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Brasil deve ter exportação e processamento recordes de soja em 2018, diz Abiove

06/09/2017 12h22

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil crescerá em 2018 para um recorde de 65 milhões de toneladas, ante 64 milhões previstos para 2017, com o país utilizando seus estoques diante de uma safra que deverá ser menor, estimou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), nesta quarta-feira.

"Com uma safra boa, não tão farta (quanto em 2017), combinando com bons estoques, o Brasil vai ter uma boa oferta, a China tem demandando volumes crescentes, e isso dá oportunidade de o Brasil embarcar volumes maiores", declarou à Reuters o secretário-geral da Abiove, Fábio Trigueirinho.

O Brasil é o maior exportador global de soja, enquanto o produto tem sido o principal da pauta exportadora do país. As exportações do grão foram estimadas em 23,4 bilhões de dólares pela Abiove em 2018, montante que sobe para 29,4 bilhões quando se considera vendas externas de óleo e farelo.

A Abiove estimou ainda que a safra de soja do Brasil em 2018, cujo plantio deve começar nas próximas semanas, deverá atingir 108,5 milhões de toneladas, um recuo de 4,7 por cento na comparação com 2017, quando o país colheu um recorde de 113,8 milhões de toneladas, contando com ótimas produtividades.

Em 2017, a produção saltou 17,6 milhões de toneladas ante 2016, com produtores beneficiados pelo tempo excelente em várias regiões, após uma seca no ano passado que afetou as lavouras.

Isso deve gerar estoques finais históricos em 2017 de quase 10 milhões de toneladas, que compensarão uma redução na produção e ainda serão suficientes para permitir um aumento no processamento doméstico para níveis recordes, segundo dados da Abiove.

A associação, que reúne as mais importantes empresas do setor, como ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus, Amaggi e Cofco, estimou um processamento de soja de 43 milhões de toneladas em 2018, 1,5 milhão acima do projetado para 2017.

O aumento do processamento se fia principalmente em uma expectativa de que haverá a antecipação de uma mistura maior de biodiesel no diesel para março de 2018.

Atualmente, o Brasil mistura 8 por cento do biocombustível --fabricado majoritariamente com óleo de soja-- no combustível fóssil. Pela regra atual, a mistura deveria subir para 9 por cento no ano que vem, mas a Abiove espera uma antecipação dos 10 por cento que só viriam em 2019.

"Estamos aguardando que seja confirmado, em março próximo... estamos conversando com o governo, então já foi bastante discutido, estamos querendo antecipar o B10", disse Trigueirinho, que tem expectativa de que isso seja anunciado nos próximos dias.

Com uma boa oferta de matéria-prima, ele disse não ver problema para esta antecipação ocorrer. Com uma maior produção óleo para biodiesel, por consequência haverá maior fabricação de farelo de soja, matéria-prima da indústria de ração animal.

"Com certeza, está bom para a indústria de carnes, o milho voltou a patamar de preços mais baixos", disse ele, em referência ao cereal, utilizado na mistura com o farelo para produção da ração.

PLANTIO MAIOR

Os preços mais baixos do milho, aliás, explicam o aumento da área em 2 por cento esperado para a próxima safra de soja do Brasil, cujo plantio crescerá principalmente em regiões dedicadas ao cereal na última safra.

"Não obstante os preços da soja não estarem ótimos, mas a soja está melhor do que os outros, com exceção do algodão. Então isso está levando o pessoal a plantar um pouco mais de soja", disse Trigueirinho, da Abiove.

A safra cairá apesar do aumento de área porque o setor espera um "clima mais normal" na colheita que se inicia a partir o início de 2018, o que deve se reverter em produtividades médias menores ante os elevados patamares de 2017.

"A produtividade foi baseada em clima normal, nem muito bom nem muito ruim", disse Trigueirinho, que revelou que a Abiove estima uma redução na colheita por hectare para 3.180 quilos, ante recordes de 3.401 quilos na temporada passada.

(Por Roberto Samora)