Lava Jato em Curitiba está perto do fim, diz Moro
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O juiz federal Sérgio Moro disse nesta segunda-feira que os trabalhos da operação Lava Jato em Curitiba estão perto do fim e, ao mesmo tempo, considerou difícil prever qual será seu futuro após sua atuação na operação e voltou a afastar a possibilidade de ser candidato à Presidência da República.
“A operação Lava Jato em Curitiba está, possivelmente, chegando ao fim”, disse Moro em São Paulo após receber um prêmio da Universidade Notre Dame, dos Estados Unidos, por sua atuação como juiz responsável pelos casos da Lava Jato em primeira instância na capital paranaense.
“Ainda existem investigações relevantes em andamento, mas uma grande parte do trabalho já foi feito”, acrescentou.
Moro reconheceu que está “um pouco cansado” por conta do grande volume de trabalho com a Lava Jato, mas afirmou ao mesmo tempo que não prevê, neste momento, a possibilidade de deixar o comando da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato. Ele também se declarou um juiz profissional e afastou a possibilidade de migrar da magistratura para a política.
“Não existe nenhuma expectativa”, disse Moro sobre a possibilidade de buscar um cargo eletivo no ano que vem.
“Pesquisas que incluem o meu nome estão perdendo tempo, porque não vai acontecer. Isso é simples assim”, garantiu.
Moro aparece em pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial do ano que vem, como no levantamento do Datafolha divulgado no fim de semana.
O magistrado lembrou que existem casos ligados à Lava Jato tramitando nas varas federais de outras cidades, assim como no Supremo Tribunal Federal.
Para Moro, os brasileiros têm a expectativa de que o STF julgue os políticos com prerrogativa de foro citados na Lava Jato da mesma forma e com a mesma correção que julgou em 2012 o mensalão do PT. Naquela ocasião, a maioria dos políticos foram condenados pelos ministros da corte.
Moro também elogiou as decisões do Supremo que acabaram com a doação empresarial para campanhas eleitorais e que permitiu a prisão ap[os condenação em segunda instância, que ele apontou como especialmente importante para o combate à corrupção.
“O Supremo deve ter a percepção da relevância da manutenção desse precedente para o enfrentamento dessa corrupção sistêmica”, disse Moro.
"DITADURA FOI UM GRANDE ERRO"
Em um momento em que parcela da população defende uma intervenção militar no país em meio a onda de escândalos de corrupção, Moro usou seu discurso de aceitação do prêmio para afirmar que o período de regime militar no Brasil, de 1964 a 1985, foi "um grande erro".
"O período de ditadura militar foi --e não há nenhuma dúvida disso-- um grande erro", afirmou o juiz, que depois, em entrevista a jornalistas, acrescentou que o único remédio para problemas na democracia é o aprofundamento da democracia.
Moro reconheceu a existência de reações ao que chamou de "movimento brasileiro anti-corrupção", do que ele disse ser um dos agentes, mas afirmou que não se pode ceder a essas reações.
"A vergonha está com eles", disse Moro se referindo aos autores dessa reação. "Nós nunca nos renderemos à corrupção... A era dos barões da corrupção está chegando ao fim", sentenciou.
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