Produção de etanol do centro-sul dispara na quinzena; açúcar cai mais de 10%
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de etanol pelas usinas e destilarias do centro-sul do Brasil cresceu mais de 10 por cento na primeira quinzena de outubro, levando a fabricação do biocombustível no acumulado da safra 2017/18 a praticamente se igualar àquela observada em igual período do ciclo 2016/17.
De acordo com dados divulgados nesta terça-feira pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o setor produziu 1,57 bilhão de litros de álcool nos primeiros quinze dias do mês, alta de 11,6 por cento no ano, sendo 895 milhões de litros de hidratado e 681 milhões de litros de anidro.
No acumulado da temporada, iniciada em abril, a fabricação de etanol alcança 21 bilhões de litros, queda de 1,66 por cento ante o mesmo período do ano anterior.
A produção do biocombustível, que vinha aquém da observada na temporada passada nos últimos meses, passou a se fortalecer em agosto, na esteira dos baixos preços do açúcar no mercado internacional e da aplicação de alíquotas maiores de PIS/Cofins sobre a gasolina, concorrente direto do hidratado.
Tanto que as vendas de hidratado pelas usinas e destilarias somaram 655,39 milhões de litros na quinzena, alta de quase 10 por cento sobre os 596,79 milhões de litros comercializados em igual período de 2016.
"Essa é a primeira quinzena na safra 2017/18 com vendas de hidratado significativamente maiores àquelas registradas no ciclo 2016/2017", destacou a Unica.
Na primeira quinzena de outubro, 56,24 por cento da oferta de cana foi destinada à fabricação de álcool, contra 53,46 por cento na segunda metade de setembro e 50,38 por cento em igual período de 2016.
Com isso, a produção de açúcar na quinzena caiu 12,3 por cento, para 1,98 milhão de toneladas. No acumulado da safra, totaliza 31,2 milhões de toneladas, alta de 3,6 por cento.
MOAGEM
A moagem de cana nos primeiros quinze dias de outubro foi de 32,4 milhões de toneladas, ligeiramente acima das 32,2 milhões de toneladas de igual período do ano passado.
Desde abril, o processamento totaliza 499,6 milhões de toneladas (queda de 1,7 por cento).
Pelas estimativas do mercado, faltam ainda pelo menos 80 milhões de toneladas de cana a serem processadas nas próximas quinzenas referentes à atual safra.
Há, inclusive, o sentimento de que a colheita deste ano termine mais cedo, após o tempo seco em setembro e início de outubro ter favorecido os trabalhos de campo. A falta de chuvas em alguns momentos da safra também reduziu o volume.
Grandes grupos sucroenergéticos vão terminar o ciclo mais cedo neste ano ou mesmo já deram início ao encerramento das atividades, em algumas unidades.
A Tereos Açúcar & Energia Brasil informou que deve encerrar a safra em novembro, enquanto no ano passado terminou em dezembro. A unidade Santa Helena, da Raízen Energia, encerrou o processamento no início da segunda quinzena de outubro, quase três semanas antes do previsto.
A Unica destacou que até 15 de outubro 18 unidades tinham encerrado a safra 2017/18, frente a 32 usinas até igual data em 2016.
"Essas unidades produtoras que já concluíram moagem apresentaram queda de aproximadamente 20 por cento na quantidade de cana processada neste ano quando comparada ao resultado final da safra 2016/17", acrescentou a Unica.
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