

18/08/2017 17h01

(Reuters) - A Cemig ofereceu ao governo federal pagar 11 bilhões de reais por quatro usinas cujas concessões venceram, buscando evitar que a União leiloe as concessões em setembro, disse nesta sexta-feira o diretor-presidente da elétrica mineira, Bernardo Alvarenga.

No entanto, ele admitiu após ato político em Minas Gerais que a companhia precisa urgentemente encontrar garantias no mercado de que conseguirá pagar os 11 bilhões de reais.

Caso contrário, disse o executivo, o governo federal realizará a licitação, uma vez que precisa dos recursos para fechar suas contas.

"Temos que ver como vamos (pagar), precisamos urgentemente que o governo nos ajude com empréstimo bancário para honrar este compromisso, porque a Cemig não tem como fazer um levantamento da noite para o dia. Só agora que o governo aceitou essa questão...", afirmou ele, de acordo com áudio da entrevista repassado pela assessoria de imprensa da companhia.

O governo federal, por sua vez, tem afirmado que sempre esteve aberto a negociar com a Cemig.

Segundo Alvarenga, "o acordo está aceito, desde que (a empresa) consiga pagar os 11 bilhões (de reais)".

O executivo afirmou que a companhia pode recorrer ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou ao Banco do Brasil, na tentativa de obter empréstimos que lhe permitam fazer o pagamento.

"A questão é esta, a coisa (acordo) foi feita em cima da hora, para pagar em 10 novembro, é praticamente impossível, é isso que estamos negociando agora, como fazer para achar uma solução que atenda a Cemig e o governo na questão do pagamento", acrescentou ele.

De acordo com o executivo, ou a Cemig faz o pagamento ou o leilão vai acontecer.

O governo quer leiloar em 27 de setembro as usinas São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande, que somam 2,922 gigawatts em capacidade instalada e representam quase 50 por cento do parque gerador da companhia.

TOM POLÍTICO

Ao final da entrevista, o executivo afirmou que a "Cemig está comprando o que é dela", adotando o mesmo tom político que teve em seu discurso para uma plateia em um ato com participação de movimentos sociais, sindicatos, políticos, na usina de Miranda, em Indianópolis (MG), nesta sexta-feira.

Na manifestação, os movimentos pediram a prorrogação da concessão das usinas da elétrica estatal mineira por mais 20 anos.

O ato aconteceu antes de uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), no próximo dia 22, que ainda vai julgar uma disputa entre a Cemig e o governo federal.

No discurso, Alvarenga disse que "está estampado de forma clara no contrato o direito da Cemig à renovação das concessões".

"Como ter segurança jurídica se a qualquer momento a concessão pode ser cassada, sem qualquer justificativa ao investidor...", disse ele, acrescentando que o governo federal quer leiloar as usinas "para fazer frente ao insaciável déficit público".

No mesmo ato, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), disse havia uma busca por uma "solução negociada" com o governo federal.

"O que não queremos é colocar as usinas em leilão para o estrangeiro comprar e depois vender a energia cara", acrescentou Pimentel.

(Por Marta Nogueira e Roberto Samora)