Planalto tem romaria de deputados e governo segura agenda para se concentrar em segunda denúncia
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto irá concentrar todos os seus esforços nas próximas semanas na derrubada da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer pela Câmara dos Deputados e, fora disso, irá apenas negociar questões que já estão em pauta, como o Refis e o Funrural, disseram à Reuters fontes palacianas.
O presidente foi notificado oficialmente nesta quarta-feira, mas desde a terça-feira --primeiro dia de sessão no Congresso desde o seu retorno da viagem à Nova York-- reserva a agenda para conversar com parlamentares sobre os mais diversos assuntos, como fez nos dias que antecederam à votação da primeira denúncia.
Entre terça e quarta, Temer recebeu quase 40 deputados e mais uma dezena de senadores. Na terça, a última audiência aconteceu às 22h20.
"Ninguém aqui vai brincar com denúncia. Dessa vez pelo menos já tem um roteiro, uma trilha, se sabe os procedimentos, mas é preciso esperar a definição do relator e ver qual é seu perfil", disse uma fonte. "Mas até lá o presidente vai conversando, sentindo a temperatura, ver como cada um está se comportando."
As trocas na Comissão de Constituição e Justiça já começaram, com o aval do Planalto. O PTB, partido da base de Temer, colocou o deputado Nelson Marquezelli (RS) como titular da comissão. "Outras trocas devem acontecer. Vamos analisando", disse a fonte.
Temer está focado em derrotar a nova denúncia, de preferência por um placar mais largo que o anterior. A romaria de parlamentares deve continuar até a apreciação da acusação em plenário para conquistar novos votos.
Na CCJ, primeira etapa da denúncia, o Planalto quer chegar a 43 votos a favor do governo. A intenção é mostrar que a segunda denúncia, por obstrução da Justiça e organização criminosa, é mais fraca que a anterior.
Na última vez, foram 40 pela rejeição do relatório de Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que autorizava o processo. Um relatório alternativo, apresentado pelo deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), contra a denúncia, foi aprovado com 41 votos.
O Planalto acompanha de perto as negociações para indicação do novo relator, mas já avisa que se for necessário usará de novo a tática de um relatório alternativo.
A expectativa no Planalto é votar a denúncia na CCJ até o dia 11 de outubro. Uma segunda fonte admitiu à Reuters que outros temas, como a eterna reforma da Previdência, só voltarão à pauta depois de resolvida essa questão.
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